Acerto de contas.

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Os olhos de Gael estavam pulando das órbitas e suas têmporas tremiam. O seu ódio era palpável e confesso que aquilo me divertia.

-— Precisamos conversar, Gael. — disse lhe dando o meu melhor sorriso pra deixá-lo ainda mais irritado.

—Eu não tenho nada pra falar com você, maldito! — Gael se aproximou pondo as mãos em mim já me empurrando.

Nem sequer me  movi. Iria falar com ele querendo ou não.

—Então eu falo aqui mesmo. — disse tirando as mãos dele de cima de mim. — Você se lembra quando eu era o seu segundo nas competições de Muay Thai? eu era bem dedicado, não é?

— Pra que falar disso? Aquele Lobão que era meu amigo, o meu segundo, já morreu.

— Morreu mesmo.Você o matou! Por que não conta ao seus alunos omosotivos que me levaram a ser assim?

—Psicopata? Por que é isso que você é! — esbravejou Nat.

Escutar a voz dela a essa altura do campeonato me deixou desestabilizado. Eu ainda a amava muito.

—Exatamente, Meu Anjo. Um verdadeiro psicopata!

—Não me chama desse jeito! Eu não sou seu anjo e nunca vou ser.

—Fora daqui, Lobão! Ninguém te quer aqui! — Cobra disse já tentando me por pra fora.

— Já disse que não saio daqui enquanto não me acertar com o Gael.

—Então fala o que você quer! — Gael já estava no limite e era assim que eu o queria : Completamente insano!

—Meados de Goiânia. Foi aonde nós dois nascemos. Gael era filho da empregada da minha casa. Eles eram muito pobres e a minha família muito rica. Apesar da diferença social, fomos criados como irmãos.

— A gente não quer saber da história de vocês Lobão! Vai embora! — reparei os olhos de Karina enquanto ela gritava. Era os mesmos que o do pai.

—Crescemos feito dois trouxas achando que o mundo era cor de rosa. — disse a ignorando. — Até que eu vi um cartaz falando de uma arte marcial: o Muay Thai. Na época as lutas eram diferentes, não tinha muitas regras, aliás a única regra era derrubar o adversário.

Gael zanzava pela academia bufando de ódio, se controlando muito pra não me quebrar ao meio.

—Então eu mostrei pra o Gael e a gente decidiu se mandar pra cá e viver disso, um ajudando o outro, e isso funcionou bem durante três anos.

—Até eu decidir ter a minha própria vida e você surtou!

—Não, Gael! Você sabe por que eu surtei! Eu só tinha você! Meu pai falou que se eu saísse por aquela porta que eu não voltasse nunca mais e mesmo assim eu saí! Fui porque você precisava de dinheiro pra tirar a sua mãe daquela vida desgraçada.

—Não ponhe minha mãe no meio! —ele esbravejava. — deixe ela descansar em paz!

— A minha mãe também descansou em paz mas sem me ver uma última vez, ao contrário de você que pode chorar a morte da sua!

Respirei fundo.Aquele não era o foco. A minha mãe foi só um dos meus sofrimentos. A idéia ali era magoar o Gael e não eu sair magoado.

—Então, nós fomos a uma festa e lá ele conheceu a Ana, até aí beleza. Ela era bonita e parecia ser legal, só parecia.

—Não fala mal da minha mãe, seu bandido! — Bianca gritou. — Você não tem direito.

—Haha! — ri irônico. — Olhando pra você me lembrei da sua mãe. Bonita, manipuladora e sem escrúpulos. Não foi você que pagou um namorado de aluguel pra sua própria irmã?

The True Story Of Nat [ Rewrite ]Onde histórias criam vida. Descubra agora