Conselho inesperado

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"Os seres aos quais servimos de amparo são para nós um apoio na vida."

Marie Eschenbach



Iruka

— Nem tente fugir de mim, Naruto! — falou em um tom exageradamente rouco, fazendo o garoto rir alto antes de começar a caminhar de forma desajeitada em um ritmo acelerado. — O monstro Iruka vai te pegar! — Agarrou o loiro fazendo cócegas nele em seguida, divertindo-se com as gargalhadas que ouvia.

Sente orgulho do menino que cresce a cada dia, se sente parte desse crescimento e de fato faz. Mesmo que não seja o pai dele, Kakashi orgulhosamente possui esse título, pode se ver ao menos como um parente. E, com sorte, Naruto lhe verá como alguém íntimo no futuro.

— Outra vez, certo? — Soltou o garoto que logo começou a andar pela sala da casa, tomando distância do Umino. — Vou contar até dez, então, trate de correr.

Demorou mais que o normal com a contagem mental, admirando como os pezinhos pequenos do bebê tocavam o chão. Porém, seria injusto com ele continuar fingindo que ainda contava e, por isso, não demorou em o segurar nos braços mais uma vez, novamente ouvindo risadas em resposta.

Se assustou quando ouviu o som ritmado das batidas no portão externo da casa, mas logo suavizou a expressão — temendo ter assustado Naruto com sua reação — e caminhou até a janela frontal, estreitando os olhos tentando reconhecer a figura no portão férreo. Quando notou que não conseguia reconhecer, simplesmente aninhou Naruto melhor nos braços e abriu a porta da casa, disposto a ir recepcionar a visita inesperada.


— Não acredito que é realmente você — falou ainda surpreso, mesmo que já tenha aberto o portão e permitido que a pessoa caminhasse junto de si para o interior da casa —, Kurenai. Anos se passaram desde que nós nos vimos pela última vez, se eu estivesse com as mãos livres, juro que te daria um abraço.

— Meu casamento foi a última vez que nós nos vimos, depois só me encontrei com Kakashi algumas vezes e cobrarei o abraço outrora. — Ela parecia a mesma pessoa de anos atrás, somente os olhos agora possuíam sutis linhas de expressão. — Bem, você já sabe do Asuma, certo? Não quero ter que lhe dar explicações, os anos passam e eu ainda não me sinto confortável falando sobre isso.

— Sim, eu sinto muito. — Asuma foi um dos homens que serviu ao exército durante a guerra e faz parte dos vários que jamais voltaram. Mesmo que a família Sarutobi fosse uma família de posse o homem desejou honrar seu dever cívico e se alistou.

— Ele fez o que achou certo, mesmo que seja doloroso... sei que ele morreu satisfeito. Eu fiquei para trás, pronta para lidar com as dores da saudade — falou com um sorriso fino nos lábios rosados. — Quem é esse bebê lindo?

— O nome dele é Naruto, ele é meu.... Ele é filho de Kakashi. — Sentiu o rosto queimar pela breve confusão, quase afirmou que Naruto era seu filho, mas se a mulher notou algo nada fez para demonstrar. — Uma mulher o deixou há alguns dias e ele decidiu que cuidaria dele.

— Entendo. Muitos bebês estão sendo deixados nas portas das pessoas de condições, mais um dos males da guerra. Se você está aqui com ele, significa que você e Kakashi finalmente estão morando juntos?

— Sim, eu estou o ajudando a cuidar do filho, mas não sei se será algo permanente. — Parou de falar quando chegaram em frente a porta e esperou a mulher tomar a iniciativa de adentrar na casa para fazer o mesmo. — Vou dar banho em Naruto e ver se ele deseja cochilar, você pode esperar um pouco?

Devir - KakaIru!AUOnde histórias criam vida. Descubra agora