capítulo 20 - sentimentos verídicos

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A primeira coisa que vi quando abri os olhos foi o rosto sereno da loira a minha frente. Sua mão repousava em meu peito enquanto sua cabeça estava a centímetros meu. Ousei fazer um leve carinho em sua bochecha antes de sair do quarto.

Depois de fazer minhas necessidades e colocar um camisa desci as escadas para preparar um café da manhã.

- Esquece aquele lance de ignorar - falei pro meu gato que estava deitado no tapete da pia.

Comecei a pegar os ingredientes quando ouvi a voz do meu primo na porta.

- Eu mereço - resmunguei.

Larguei o que estava fazendo de lado e segui até a porta para abri-la dando de cara com Paul. Ele parecia ter passado a noite em claro, seus cabelos estavam bagunçados e sua roupa amarrotada.

- Pois não? - sorri sem mostrar os dentes e fechar a porta atrás de mim.

- Você viu se Isabelle saiu de casa cedo? - pergunta.

- Não sei se você sabe mas não sou pago pra vigiar minha vizinha - respondo.

- É sério Oliver, ela não me atende - reviro os olhos.

- Talvez ela esteja dormindo - um sorriso involuntário surge no meu rosto e rapidamente o desfaço quando seus punhos se fecham.

- Ela está aí né? - respiro fundo antes de anuir - Deixa eu entrar.

- Não - coloco a mão no peito dele - Ela está dormindo, a noite foi longa.

Ele trinca a mandíbula. Talvez minha frase não tenha saído da forma que eu planejei.

- Olha aqui, Oliver - ele aponta o dedo - Se você tiver feito alguma coisa com ela.. - Paul faz uma careta antes de prosseguir - Ela é minha.

Sorrio irônico antes de dar um passo a frente e abaixar seu dedo.

- Primeiro: ela não é objeto que você escolhe se vai ficar ou vai descartar, se é sua ou não. Se ela quiser ficar com você, tudo bem. Mas que fique claro, que eu vou fazer de tudo por ela. Eu só quero o bem dela, e eu tenho certeza que eu daria conta de faze-la feliz... Mas cabe a ela escolher - falo calmo - E segundo: Não te interessa o que fizemos ou deixamos de fazer essa noite mas, eu vou te dizer. Eu fiz o papel de amigo, sabia que ela tem medo de chuva? - ele anui - Por que não veio buscar ela então? Acolher e dizer que ia ficar tudo bem?
Se gosta tanto dela teria feito alguma coisa.

Viro as costas com a intenção de voltar para a casa mas seu pigarreio me fez voltar.

- Você não passa do amiguinho apaixonado que sempre foi. Isabelle nunca olharia para você, Oliver.  Acho melhor esquecer essa hipótese de ter algo com ela, a sua relação com ela nunca passou de amizade - diz e dessa vez eu que aponto o dedo.

- Isso não é uma competição, e se fosse eu usaria todos os meios para ficar com ela... Eu a conheço, sei de dos seus sonhos, medos, manias, filme favorito e sei que ela merece o cara perfeito. Eu de longe não sou perfeito, mas eu sou capaz de mudar por ela.

Por um momento penso que ele me fuzilaria com os olhos.
Eu não menti. Eu seria capaz de fazer tudo pra ver o sorriso no rosto dela até mesmo aceitar que um dia ela ficaria com Paul ou qualquer outro.
Eu a abraçaria e desejaria toda a felicidade pois é isso que ela merece.

- Avise a ela que eu estive aqui e quero conversar com ela  - pede antes de dar as costas e ir para seu carro.

Fico um pouco de fora para absorver tudo o que aconteceu e tudo o que eu disse. E foi aí que percebi que eu dei a e entender que eu estava gostando dela... Sim, talvez eu esteja mas preciso ter certeza.

Entrei para dentro de casa vendo a imagem de Isabelle descendo as escadas com Tom no colo. Seu cabelo estava em um coque e seu pijama um pouco amarrotado.

- Bom dia, anjinha - ela sorri.

- Bom dia - sua voz sai um pouco rouca.

Isabelle coloca o gato no chão antes de me encarar um pouco envergonha.

- Usei sua pasta e uma escova que estava fechada, espero que não se importe. Mais tarde trago outra pra você - diz sem jeito brincando com os próprios dedos.

- Não precisa, tudo bem - sai de perto da porta - Paul esteve aqui - informo meio sem jeito.

- O que ele queria? - pergunta

- Conversar com você - ela resmunga um "hum" sem demonstrar interesse.

Respiro fundo antes de começar a andar em sua direção em passos lentos.

- Isa? - chamo sua atenção já que ela olhava para a bola de pelos que estava em seus pés.

Me aproximo dela ficando em sua frente, Isabelle da alguns passos para trás mas para assim que se vê encurralada pela parede.

- Me disse ontem a noite que estava confusa - suas bochechas poderiam ser facilmente confundidas com um tomate.

- É, estou - admite.

Eu com certeza não estou mais confuso em relação a isso.

Eu precisava fazer isso, precisava a sentir novamente.

- Sei que prometemos não fazer mais isso, mas eu não aguento mais.

Seguro seu queixo com as pontas dos dedos pedindo para que ela olhasse para mim, assim que ela me olha posso ver seus olhos brilhando e sinto que os meus não estão diferentes.

Analiso um pouco sua face antes de me aproximar mais,  sinto sua respiração pesada e aparentemente nervosa.

- Posso? - peço passando meus dedos em sua bochecha e indo em direção ao seu pescoço.

Ela balança a cabeça levemente pra cima e para baixo.

Acabo com nossa distância sentido seus lábios macios outra vez, seu gosto doce e seu corpo no meu.

Seu beijo era como uma explosão de fogos artifício ou até mesmo  um campo de batalha.

Eu sentia que em qualquer momento meu coração poderia explodir. Esse era o efeito que ela causava em mim.

Nossos corpos se encaixavam perfeitamente um no outro, achava que isso era impossível até beija-la.

Estava apaixonado por ela.

°°°
Continua...

Você De Novo? (Concluída).Onde histórias criam vida. Descubra agora