Hoje seria meu primeiro dia na faculdade aqui, eu já havia começado as aulas em NJ e espero que eu não tenha dificuldade em acompanhar a daqui.
Por isso acordo cedo para não chegar atrasada, coloco meu body e uma calça de moletom para mais flexibilidade com tênis. Pego meus documentos já que pretendo arrumar um emprego para sobreviver sem depender de minha mãe.
Vou até a cozinha e me deparo com tudo vazio, o que faz colocar mais uma tarefa na minha lista de afazeres: ir no supermercado.
Saio de casa a pé, a faculdade não era tão longe então não precisaria gastar com táxi ou algo do tipo.
O dia estava ensolarado como de costume, as ruas começam a ganhar movimento de turistas e de pessoas que aqui moravam.
Ao chegar na faculdade vejo Melary sentada em um banquinho com um saquinho em sua mão. Me aproximo dela e a mesma abre um sorriso de levantando.
– Preparada? – pergunta animada.
– Acho que estou meio enferrujada, sabe? Por mais que fizesse as aulas de dança lá, não acho que eu esteja no mesmo ritmo daqui– falo insegura.
– Relaxa, você é ótima no que faz – diz – Me lembro quando você se apresentava aqui, você nasceu pra isso.
– Obrigada – a abraço
– Agora vamos.
Entramos na faculdade onde pessoas se abraçavam, corriam segurando pastas apressadas.
O prédio era de dois andares, eu e Melary subimos as escadas que quando chegavam a um certo ponto se dividiam em duas e segundo o cartaz que havia ali a minha sala era para a direita e a dela para a esquerda.
– Boa sorte – ela grita e sai correndo.
Eram tantas salas que por pouco não consegui achar a minha, mas com alguns mapas e instruções de pessoas eu cheguei a sala certa.
Havia algumas pessoas se aquecendo enquanto algumas apenas conversavam. Hoje eu teria aula de dança contemporânea e ballet.
Amarro meu cabelo e pego minha garrafinha de água para começar a me alongar.
– Isabelle? – ouço uma voz grave me chamar e olha para o lado.
Seu rosto era familiar, seu porte grande e cabelos longos amarrados com um sorriso estampado em seu rosto não me eram estranhos.
Dou um sorriso sem graça tentando me lembrar quem ele era.
– Paul, lembra de mim? Primo do Oliver – pergunta estendendo a mão.
Ah, claro.
– Me lembro, sim – sorrio e aperto sua mão.
Paul, ele era meu colega de aulas de danças e as vezes quando ele ia para casa de Oliver nós brincávamos juntos.
– Voltou pra ficar? – pergunta se sentando ao meu lado no chão me olhando enquanto me alongava.
– Sim – respondo – Você também tinha se mudado né?
– Sim, fui para o Canadá mas não fiquei seis anos como você – fala e a professora entra.
Me levanto colocando as mãos no bolso, Paul faz o mesmo se colocando ao meu lado.
– Bom dia, Alunos. Hoje como eu havia dito na última aula, vamos começar uma nova coreografia – Assim que ela diz, os alunos se espalham pela sala e eu faço o mesmo indo para o fundo.
A música "God is a woman" começou a tocar e uma série de passos foram feitas pela professora e logo em seguida passadas a nós.
A coreografia era simplismente perfeita e a professora ainda melhor que soube nos passar os passos perfeitamente.
Ficamos cerca de duas horas ensaiando a coreografia quando ele anunciou o término da aula.
Já estava saindo da sala quando ela me chamou.
– Isabelle, certo? – a mulher de cabelos azuis em um coque se aproxima de mim.
– Sim?
– Eu fiquei encantada com sua dança, você transmite leveza... Me lembro de você nas aulas de ballet que fazia no teatro e fico muito feliz que não tenha desistido – diz fazendo um sorriso surgir em meu rosto.
– Obrigada.
– Já ouviu falar sobre " dance in the sand"? – pergunta.
– É claro, desde de pequena vou nas apresentações – digo.
– Daqui algumas semanas irá ter a seleção para os participantes e gostaria que participasse – arregalo os olhos – Não precisa me responder agora, eu só acredito que você vai longe
E sem deixar que eu respondesse ela sai da sala me deixando de boca aberta.
A dance in the sand, é um dos maiores festivais de dança do Coronado e sempre foi meu sonho participar. Talvez, seja minha chance.
Ao sair da sala vejo Paul encostado na parede com alguns meninos e me aproximo.
– Aqui perto tem alguma lanchonete? – pergunto pois estava morrendo de fome e tinha quase uma hora de intervalo.
Ele parece pensar um pouco mas logo responde.
– Tem sim, se quiser posso te levar até lá – diz com um sorriso de canto.
– Pode ser, obrigada.
Ele se despede dos garotos e estende a mão para a saída da sala. Lado a lado caminhamos pelo corredor que estava um pouco mais vazio por não ser o intervalo de todas as salas.
– Então, Isa... Posso te chamar assim né? – afirmo – Ainda conversa com meu primo?
– Não sei se posso chamar nossos diálogos de conversa – ele ri.
– Te entendo, eu e ele também não nos damos muito bem – fala
– É, eu me lembro das brigas de vocês. Mas confesso que nunca entendi o motivo das brigas – ele suspira.
– É complicado.
Resolvo não falar mais, a brigas é deles e não tenho nada haver com isso. Não vou me preocupar com a guerra deles enquanto eu tenho a minha.
Saímos da faculdade e ele me levou até uma lanchonete que ficava quase em frente. Ela era simples mas pela quantidade de pessoas a comida parecia muito boa.
Antes de entrarmos uma placa me chamou atenção "precisamos de funcionária para meio período"
Hoje com certeza é meu dia.
Fizemos o pedido e nos sentamos no canto do local que era decorado com alguns quadros com fotos de grandes surfistas que vieram na cidade para campeonatos.
– Sabe quem é o dono daqui? – pergunto para Paul assim que nossas comidas chegaram.
– Sei sim, trabalho aqui. Por que?
– Eu vi a placa que está precisando de uma funcionária – falo dando uma mordida no meu salgado.
– Ah! Se quiser eu converso com Charles – diz e eu sorrio.
– Sério? – ele concorda – Aí, obrigada mesmo ia me ajudar demais.
– Hoje mesmo ligo para ele, tenho certeza que ele te vai te contratar – ele coloca sua mão em cima da minha por cima da mesa.
Sorrio.
Terminamos de comer e voltamos para a faculdade para não chegarmos atrasado para a próxima aula.
Estavamos subindo as escadas conversando distraídos sobre alguns passos de danças quando senti meu corpo se chocar com outro e logo depois um liquido gelado na minha barriga me fazendo estremecer.
Levanto meu olhar vendo ninguém mais, ninguém menos que Oliver segurando um copo com suco de uva e com um sorriso nervoso no rosto.
Meu dia estava bom demais pra ser verdade.
°°°
Continua...
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Você De Novo? (Concluída).
Novela JuvenilDesde de pequena Isabelle sempre soube que o seu lugar era no Coranado, quando ela e sua família se mudaram para Nova Jersey a trabalho Isa prometeu para si mesma que um dia ela estaria de volta. Seis anos se passaram e finalmente ela conseguiu enfr...