capítulo 15 - saudades

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Depois que todos foram embora da minha casa e eu me encontrei sozinha olhando para o nada resolvi que iria andar na orla da praia.

Peguei meus fones e sai.

A praia como sempre, estava cheia. Algumas pessoas ainda estavam no mar, outras apenas sentadas na areia olhando a vista e já outras estavam jogando algum esporte.

Me sentei em um banco no calçadão e admirei cada pessoa que estava ali, as gargalhadas das crianças invadiram meus ouvidos fazendo meus lábios se curvarem.

Costumava vir aqui e fazer isso quando criança, gostava de ver a alegria de pessoas alheias.

- Sozinha? - olho para o lado vendo Paul que se sentava do meu lado.

- Oi - o cumprimento e volto a olhar para frente.

- Seu aniversário né? - pergunta e eu anuo sorrindo - Pena que não me chamou para a festa - diz com um tom brincalhão.

- Foi Oliver que programou tudo, ele me fez uma surpresa - respondo e o seu sorriso some.

- Não sabia que vocês estavam tão próximos - tiro os fones e dou um mini sorriso.

- Ah... Nunca deixamos de ser próximos - respondo.

- Entendo - Paul respira fundo de relaxando no banco - Gostei de ontem, apesar do ocorrido com um bêbado.

- Eu também - ele sorri.

- Podíamos repetir, né? - pergunta e imediatamente arregalo os olhos dando um sorriso nervoso.

- Claro, vamos marcar - me levanto - Mas já tenho que ir embora.

- Eu te acompanho - propõe.

- Não precisa, Paul. Moro logo ali - ele anui e não insiste.

Ele se despede de mim com um selinho e vira as costas andando.

Retomo meu caminho de volta para casa, com os pensamentos a mil. Por que eu não gostava de Paul? O cara é lindo, engraçado, sabe dançar e... Eu simplesmente não sinto nada perto dele.

Eu devia ter controle sobre meu coração, isso não é justo.

Já próximo a minha casa vejo Oliver arremessando a bola de basquete na cesta grudada em sua parede.

Me aproximo da cerca dele  pendurando meus braços sobre ela. Oliver joga a bola umas três vezes e não acerta nenhuma.

- Você já foi melhor.

Ele da um pulo seguido com um gritinho e se vira para mim com a mão no peito.

- Que susto, anjo - ele ri nervoso me fazendo gargalhar - Consegue fazer melhor?

Adoro um desafio.

Pulo a cerca deixando meu celular na grama. Oliver joga a bola para mim e se afasta cruzando os braços em frente ao peito.

- Observe e aprenda - ele revira os olhos.

Costumava brincar de basquete quando criança e não era tão difícil.

Arremesso a bola e fecho os olhos por um instante, quando abro a bola passava no meio da cesta.

- Sorte de principiante - Oliver protesta

- Aceita que eu sou melhor - me gabo pegando a bola novamente.

- Ok, vamos ver então - declara ao se aproximar de mim e pegar a bola batendo ela no chão - Quem tiver mais pontos daqui trinta minutos, ganha.

Sem responder corro até ele tirando a bola de suas mãos e indo até a cesta e fazendo um ponto.

- um a zero - dou pulinhos de alegria.

🌊🌊

Depois de trinta minutos eu me taco no chão em seguida Oliver faz o mesmo. Eu estava morta de cansaço, fazia tempo que eu não fazia isso.

- Você roubou os últimos pontos - ele protesta.

- Não. Eu só aproveitei o seu momento de distração, ninguém mandou olhar para as garotas que passavam - digo.

- Eu não estava olhando para elas - fala como se estivesse constrangido - Só te dei a chance de empatar

- Só não fiz mais pontos porque o tempo acabou - ele ri mas não responde.

O céu já estava escuro iluminado apenas pela lua e pelo os pontinhos brilhantes das estrelas.

Ficamos em silêncio por um tempo, estabilizando nossa respiração e descansando. Quando o silêncio já estava ficando constrangedor, Oliver o quebra.

- Eu senti sua falta - ele releva me surpreendendo.

Me apoio em meus cotovelos para encarar seu rosto e achar algum sinal de deboche ou sacarmo mas não havia nenhum. Ele estava sendo sincero.

- Me desculpa por ter feito sua vida um inferno - ele apoia o cotovelo assim como eu.

- Me desculpa por manchar seu ursinho - peço - Mas, não entendo porque ficou tão bravo comigo.

Ele respira fundo antes de responder.

- Foi o último presente do meu pai - fala.

Sinto meu coração se despedaçar, ele sofreu muito com a perda de seu pai. Oliver era apenas uma criança, não compreendia muito bem por que o pai não iria voltar mais para casa depois que embarcou para uma viagem de trabalho.

Ainda éramos amigos, lembro que fiquei duas horas abraçada com ele apenas tentando acalma-lo.

- Meu Deus, Oliver. Eu não sabia, me desculpa - ele balança a cabeça e sorri sem humor.

- Não foi sua culpa, Anjinha. Mas quando percebi isso, você tinha acabado de entrar no carro para ir embora para Nova Jersey -  sinto dor em sua voz - Me desculpa.

Ele abre os braços pedindo um abraço. Sorrio antes rodear sua cintura e encostar minha cabeça em seu peito.

- Também senti sua falta, Oli - admito.

°°°
Continua...

Você De Novo? (Concluída).Onde histórias criam vida. Descubra agora