Fred roda sobre os seus calcanhares, e encara a minha cara. Eu tento chegar perto dele, mas ele anda dois passos para trás, mostrando claramente que não quer que chegue perto dele.
- Fred por favor. - falo baixo. - Vamos falar, por favor.
- Tens algo para me dizer Daena? - ele literalmente cospe as palavras. - É mentira o que ele disse não é? Me diz que o que o Malfoy acabou de falar é mentira.
Mantenho a minha boca fechada, e olho para o chão, agarrando os meus braços com força. A dor voltou, está a aumentar, e eu me sinto a sufocar de novo.
- ME DIZ DAENA. DIZ SE É VERDADE!!
Fred grita bastante alto, e eu me estremeci. Olho para ele, com as lágrimas que tinha guardadas, a correrem pela minha face. Fred abana a cabeça, e sai apressadamente de perto de nós. Eu soluço alto, e sinto Hermione me agarrar. Solto um grito, agarrada a ela.
O caminho até aos dormitórios é penoso, pois as forças me abandonaram de vez. Antes de conseguir chegar, Mione encosta o meu corpo numa parede. Deixo cair o peso do mesmo, até me sentar no chão.
- Tu não lhe contaste Daena? - a pergunta é feita rapidamente.
- Como eu podia ter contado Mione? Me diz, como eu podia ter contado??
- Contando Daena. Chegando ao pé dele e contando. Achas que fizeste bem? - ela fala como se de mamãe se tratasse. Rodeio a minha cabeça com os braços, e soluço forte.
"Eu não queria te magoar, mas tenho que ter certeza que tudo irá correr bem."
- AAAAAAAAAHHHHHHH PARA POR FAVOR.
O meu berro saiu tão alto que eu consegui ouvir os pássaros fugindo. Mione me abraça forte.
- Para o que Daena?
- A voz. Esta voz que me está à dias a perseguir. Esta voz que me deixa angustiada e com dores que não sei nem o que são. A voz que me faz querer chorar. Esta voz não me deixa.
- Você tem que ver isso. - ela acaricia o meu cabelo. - Não é normal você ouvir vozes.
O meu choro se torna mais piedoso, e Mione me ajuda a erguer, amparando o meu corpo. Entramos no castelo, passando pelos corredores, e eu posso ouvir pessoas falando. Subimos a Escadaria, e em alguns segundos estamos frente ao retrato. Quando o mesmo se abre, o barulho é enorme.
Ergo os meus olhos vendo a festa que prepararam para Ron. Harry está um pouco mais há nossa frente e Mione me leva até lá.
- Que se passou com ela? - ele fala, me olhando.
- Depois te digo. Harry, eu ainda estou chateada com a batota.
Harry ri, e retira do bolso da sua camisa a Poção. Lacrada.
- Não usaste? - Mione pergunta espantada e ele assente com a cabeça. - Então ele conseguiu porque é bom.
- Tens que acreditar mais nele Mione. - Harry fala.
Eu olho para Mione e depois para a frente onde Ron está numa espécie de palco, ladeado pelo George. Todo o mundo aplaude ele, até que uma menina, agarra-o pelo braço, o puxa para baixo e o beija. Todo o mundo fica surpreso mas aplaude com força. Quando olho para Hermione, ela tem lágrimas nos olhos. Volto a olhar para a frente e Fred aparece ao lado do irmao. Os seus olhos quase que de imediato me descobrem, e às lágrimas que correm soltas.
Passo pelas pessoas, me dirigindo à escadaria. Olho novamente para trás, e a minha vontade é o chamar. Eu preciso de explicar tanta coisa. Eu não posso o deixar ir assim.
- Fred. - George chama o irmão mesmo antes de eu conseguir abrir a boca. Ele olha para mim e o acompanha. Os meus olhos seguem o caminho até ao chão, e eu subo para o dormitório. Me lanço na cama, coloco a cabeça enterrada na almofada e solto um grito abafado, que faz a minha alma doer.
- Vamos Daena?
Harry fala, e eu saio dos meus pensamentos, olhando os meus dois amigos. Arrumo as coisas dentro da mochila, e os acompanho. Eles estão numa conversa qualquer, a qual eu não presto atenção, algo já normal em mim nas últimas semanas. O Castelo até já está todo enfeitado para o Natal mas em muitos anos, o meu espírito não existia.
- Daena?
- Sim, Hermione?
- Hoje de noite tem a festa de natal do professor Slughorn, e eu quero que você venha.
- Ah Mione. - tento falar mas ela me manda calar.
- Nem mas, nem meio mas. Vais connosco sim. Tem semanas que você só sai do dormitório para ir na aula.
- Eu não estou com espírito Hermione, sério.
- Então trate de arranjar. Não quero um não.
Abano os ombros, e sigo o caminho até ao salão comum. Apesar de não ter muito apetite, o meu estômago ronca de alguma fome. Caminho pelo corredor, entre as mesas, até chegar ao meu lugar, pousando a mala, e vendo Fred se levantar no mesmo momento.
- Fred. - Toco em sua mão, mas ele retira-a. - Vamos falar, por favor.
- Até logo George.
E sai, sem se quer olhar para trás. Me deixo cair no banco, e pouso a cabeça na mesa.
"Tenho que conseguir lá estar hoje. Não sei como mas tenho.
" Sai da minha cabeça, por favor. Me deixa. Eu não consigo aguentar mais. "
" Você é a única pessoa com quem eu estou desabafando."
Ergo a cabeça, quando reparo em Mione, Harry e Ron. Mais há frente, na mesa bem na linha da minha visão, Draco esta sentado, novamente com o pensamento longe.
" Eu sei, é ainda bem que de alguma forma, lhe ajudo. Mas eu estou esgotada. Eu não sei o que se passa, mas eu tou sufocando."
Tento inspirar o ar, e agarro a mão de Hermione. A sensação de angústia continua, e eu pouso a outra mão em cima da mesa. Fecho os olhos.
Olho o espelho do dormitório, e encaro a minha imagem, completamente destruída. Abano a cabeça, pois em momento algum eu quis ir para esta festa. Só o faço pela Mione. Saio do dormitório e desço até à sala. Hermione está junto a Harry, e Ron encara a lareira. George está junto a uma das mesas, com Fred do lado.
- Ainda bem que decidiste ir. - Harry fala se dirigindo até mim.
- So o faço por vocês, sabem disso ne?
Fred se levanta, e passa do meu lado.
- Eu nunca, nunca te quis magoar. - sussurro quando o sinto bem perto de mim.
- Pois, mas foi o que fizeste.
Foram as únicas palavras dele, antes de subir as escadas. Limpo uma lágrima e sorrio fraco para eles. Mione agarra a minha mão, e saímos juntos.
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I would die for you /Draco Malfoy [Concluído]
FanfictionSexto ano em Hogwarts, com a volta mais que anunciada daquele cujo o nome não deve ser pronunciado. Eu só quero que seja um ano de paz e que eu possa sair com a saúde mental que entrei. Mas as dúvidas, essas dúvidas // História nada fiel aos livros...