Dia "feliz" em família. Parte I

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Havia se passado uma semana desde a minha ida a casa do Lobão.

Por mais que eu tentasse vasculhar os motivos do namoro da Nat, nada havia conseguido apurar.

Eles estavam me escondendo algo e eu não iria descansar até descobrir o que era mas estava ficando sem tempo. Minha filha partiria em breve e nem ao menos a tinha conquistado a sua confiança.

— Reuni todos vocês aqui para uma missão especial.

— Aí pai fala logo, vai? Estou morta de sono.

Todos estavam com uma cara péssima. Eu havia feito todo mundo levantar com as galinhas.

— A Nat vai embora em uma semana e eu não sei o que fazer.

— Já pensou em encher o tanque da moto dela de gasolina? Assim ela vai pra bem longe.

— Bianca por favor, não é? — Dandara a reprimiu. — A Nat é irmã de vocês e isso não vai mudar nunca.

— Mas não significa que a gente queira ela aqui, Dandara!

— Karina!? O que a gente já conversou?

Cobra lançou um olhar terrível pra Karina.

— Duca? Alguma sugestão?

— Mestre, a Nat é marrenta mas ela não teve família, certo? Então porque o senhor não faz um programa de família?

Boa ideia! Um programa de família pra Nat se sentir em casa.

— Mas tem um porém.— João andava de um lado para o outro. — E se ela não topar?

Era verdade. Ela poderia rejeitar o programa, até mesmo inventar uma desculpa qualquer.

— Não se o Duca ajudar no plano.— Cobra sorriu maliciosamente.

— Meu namorado já fez até demais por hoje não é, Duca?

Bianca beliscou furiosamente Duca por ter dado a idéia.

— E como eu ajudaria? — Duca perguntou ignorando o ciúme da namorada.

— Usa seu charme de quem só quer o bem da ex-namorada.

João e Cobra sorriram cúmplices. Os dois adorava provocar.

— Tudo bem, eu posso falar com a Nat, se é que ela quer falar comigo.

Percebi uma leve tristeza em Duca.

— Do jeito que ela é assanhada vai querer sim.

— Então está resolvido! — disse ignorando Bianca para não perder a paciência. — Duca diz a Nat que nós vamos... espera aonde vamos?

— Vocês eu não sei mas tenho treino hoje, está bem? — Karina disse se levantando.

— E eu tenho ensaio, então...

— Pode parando aí as duas! - disse fazendo elas voltarem. — Esse programa é de  f a m í l i a  — soletrei. — E as duas vão participar, ok? Se não pode dizer adeus a mesada.

— Oh pai, isso não é justo! A liga de ouro está aí e eu não estou boa o suficiente.

— E a peça é daqui a duas semanas. Você já viu a atriz principal sem saber as falas?

— O seu par romântico sou eu Bianca e estou aqui, não estou? — João disse anulando qualquer desculpa de Bianca.

—E não têm academia hoje, Karina. Até porque não existe academia sem o Mestre, então senta aí.

Bianca e Karina se sentaram emburradas. Iriam participar por bem ou por mal.

— A gente devia ir, a um lugar que a Nat goste.

— Tem razão, Dandara. A Nat me disse que adora praia.

— Hoje é seu dia de sorte, Mestre. O sol está lindo.

E estava mesmo. Até o dia estava a nosso favor.

— Bom, já passa das sete da manhã. Eu acho que a Nat já acordou. Eu vou falar com jeito com ela e vamos torcer que ela aceite.

— Vamos torcer pra você está vivo até o fim desse passeio.

Cobra não perdia a oportunidade.

— Mal posso esperar pra ver.

— Pra ver o quê, João? - Karina disse sorrindo.

— A Nat molhada dentro daquele biquíni.

— COMO É QUE É? — disse o agarrando pela gola do pijama.

— Gael solta o João! Se você machucar o meu filho...

— Ele que começou desrespeitando a Nat! Ela não é para o seu bico.

— Melhor eu do que o Lobão, não é? — João ainda sorria.

— Por falar em Lobão, ele vem? Porque eu vou chamar o Pedro e o Duca vai.

— É claro que não. Quer dizer, acho que a Nat não chamaria ele, não é?

E se a Nat chamasse o bandido para o dia da família? Não! ela não faria isso.

— Eu não vou curtir o dia com ele, Gael. — Dandara me abraçou com receio.

— Relaxa! Ele não seria tão cara de pau assim. — Cobra sorria mas não muito confiante.

— Tomara que não venha. Quero olhar a Nat enquanto o Gael está distraído.

Tentei agarra-lo pela camisa novamente mas Dandara me impediu.

— Bom, eu vou sem ninguém mesmo. Só pra comer e pra me acabar de nadar.

— Duvido! Ricardo Cobreloa ir na praia e pelo menos uma dúzia de garotas não se arrastar na areia por você? Até parece.

Todos nós rimos. A fama de mulherengo de Cobra era algo que ninguém ousava desmentir.

— Acho melhor você ir, Duca. Assim que a Nat responder, você nos avisa.

Quando Duca saiu, senti que aquela ideia de convencer Nat era um grande erro. Eles ficariam a sós e em nenhum momento eu pensei na Bianca.

Eu havia me esquecido do que eu dissera a mim mesmo a meses atrás: Que eu iria fazer de tudo para afasta-los.

Mas agora a Nat sendo a minha filha era quase impossível! Teria que escolher entre as minhas duas filhas e eu definitivamente não sabia o que fazer.

The True Story Of Nat [ Rewrite ]Onde histórias criam vida. Descubra agora