capítulo 11 - inimigos não se beijam

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Oliver colocou um filme de animação - depois de eu insistir muito – afinal, um filme da Disney me distrairia e não me faria pensar em Oliver.

Mas, não deu certo. O galinho da Moana me lembrava ele e até o Maui com seu jeito convencido.

Me afundei mais no sofá colocando uma almofada em minha frente. Eu estava vestindo uma calça legging e uma moletom que ia até quase meus joelhos e em meus pés uma meia de E.T.

Eu estava morrendo de fome e infelizmente meu estômago não foi discreto ao roncar fazendo meu rosto esquentar quando o garoto ao meu lado me olhou.

Ele apenas pausou o filme e se levantou.

– Sabe? Estou morrendo de fome, sabe fazer aquele sanduíche ainda? – pergunta e eu assinto me levantando.

Caminhamos até a cozinha com ele a minha frente.
Quando mais novos - mesmo brigados - ele sempre lanchava em casa, minha mãe obrigava eu a fazer um sanduíche para ele.

– Tem todos os ingredientes? – pergunto ao chegarmos perto do balcão.

– Acho que sim.

Ele abre geladeira e armários pegando o que era necessário: pão, requeijão, peito de peru, queijo...

Com tudo em cima do mármore branco eu me aproximo já começando a montar o sanduíche. Vi essa receita na tevê e desde então eu como praticamente todos os dias.

Com o olhar de Oliver nas minhas costas, eu fiz os sanduíches o mais rápido possível e me virei para encara-lo. Seu braços estavam cruzados em frente ao seu peito enquanto seu quadril estava encostado no mármore.

Ele sorri e se aproxima pegando um dos sanduíches caminhando até a sala.

Me sentei cruzando as pernas como um índio, o mais longe possível dele.

– Cara, isso esta melhor que eu me lembrava – ele fala de boca cheia me fazendo rir.

– Obrigada – o agradeço.

– Passar seis anos sem comer isso aqui foi maldade comigo – fala rindo.

Mordo o sanduíche, o gosto ja era familiar na minha boca mas acho que a fome o fez ficar ainda mais gostoso.

Era bom ter alguém para experimentar minhas comidas, minha mãe e minha irmã não comem nada muito calórico então, eu comia sozinha. Bem diferente de quando eu morava aqui, Melary e Oliver sempre apareciam em casa para comer e me fazer companhia.

Pelo canto do olho vi Oliver se aproximando. Prendo a respiração e dou outra mordida.

Tentei focar na televisão mas, era quase impossível. Me sentia uma trouxa por um beijo estar causando isso tudo em mim.

Senti algo cremoso em minha bochecha e o cheiro de requeijão invade minhas narinas.

Olho para Oliver que lambia o dedo com um sorriso atrevido no rosto.

– Você não quer começar um guerra se comida não né? – pergunto e lambuzo meu dedo na pasta cremosa do sanduíche.

Levei minha mão até seu rosto mas ele foi mais rápido que eu, e segurou ela no ar.

– Não foi dessa vez, anjo – diz.

Era impressionante como eu não aceitava perder para Oliver, a timidez que eu estava sentindo sumiu na hora que me joguei em cima dele na tentativa de o sujar.

Seu corpo caiu para trás comigo por cima. Coloquei meu sanduíche na mesinha de centro, ele soltou um pouco o aperto da minha mão enquanto tentava se esquivar. Fui rápida o suficiente ao levar o dedo sujo até seu rosto soltando uma risada.

Oliver fez uma cara feia e me jogou no chão, puxei sua camisa o fazendo cair também. Seu corpo por cima do meu e seu rosto a centímetros.

Passei minha mão em seu rosto espalhando o requeijão sobre sua face , seus olhos pareciam estar me analisando sem se importar com o fato que eu estava o lambuzando por inteiro.

Dei dois tapinhas em sua bochecha antes de sair debaixo dele e me sentar em sua frente.

Ele parecia calmo, calmo demais pro meu gosto. Ele nem sequer revidou.

– Sabia que essa era a única forma de você ficar normal comigo: procurando encrenca– ele ri e se senta a minha frente.

– Mas eu estava normal com você – falo e ele murmura alguma coisa.

Oliver se inclina até a mesinha pegando alguns guardanapos e logo depois me passando um.
Passei o mesmo pelo meu rosto me limpando fácil, olhei para Oliver que lutava para tirar o excesso do requeijão de seu rosto.

Fiquei com pena e me aproximei o ajudando. Ele não recuou quando comecei a passar o pano em seu rosto.

Sua pele era extremamente macia e lisa me dando até um pouco de inveja. Passei o pano por sua bochecha descendo até o maxilar e indo até o queixo.

Meu olhar se prende em sua
boca que estava entreaberta. Oliver para de passar seu pano do outro lado do rosto e abaixa a mão.

Encaro seu olhos que também olhavam para meus lábios. Largo o guardanapo e não resisto.

Me inclino e sinto seus lábios roçarem no meu. Sem pensar muito jundo nossas bocas, ele não se afasta, ao contrário disso ele coloca as mãos na minha cintura aprofundando o beijo.

Abro os olhos quando percebo o que eu fiz e coloco a mão no seu ombro o afastando.

– Não, Oliver – falo sem olha-lo.

Eu o beijei de novo.

– Foi você que me beijou dessa vez – diz calmo me fazendo viajar em sua voz.

– Eu sei, desculpa – apoio minhas mãos no chão para me levantar mas sou impedida pela voz de Oliver.

– Não.

Ele diz rápido e logo se lança para cima de mim juntando nossos lábios pela quarta vez. Pelo impacto vou um pouco para trás mas suas mãos apoiadas em minhas costas não me permitem cair.

Enrolo meus dedos em seus cabelos e sinto seu sorriso em meu lábios.

Merda, Isabelle.

O afasto e me levanto rápido dando passos para trás.

– Isso é errado, de todas as formas possíveis – ele se levanta e se aproxima.

– Por que?

– Não podemos nos beijar, Oliver. Lembra? Nos odiamos.

Ele fica sem expressão por um instante.

– Tem razão, nos odiamos – o tom frio em sua voz me assusta.

– Eu... Eu vou embora – passo as mãos por meus cabelos e caminho até a porta.

Antes de sair posso ver Oliver passando as mãos em seus cabelos frustado e subir as escadas.

°°°
Continua...

Você De Novo? (Concluída).Onde histórias criam vida. Descubra agora