Tentar se aproximar

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"As feridas da alma nunca são curadas com sexo, comida ou poder, e sim com carinho, atenção e paz."

Roberto Shinyashiki


Iruka

Cumprimentou com um aceno rápido uma mulher que caminhava apressadamente com um vestido de tons escuros, não precisava perguntar para saber que ela provavelmente estava indo trabalhar. "Trabalhar", divertia-se com o pensamento de que agora as damas começavam a conquistar empregos que antes somente os homens podiam — com o recrutamento para o exército muitas mulheres tiveram que conquistar espaço para sustentar a casa e os filhos. Antes da guerra, eram poucos os empregos disponíveis para elas e grande parte deles se limitavam a cuidar das casas de famílias ricas.

Sabia que as coisas não eram belas como pareciam, boa parte das mulheres que trabalhavam eram as cujos maridos partiram para a guerra e jamais voltaram, ou eram as consideradas "desquitadas", onde os casamentos haviam fracassado ou agiam em lugares impróprios para as consideras "mulheres direitas". Obviamente Iruka achava tudo isso uma tolice, porém não tinha nada o que pudesse fazer quanto os conceitos morais dos Ingleses.

Não podia deixar de pensar em sua mãe com essas mudanças — lentas —, se perguntava o quão animada com isso ela estaria. Entretanto, no momento tinha outras coisas para se preocupar e, por esse motivo, simplesmente respirou fundo quando parou em frente aos portões altos. Pensou em seu visual, hoje fez questão de se vestir da melhor forma possível para os olhares dos outros, prendeu os fios castanhos dentro do chapéu redondo de cor clara e vestia o seu melhor conjunto de roupas de linho em cor claras.

Parou em frente ao já conhecido portão alto e estreitou os olhos quando notou que ele estava aberto, uma pequena brecha, mas que não passava despercebida pelo olhar curioso do Umino. Sentiu o coração acelerar com os pensamentos negativos, sabia que o amigo estava sozinho nesses tempos e de longe Kakashi Hatake é um homem que poderia chamar atenção de pessoas com más intenções. E com isso em mente não pensou duas vezes antes de empurrar um dos lados do portão e adentrar no terreno grande.

Nem deu atenção as lembranças nostálgicas de correr pela área de grama aparada, no momento apenas pensava em andar o mais rápido possível em direção a casa. Ignorou o fato de que seu chapéu já não se encontrava no topo de sua nuca — provavelmente estava jogado no meio do percurso e só parou quando chegou em frente a residência; apoiando as mãos nos joelhos enquanto recuperava o fôlego.

— Iruka? — A voz de Kakashi foi o bastante para que o Umino logo desviasse o olhar e se fixasse na entrada da casa, onde o homem de fios grisalhos se encontrava.

— Você... você está bem? — questionou ainda ofegante, recebendo em resposta um sorriso fino. — O portão estava aberto e eu... bem, pensei que algo estava errado. Você nunca foi alguém descuidado.

— Deixei destrancado pois sabia que você viria hoje. — Caminhou mais para frente, aproximando-se de Iruka que agora recobrava a postura, aliviado. — Me perdoe caso tenha lhe preocupado, não foi minha intenção. Descanse um pouco e depois conversamos.

— Perdeste a noção do perigo, Kakashi? Você nem sabia se eu realmente viria lhe visitar hoje — falou com uma postura completamente diferente, cruzando os braços enquanto encarava o amigo de longa data. — Você é um homem importante, não pense que as pessoas esquecem disso com facilidade. E ainda mais agora que me parece que estás completamente sozinho.

— Iruka, trate de relaxar. Eu estou bem, certo?

Não respondeu o Hatake, se limitando a apenas assentir enquanto acompanhava a movimentação dele pelo terreno.

Devir - KakaIru!AUOnde histórias criam vida. Descubra agora