Coração traidor.

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Cheguei em casa indo direto pra ducha fria. A notícia da chegada daquela marrenta me pegara de surpresa me deixando completamente desnorteado e sem entender o porque da minha inquietação, já que eu e ela não estávamos mais juntos por opção minha.

Sempre me arrependi por não tê-la procurado após o sequestro que Lobão planejara logo após o casamento de Jade e Cobra.

Eu e Bianca voltamos a todo vapor e acabei por deixar Nat pra lá, já que ela escolhera a ele e não a mim.

Quando eu e o Mestre fomos a clínica atrás dela e Dr. Germano me disse que Nat só se lembrava de Lobão, não pude deixar de sentir ciúmes. Era egoísmo da minha parte sentir ciúmes dela já que eu não a amava. Porém, o meu extinto de macho alfa falou mais alto, como um animal que não quer perder a sua presa.

Eu sempre fui um cara certinho, que nunca avançava o sinal de trânsito e  não chegava em casa bêbado. Muito diferente do meu irmão Alan.

Ele era descolado, adorava se meter em confusões, principalmente quando o assunto era mulher. Aposto que foi assim: Bateu o olho na Nat e se apaixonou.

Mas também aquela marrenta não era fácil! Linda, cheia de estilo, forte e determinada, Nat era capaz de levar qualquer homem a loucura e eu apesar de tentar resistir, não consegui.

Sempre me perguntei os motivos de Nat ter namorado com Lobão. Um cara grosso, mal caráter que não sabe o que é tratar uma mulher com respeito. Amor eu sei que não era. Interesse financeiro foi o que a marrenta me dissera mas sinceramente, não me convenceu.

—Duca!? — era a minha vó. —Planeta Terra pede socorro, hein? Sai logo desse banho e vem almoçar.

—Já vou, vó! Só vou me vestir.

Quando cheguei ao segundo andar a mesa já estava posta e o almoço de Dona Dalva cheirando nas panelas.

Como eu a amava! Ela me criara desde moleque e mesmo com sua deficiência jamais me dera trabalho.

As vezes eu tinha a sensação de que ela era mais forte do que eu, lutando como uma leoa pra viver bem e com saúde. Tinha uma língua afiada mas um coração de ouro, onde todos que ela amava tinha um cantinho todo especial.

— O que te deu, hein? Ficar no banheiro durante quase uma hora? Já acha pouco a água doce está acabando do planeta?

— Desculpa! Estava com a cabeça quente. — disse servindo o almoço.

— Algum problema na academia? No trabalho? — ela me perguntara de forma receosa.

Achei melhor contar, já que ela saberia de qualquer maneira.

— A Nat! — ela revirou olhos. —  Ela vai treinar na academia do Mestre.

— O quê? Como é isso Duca?

Expliquei tudo pra da maneira mais resumida possível. Ela me encarava com uma cara de surpresa e desconfiança.

—Duca, eu vou te dar um conselho! Fique longe dessa lutadora, se não vai acabar perdendo a Bianca. Você sabe o quanto ela é ciumenta.

— Nem me fala, vó! Mas fica tranquila. A marrenta já deve está  com outro cara.

Ao falar aquilo, o meu coração se apertou. E se ela estivesse com outro?

Só de pensar a marrenta nos braços de outro, o meu sangue fervia. Mas eu não podia sentir ciúmes dela, não tinha mais esse direito, além do mais eu tinha namorada e eu a amava.

— Tudo bem. Você está certo. Ela é bem bonita, já deve tá com outro gatão, músculoso, moreno, alto...

— Tá legal, vó. Eu já entendi, ok? Sem detalhes. Eu vou ver a Bianca.

Saí pela praça, sentindo o sol quente da tarde, quando avistei a castanha.
Fui correndo em sua direção e já ia beija-la, quando ela me empurrou batendo o pé.

— A vinda daquela lutadora assanhada te abalou, não foi? — o tom dela era de ameaça.

Que droga! A Nat nem havia chegado e Bianca já estava me infernizando.
Eu a amava muito mas o seu ciúmes sem medidas, me irritava demais.

— Ah não Bi, é sério? A Nat e eu foi uma coisa do passado e eu estou com você não é? — tentei beija-la novamente.

— Não foi isso que eu perguntei. — ela disse desviando a boca rosa de batom. — Quero saber se você está mexido.

— Eu fiquei surpreso! Toda aquela gente da Khan aqui eu não esperava, nem eles e nem ela. Porém, não há motivos pra isso. Eu estou feliz com você e ela está bem também.

— Como você sabe!? Você mantém contato com ela, Duca? — ela gritava a pleno pulmões chamando a atenção das pessoas que passavam.

— Bi, para de gritar! Eu não disse isso. Analisa comigo: Já se passaram dois anos, quase três. Você acha que a Nat ainda está na minha? Ainda é a mesma? Olha o que ela passou. Ela não é mais aquela lutadora que saiu daqui.

Eu estava sendo sincero. Nat era mesmo muito forte mas eu a humilhei muito naquela conversa no QG, provavelmente ela até me odiasse.

— Vou fingir que acredito. Mas não vou te dar moleza. Nem pra você e nem pra ela. — disse me abraçando já mais calma.

Com a chegada da Nat, a minha paz escorria pelos meus dedos. A pressão de Gael, a desconfianças da minha avó, o ciúme de Bianca e provavelmente as piadinhas de Cobra já assolavam minha mente.

Mas o meu coração traidor já ansiava a vinda da marrenta para mais perto de mim. Queria saber como ela estava e como ela reagiria ao me ver. O que eu faria ao reencontra-la? Meu Deus, já estava surtando de expectativa!

Nat ainda tinha o poder de mexer comigo mas o meu maior medo era que a ela tivesse também o poder de abalar a minha vida.

The True Story Of Nat [ Rewrite ]Onde histórias criam vida. Descubra agora