Uma criança, cega de nascença, só sabe de sua cegueira se alguém lhe conta. A confiança do ingênuo é a arma mais útil do mentiroso. [...]
- Stephen King
Saihara sorriu. Poucas coisas me assustaram tanto na vida quanto aquele sorriso dado especificamente naquele dia, deitada na minha cama, imobilizada por conta da minha perna. Saihara apenas sorriu. Em seguida riu. Cruzou as pernas, levando uma das mãos magras e brancas até a boca. O olhar vidrado nos meus olhos com um brilho se aparência - perdoem-me dizer- doentia.
- Você é inteligente, afinal. Eu, honestamente, tinha minhas dúvidas.
Senti meu corpo gelar. Saihara continuava imóvel, sorrindo e me encarando. A dor na minha perna tornou-se subitamente um personagem secundário, naquele momento. O olhar de Saihara ardia, cortava, sangrava.
- Como....?
- É. Eu suspeitava que você talvez não utilizasse pelo menos metade do cérebro. - Ele respondeu, seguido de uma risada
- ....Desculpe?
Shuichi fechou a cortina, sentando-se na cadeira da escrivaninha. Cruzou as pernas, (novamente) com aquele sorriso apático estampado no rosto.
(novamente).
Olhei a réstia de luz passando suavemente pela fresta deixada na cortina.
O que eu não faria para ter observado o Sol com mais atenção antes daquilo.
Ah, Deus, aquilo.
- O que.....
- "O que está acontecendo"? Sim, ah sim, claro, desculpe. - Saihara limpou a garganta, deixando uma risada anasalada escapar, posicionando o boné na cabeceira. - certo, certo, vamos começar do início, sim? Por onde começamos? Deixarei a atriz principal decidir.
Olhei para seu rosto, confusa. Seus olhos brilhando em uma perversidade que jamais conseguirei expressar.
- Atriz principal?
- Vamos, S/n. Não é tão difícil. Vamos pensar um pouquinho? Só um pouqhinho, sim?
- Do que você....?
- Certo, certo. Aquele churrasco humano danificou seu cérebro mesmo, hein?
Senti um nó formar-se na minha garganta. Shuichi ria como se acabasse de ter ouvido a piada maia engraçada do mundo.
Mas aquilo não era engraçado, não. Nem um pouco. Não tinha graça, com certeza. Mas Saihara nunca se importou muito com a situação.
- Vamos voltar para o dia primeiro de setembro, sim?
-Meu primeiro dia de~
Senti uma fisgada na perna. Mordi o lábio.
- Oh, doendo?
Acenei que sim com a cabeça, sentindo a dor estender-se para a coluna. Da coluna para o pescoço. Do pescoço, descia na velocidade da luz até a altura das costelas onde a dor explodia novamente, reiniciando o ciclo.
- Perdão por isso, S/n. Aqui...
Saihara destacou dois comprimidos brancos da caixa de remédios que Angie comprou mais cedo.
- Ah sim! Na verdade, vamos terminar isso antes, certo?
Soltei um gemido de dor enquanto Shuichi continuava segurando os dois comprimidos na mão, claramente em estado de total calma, como se estivesse em uma mera ida ao parque.
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ᴍᴀɴɪᴀᴄ!
Fiksi Umumᴛᴇʟʟ ᴀʟʟ ᴏғ ʏᴏᴜʀ ғʀɪᴇɴᴅs ᴛʜᴀᴛ ɪ'ᴍ ᴄʀᴀᴢʏ ᴀɴᴅ ᴅʀɪᴠᴇ ʏᴏᴜ ᴍᴀᴅ ᴛʜᴀᴛ ɪ'ᴍ sᴜᴄʜ ᴀ sᴛᴀʟᴋᴇʀ, ᴀ ᴡᴀᴛᴄʜᴇʀ, ᴀ ᴘsʏᴄʜᴏᴘᴀᴛʜ ᴛʜᴇɴ ᴛᴇʟʟ ᴛʜᴇᴍ ʏᴏᴜ ʜᴀᴛᴇ ᴍᴇ ᴀɴᴅ ᴅᴀᴛᴇᴅ ᴍᴇ ᴊᴜsᴛ ғᴏʀ ʟᴀᴜɢʜs sᴏ, ᴡʜʏ ᴅᴏ ʏᴏᴜ ᴄᴀʟʟ ᴍᴇ ᴀɴᴅ ᴛᴇʟʟ ᴍᴇ ʏᴏᴜ ᴡᴀɴᴛ ᴍᴇ ʙᴀᴄᴋ? ʏᴏᴜ ᴍᴀɴɪᴀᴄ! (capa por @Naomizimy )