— Luís, você já foi atrás do que eu te mandei?
Já fazia semanas que eu havia dado um trabalho pra ele e a anta não conseguia executar.
— Relaxa,Mestre. Está tudo no esquema. Daqui a pouco a gente descobre a parada.
— Daqui a pouco, quando? Quando eu... Deixa pra lá. Eu tenho que cumprir minha promessa com a cachorra da Nat pra eu ter paz. Se não quem não vai ter paz é você! Eu te dou uma semana.
Desliguei o telefone espumando de ódio. Não era pra eu ter xingado a Nat mas jamais deixaria Luís saber que eu era fraco e ainda louco por ela.
Tomei um banho gelado tentando me acalmar. A última coisa que eu precisava era ter um infarto. Eu não tinha tempo, precisava cumprir minha promessa e me acertar com o filho de uma mãe do Gael.
Alguém bateu na porta. Ainda estava de toalha. Que inferno, pensei. Nem me trocar eu posso mais.
Quando abri a porta não pude conter o sorriso.
— Oi Mestre, trouxe comida.Comida alegra todo mundo e o senhor anda tristinho ultimamente.
Cléo falava muito rápido enquanto adentrava meu apartamento sem pedir licença. Ela sabia que tínhamos intimidade o suficiente para se sentir à vontade.
— Estou sem fome, Cléo.
— Ah não, senhor! Vai botar uma roupa antes que a sua toalha caia como aconteceu com o Cobra, que eu vou pôr a mesa.
— Como é!? Que historia é essa de toalha? — dei risada imaginando a cena.
— Coloca a roupa que eu te conto.
Quando sentamos na mesa, Cléo colocou o meu prato com tanta determinação que não pude deixar de comer. Ela sempre cuidava de mim e eu nunca entendi o motivo.
— Então, como a toalha caiu? Foi na frente de todo mundo? — perguntei.
— Não. A Karina que arrancou.
Quase morri engasgado. Tossi tanto que me doeu até as costas.
— O quê!? Eles não eram irmãos?
— São sim. É que parece que eles foram lutar enquanto o Cobra estava de toalha e aí caiu. A ex esposa dele viu e o namorado bonitinho da Karina também.
— Ex mulher!? Não sabia que ele tinha se separado. — perguntei surpreso.
— Separou e as meninas já estão em cima, rezando pra eles não voltarem.
— E você? Também está torcendo? — sorri para Cléo.
— Não. Eu não gosto de homem.
— Lá vem você de novo. Então você gosta de mulher?
— Também não. Gosto de ficar sozinha e no momento o foco é o senhor.
— Eu? Não nasci para essa besteira de relacionamento.
— Talvez seja isso que o senhor precisa. De cabresto.
— Eu sou um cavalo por um acaso? — disse irritado.
Cléo se levantou e sentou no meu colo passando as mãos nos meus cabelos.
— O senhor não é um cavalo mas é muito danado. Precisa de uma mulher que goste do senhor, ter filhos, com essa casa cheia de gente e ser feliz.
— Como pode você ser tão ingênua, Cléo? Eu sou mal e ninguém em sã consciência vai ficar com um louco feito eu.
— O senhor só não achou a doida certa.
Nós dois começamos a rir. Ela era a única pessoa que eu conseguia me abrir depois do Gael é claro mas eu não contava com ele há muito tempo.
—Como está a Nat? — não resisti em perguntar.
— Ela está bem. Mas está rolando um boato na acadêmia e eu sei que é mentira mas mesmo assim o pessoal está falando.
— Que boato? - já fiquei alterado. Qualquer coisa sobre ela mexia comigo.
— Que ela e o Gael tem um caso.
Quase arremessei Cléo pra fora do meu colo. Se ela não se segurasse firme ao redor do meu pescoço com certeza caíria.
— Quando isso começou!? Eles estão se pegando mesmo? Filho de uma...
— Calma! Cléo me abraçou apertado.
Ela não me soltou até perceber que eu estava respirando controladamente.
— Está melhor? — assenti com a cabeça.
— Ele está treinando ela e a Karina em particular, aí estão falando coisas. Mas não é por ele não. É pra deixar a Nat longe do Duca.
Não sei se eu ficava aliviado ou com mais raiva. Duca! Sempre esse moleque de uma figa.
—Mas estão maltratando ela? Tratando ela diferente?
— Só a chata da Bianca mesmo. Ela é tão ciumenta que fico com peninha do Duca.
— Se não fosse pra Nat ficar comigo, era melhor ela ter ficado com o Alan.
— É mais você fez maldade e veja no que deu. Não pode mais fazer maldade pra ninguém Mestre, está bem?
Cléo deitou no meu ombro e ficou por um tempo, mexendo nos botões da minha camisa.
— Não existe no mundo pessoa que eu quero mais bem que o senhor, Mestre. Quando papai morreu e eu fui fazer Muay Thai, fiquei com medo de que não amaria mais ninguém como eu o amava. Então eu te vi, te amei desde o primeiro dia. Não posso te perder!
Senti as lágrimas quentes dela na minha camisa. Apertei-a com bastante força e segurei a emoção. Se tinha alguém nessa vida maldita que me amava esse alguém era ela.
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The True Story Of Nat [ Rewrite ]
Novela Juvenil[ Eu perdi a minha outra conta. Por isso, resolvi repostar a história aqui. Capa ilustrativa.] Essa história que vou lhes contar meus caros amigos, não é sobre o amor mas sim sobre o ódio. Dois anos se passaram desde que Nat decidira abandonar seu p...