ᴍᴀɴɪᴀᴄ!

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Onze horas da noite. Eu ainda não tinha conseguido dormir.

Muita coisa aconteceu hoje. Eu tinha que organizar tudo na cabeça. De uma hora para outra, eu já tenho até namorado.

Porém, algo me deixou inquieta. Aleatoriamente, perdida em meio à um monte de pensamentos, me lembrei da caneta de Shuichi que estava na minha bolsa.

Me levantei. Peguei a caneta na bolsa, abri a porta da varanda, e me sentei no chão. Ainda estava chovendo muito, e estava muito frio. O carro não estava mais lá.

Rodando a caneta entre os dedos, eu estava pensando em como diabos ele tinha colocado aquilo ali - e por qual razão. - Até onde eu me lembre, a bolsa esteve fechada o tempo todo.

Esfregando os braços com as mãos; numa falha tentativa de me aquecer, um monte de pensamentos sem sentidos passavam pela minha cabeça. Desde quando eu cheguei  nessa cidade.

Por que a maioria dos jovens da nossa idade evitavam Saihara? Ao meu ver, ele é só um garoto, talvez um tanto quieto, e~

Eu senti um cobertor sendo colocado nos meus ombros. Imediatamente, larguei a caneta, dentro do bolso da calça do pijama.

- Não está muito frio aqui? - Rantaro perguntou, sentando ao meu lado; o braço passando pelos meus ombros.

- Não muito. - escorei o rosto em uma das mãos.

- Está tudo bem? Eu achei que você estivesse dormindo...

- Ah, sim, tá tudo bem...

- Aconteceu alguma coisa? Você tá meio~

- Não, não aconteceu nada.

Tateei o bolso, a caneta ainda estava lá. Peguei a mão de Rantaro, que estava bem gelada.

- E você? Não está com frio?

- Só um pouco. Eu estou bem. - ele sorriu um pouco.

Coloquei a mão na bochecha dele. Estava ainda mais gelada que as mãos.

- Rantaro, acho melhor você entrar. Você tá muito gelado; não vai te fazer bem.

- E você?

- Vou ficar aqui por mais um tempo.

- Eu não quero te deixar aqui sozinha.

Eu dei um longo suspiro.

- então... vamos entrar?

- Claro! - Ele pegou minha mão, e fechou a porta. A cozinha estava bem quente.

- Já são onze e meia. Tá com sono?

- Não muito.

Entramos na sala em silêncio, para não acordar Angie, e sentamos no sofá. Minha cabeça pousada no ombro dele.

Ficamos num silêncio total, até meu celular vibrar.