capítulo 06 - Novas pessoas

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Hoje seria meu primeiro dia na faculdade aqui, eu já havia começado as aulas em NJ e espero que eu não tenha dificuldade em acompanhar a daqui.

Por isso acordo cedo para não chegar atrasada, coloco meu body e uma calça de moletom para mais flexibilidade com tênis. Pego meus documentos já que pretendo arrumar um emprego para sobreviver sem depender de minha mãe.

Vou até a cozinha e me deparo com tudo vazio, o que faz colocar mais uma tarefa na minha lista de afazeres: ir no supermercado.

Saio de casa a pé, a faculdade não era tão longe então não precisaria gastar com táxi ou algo do tipo.

O dia estava ensolarado como de costume, as ruas começam a ganhar movimento de turistas e de pessoas que aqui moravam.

Ao chegar na faculdade vejo Melary sentada em um banquinho com um saquinho em sua mão. Me aproximo dela e a mesma abre um sorriso de levantando.

– Preparada? – pergunta animada.

– Acho que estou meio enferrujada, sabe? Por mais que fizesse as aulas de dança lá, não acho que eu esteja no mesmo ritmo daqui– falo insegura.

– Relaxa, você é ótima no que faz – diz – Me lembro quando você se apresentava aqui, você nasceu pra isso.

– Obrigada – a abraço

– Agora vamos.

Entramos na faculdade onde pessoas se abraçavam, corriam segurando pastas apressadas.

O prédio era de dois andares, eu e Melary subimos as escadas que quando chegavam a um certo ponto se dividiam em duas e segundo o cartaz que havia ali a minha sala era para a direita e a dela para a esquerda.

– Boa sorte – ela grita e sai correndo.

Eram tantas salas que por pouco não consegui achar a minha, mas com alguns mapas e instruções de pessoas eu cheguei a sala certa.

Havia algumas pessoas se aquecendo enquanto algumas apenas  conversavam. Hoje eu teria aula de dança contemporânea e ballet.

Amarro meu cabelo e pego minha garrafinha de água para começar a me alongar.

– Isabelle? – ouço uma voz grave me chamar e olha para o lado.

Seu rosto era familiar, seu porte grande e cabelos longos amarrados com um sorriso estampado em seu rosto não me eram estranhos.

Dou um sorriso sem graça tentando me lembrar quem ele era.

– Paul, lembra de mim? Primo do Oliver – pergunta estendendo a mão.

Ah, claro.

– Me lembro, sim – sorrio e aperto sua mão.

Paul, ele era meu colega de aulas de danças e as vezes quando ele ia para casa de Oliver nós brincávamos juntos.

– Voltou pra ficar? – pergunta se sentando ao meu lado no chão me olhando enquanto me alongava.

– Sim – respondo – Você também tinha se mudado né?

– Sim, fui para o Canadá mas não fiquei seis anos como você – fala e a professora entra.

Me levanto colocando as mãos no bolso, Paul faz o mesmo se colocando ao meu lado.

– Bom dia, Alunos. Hoje como eu havia dito na última aula, vamos começar uma nova coreografia – Assim que ela diz, os alunos se espalham pela sala e eu faço o mesmo indo para o fundo.

A música "God is a woman" começou a tocar e uma série de passos foram feitas pela professora e logo em seguida passadas a nós.

A coreografia era simplismente perfeita e a professora ainda melhor que soube nos passar os passos perfeitamente.

Ficamos cerca de duas horas ensaiando a coreografia quando ele anunciou o término da aula.

Já estava saindo da sala quando ela me chamou.

– Isabelle, certo? – a mulher de cabelos azuis em um coque se aproxima de mim.

– Sim?

– Eu fiquei encantada com sua dança, você transmite leveza... Me lembro de você nas aulas de ballet que fazia no teatro e fico muito feliz que não tenha desistido – diz fazendo um sorriso surgir em meu rosto.

– Obrigada.

– Já ouviu falar sobre " dance in the sand"? – pergunta.

– É claro, desde de pequena vou nas apresentações – digo.

– Daqui algumas semanas irá ter a seleção para os participantes e gostaria que participasse – arregalo os olhos – Não precisa me responder agora, eu só acredito que você vai longe

E sem deixar que eu respondesse ela sai da sala me deixando de boca aberta.

A dance in the sand, é um dos maiores festivais de dança do Coronado e sempre foi meu sonho participar. Talvez, seja minha chance.

Ao sair da sala vejo Paul encostado na parede com alguns meninos e me aproximo.

– Aqui perto tem alguma lanchonete? – pergunto pois estava morrendo de fome e tinha quase uma hora de intervalo.

Ele parece pensar um pouco mas logo responde.

– Tem sim, se quiser posso te levar até lá – diz com um sorriso de canto.

– Pode ser, obrigada.

Ele se despede dos garotos e estende a mão para a saída da sala. Lado a lado caminhamos pelo corredor que estava um pouco mais vazio por não ser o intervalo de todas as salas.

– Então, Isa... Posso te chamar assim né? – afirmo – Ainda conversa com meu primo?

– Não sei se posso chamar nossos diálogos de conversa – ele ri.

– Te entendo, eu e ele também não nos damos muito bem – fala

– É, eu me lembro das brigas de vocês. Mas confesso que nunca entendi o motivo das brigas  – ele suspira.

– É complicado.

Resolvo não falar mais, a brigas é deles e não tenho nada haver com isso. Não vou me preocupar com a guerra deles enquanto eu tenho a minha.

Saímos da faculdade e ele me levou até uma lanchonete que ficava quase em frente. Ela era simples mas pela quantidade de pessoas a comida parecia muito boa.

Antes de entrarmos uma placa me chamou atenção "precisamos de funcionária para meio período"

Hoje com certeza é meu dia.

Fizemos o pedido e nos sentamos no canto do local que era decorado com alguns quadros com fotos de grandes surfistas que vieram na cidade para campeonatos.

– Sabe quem é o dono daqui? – pergunto para Paul assim que nossas comidas chegaram.

– Sei sim, trabalho aqui. Por que?

– Eu vi a placa que está precisando de uma funcionária – falo dando uma mordida no meu salgado.

– Ah! Se quiser eu converso com Charles – diz e eu sorrio.

– Sério? – ele concorda – Aí, obrigada mesmo ia me ajudar demais.

– Hoje mesmo ligo para ele, tenho certeza que ele te vai te contratar – ele coloca sua mão em cima da minha por cima da mesa.

Sorrio.

Terminamos de comer e voltamos para a faculdade para não chegarmos atrasado para a próxima aula.

Estavamos subindo as escadas conversando distraídos sobre alguns passos de danças quando senti meu corpo se chocar com outro e logo depois um liquido gelado na minha barriga me fazendo estremecer.

Levanto meu olhar vendo ninguém mais, ninguém menos que Oliver segurando um copo com suco de uva e com um sorriso nervoso no rosto.

Meu dia estava bom demais pra ser verdade.

°°°
Continua...


Você De Novo? (Concluída).Onde histórias criam vida. Descubra agora