Compreender o desconhecido

763 114 20
                                    

"O segredo da saúde, mental e corporal, está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas, viver sabia e seriamente o presente."

Buda


Iruka

Se sentou na cama forrada com um fino lençol branco, olhando para a janela que agora mostra o límpido céu da manhã de Londres. Apertou o lençol com força antes de respirar fundo, a verdade é que não tem a menor ideia se está fazendo o que é certo — conviver com Kakashi por todo esse tempo com certeza será doloroso. Entretanto, jamais poderia deixar de ajudar o homem com sua nova jornada, cuidar do pequeno Naruto com certeza é demais para suas habilidades atuais.

O grisalho nunca teve uma figura materna, ou melhor, sua mãe foi a figura materna dele e isso era pouco, ele só sabe agir como Sakumo e o Hatake mais velho poderia amar o filho, mas não sabia como ser um pai presente. Ou seja, Kakashi não sabe como é cuidar de uma família, como é educar um filho por todas as etapas de sua vida.

— Iruka? — A voz do mais velho foi seguida de duas batidas sutis na porta de madeira, tirando o Umino de seus pensamentos.

— Pode entrar, Kakashi.

O homem não demorou para rodar a maçaneta da porta e adentrar no quarto que agora pertencia ao moreno. O quarto de fato não é nada de mais, preferiu escolher um dos quartos do andar debaixo — que são feitos para hóspedes, ou até mesmo funcionários —, se sentiria mal se usasse um que já foi reservado a membros da família Hatake.

Kakashi caminhou até a cama onde Iruka está sentado e não fez cerimônia em sentar-se ao lado dele, fazendo com que o colchão afundou devido ao seu peso. O silêncio logo tomou conta do ambiente, Iruka não precisava olhar para o amigo para saber que ele está pensando em algo, a situação é estranha para ele da mesma forma, afinal.

— O quarto de Naruto já foi organizado, o berço e outros móveis que tinham por aqui ainda serviam. Conversei com o juiz sobre sua adoção, muito em breve serei legalmente o pai dele, hoje mesmo pretendo resolver essa questão da legalidade — falou sem olhar diretamente para o Umino, encarava um ponto qualquer do cômodo. — Mais uma vez, preciso te agradecer por aceitar me auxiliar nesse momento.

— Já passamos desta fase de formalidade. Tu és o pai dele, então o tenho como meu familiar e você não me pediria ajuda se não precisasse. Vai demorar para nós nos acostumarmos com esta rotina, você deixará de viver sozinho para partilhar a residência comigo e com um bebê, porém, tenho fé de que as coisas darão certo.

— Quero que se lembre que não és meu funcionário, esta casa também é sua. Inclusive, peço me informe o que precisa para suas "coisas de pesquisador", pretendo pedir para um conhecido comerciante lhe trazer tudo o que necessitas.

Uma risada baixa escapou de seus lábios, acha graça do jeito que para o Hatake sua formação é um completo mistério; como se fosse algum tipo de pessoa ímpar. O outro limitou-se a arquear uma das sobrancelhas enquanto olhava em sua direção, fingindo estar incomodado com a situação, mesmo que seu olhar divertido fosse o bastante para desmentir a reação negativa.

— Sei que não sou teu funcionário, nem se preocupe com isso, eu não pretendo mudar meu comportamento contigo. — Se moveu um pouco para o lado, tocando o seu ombro no de Kakashi. Levantou o olhar, encontrando os orbes negros que ainda o fitavam com a usual tranquilidade. — Seus olhos voltaram a brilhar, antes não passava de um olhar cinzento. Espero que ser pai te ajude a passar por essa situação.

Devir - KakaIru!AUOnde histórias criam vida. Descubra agora