• Klaus | Parceiro (parte 1)

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Meus pés sobem desesperados as escadas de madeira antiga.

Puxo a chave do bolso da calça com pressa e, enquanto giro a chave na maçaneta, sinto meu coração pulsar como se estivesse saindo pela boca.

E quando finalmente consigo abrir a porta, meus pés tropeçam para dentro do apartamento.

Minhas costas se colam à porta fechada e meus olhos se fecham enquanto respiro fundo numa tentativa de recuperar a minha respiração.

Eu havia perdido totalmente o controle hoje.

Foi tudo tão rápido, tão intenso, que sequer tive tempo de pensar e reagir.

Esta noite eu perdi o controle.

E pus tudo a perder.

Com a respiração mais calma, vou até o telefone sem fio disposto na pequena mesa de centro na sala. Meus dedos digitando os números há muito conhecidos com agilidade.

Cinco longos e irritantes toques se passam, até a voz gravada começar a falar.

"Você ligou para Sophie Deveraux. No momento, não posso atendê-lo. Deixe seu recado e retornarei mais tarde."

Aperto com força o botão de desligar.

— Maldita Sophie. – digo com raiva. – A culpa disso tudo é sua!

Ela devia ter me alertado. Devia ter me avisado.

Desde que voltei a Nova Orleans, Sophie Deveraux é a responsável pelo meu único meio de sobrevivência na terra.

Era dela a tarefa de me esconder de um destino cruel.

E agora, por causa dela, eu estava arruinada.

Sento-me no sofá e apoio meus cotovelos nos joelhos. Minhas mãos seguram meu rosto.

— O que eu vou fazer agora? – eu digo em total negação.

Ele virá até mim.

A criatura da qual fugi por quinhentos anos.

Meu parceiro.

O feitiço era o responsável por me manter longe dele por todos esses séculos. O encanto que escondia o laço eterno que nos unia.

O laço de merda com um parceiro idiota.

Eu definitivamente não queria isso para a minha vida.

Durante anos vi as lobas da minha matilha sofrendo nas garras de parceiros cruéis, machistas. Que se sentiam no direito de ter alguma posse sobre elas.

Só porque uma lua idiota decidiu que todos os lobos deveriam ter uma parceira.

Eu vi a minha mãe sofrer. Eu a vi sendo machucada, maltratada, eu a vi chorar junto com minhas irmãs mais velhas.

Os machos da minha espécie são verdadeiros monstros. Uns escrotos.

Eu não seria a cadela de um deles.

Então no dia em que senti a presença daquele que me fora destinado, eu fiz o que qualquer mulher inteligente faria: fugir.

Eu fugi. Fui para o lugar mais longe que consegui. Arrumei uma boa bruxa e paguei o suficiente para faze-la criar um feitiço que me separasse do maldito.

Mas acontece que o laço da lua não pode ser quebrado nem mesmo pelo ser mais poderoso.

Então só me restara um feitiço de ocultamento mais potente que o normal.

Para me livrar do meu parceiro, eu precisei esconder o laço que me unia a ele. Precisei sufocar nossa ligação de maneira que o fizesse senti-la morta, e não mais me procurar.

Mas como toda magia tem um preço, o meu foi esconder a minha loba.

Eu precisei sufocar a loba dentro de mim juntamente com o laço. Como a ligação de parceiros é algo ligado a licantropia, nada mais justo que desligá-la também.

Eu só precisava renovar de tempos em tempos o feitiço, de modo a libertar minha loba por algumas horas em um local fechado e sela-la novamente.

A bruxa Deveraux deveria ter me avisado da validade. Deveria ter me dito que era hora de renovar o feitiço.

Mas a desgraçada não avisou. E como resultado, minha loba arrebentou com tudo em plena rua.

Eu ainda consegui correr para um beco escuro antes de me transformar por completo.

E enquanto estava sob quatro patas, eu o senti. Seu cheiro inebriante invadindo minhas narinas. O laço pulsante o chamando para perto.

Eu dei o azar de estar na mesma cidade que ele. Na mesma rua, no mesmo dia e horário.

Agora que sabia que eu não estava morta, ele viria atrás de mim. Me reivindicaria como sua parceira.

Eu pude sentir o lobo dele. A vibração que emanava da sua essência. Era poderosa e forte. Era diferente.

Eu havia sentido aquela diferença na primeira vez em que topei com seu cheiro em uma floresta. Apesar do lobo dele parecer... trancafiado, eu conseguia percebe-lo por cima da coisa escura e poderosa nele.

Apenas mais um motivo para teme-lo. Apenas mais uma motivação para fazer o que eu fazia a tanto tempo: fugir.

Levantei-me num salto do sofá e rumei para o lado do loft onde ficava o meu quarto.

Minhas mãos puxaram a mala preta debaixo da cama para fora.

Tão logo largo-a aberta na cama, vou até meu guarda roupa. Abro-o e tiro todas as minhas roupas, sapatos e tudo o mais que possa existir.

Com pressa, soco tudo na mala.

Não havia tempo a perder. Eu iria para o aeroporto e daria o preço que fosse para o lugar mais longe que tivesse.

Arrumaria uma bruxa decente e mandaria refazer o feitiço.

Eu me livraria do idiota e viveria feliz outra vez.

Peguei a mala pesada e a coloquei no chão. O barulho das rodas no piso de madeira conforme eu a levava para a sala.

Pego minha bolsa de couro rosa. Sempre preparada para emergências.

— Tudo certo. Eu só... – começo a dizer para mim mesma.

Mas minhas palavras são cortadas com o barulho da campainhia.

E o cheiro dele do outro lado.

Meu coração gela ao sentir a fragrância tão gostosa e tão temível.

Ele está aqui.

Meu parceiro.

Nosso laço o trouxe até aqui.

Eu sabia que não havia nada mais que eu pudesse fazer agora. Ele ouviria se eu saísse pela janela ou me escondesse em algum lugar.

Então eu fiz a única coisa que eu poderia fazer.

Meus pés caminharam a contra gosto para a porta. Minha mão agarrou a maçaneta dourada, e eu respirei fundo antes de olhar na cara daquele que nunca quis conhecer.

Puxando a maçaneta para o lado, eu abri a porta.

Ele estava lá. Na minha frente.

Um pequeno sorriso de canto se abriu em seus lábios a olhar para mim.

E então, ele falou.

— Olá, love.

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CRÉDITOS: @autoralaurabellini ♡

Gente, a Laura decidiu criar uma fic do conto que ela fez do Stefan, "Nosso Elo" (que foi publicado aqui no meu livro) e tbm está escrevendo uma fic do Damon.... Vão lá dar biscoitos pra ela no perfil @petrovasaltavore 😉

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