Harumi
Adentrando os portões da Universidade de Tokyo, aspirando aquele ar fresco e puro de bom grado, eu admirava o dia ensolarado. Nada conseguiria estragar o fato de que havia finalmente conquistado meu sonho e o mais impressionante: convencido os pais de que eu era responsável o suficiente para morar sozinha na capital.
- Harumi Matsuno, você tem certeza de que quer ficar?- dizia Sayuri às lágrimas, seu passarinho estava criando asas e deixando o conforto do ninho.
Rapidamente, me desviei dos pensamentos que invadiam minha mente ali, dominados pelas possibilidades que estavam à minha frente e tornei a realidade para olhar a expressão de minha mãe. Como era dramática!
Como de costume, Ren, meu atencioso pai, escondia seus anseios com um convincente sorriso no rosto e tinha os braços posicionados nos ombros de minha mãe como se pretendesse acalmá-la e apoiá-la ao mesmo tempo. Afinal, confiava plenamente na decisão que tomou ao autorizar a admissão de sua única filha na faculdade, ainda que doesse vê-la subitamente tão independente.
Sorri pacientemente e segurei as lágrimas pela centésima vez naquele dia, senti que seria a melhor forma de assegurar a eles que nada de ruim aconteceria a mim.
Após mais alguns minutos repetindo as despedidas, meu pai conduziu minha mãe ao carro alugado estacionado na esquina da rua. Então, quando o veículo enfim deu partida, uma esbelta garota que exibia seus sedosos cabelos castanhos-claro com confiança se aproximou sorridente, parecia receptiva. E enquanto andava, notei que era popular pela quantidade de cumprimentos que distribuiu pelo caminho.
Confesso que por mais que odiasse admitir, a sensação de que hoje nada poderia me abalar estava sendo apagada. Teria de enfrentar o desafio de ser a novata numa cidade que não conhecia além das fotos exploradas minuciosamente pela internet.
Estar sozinha de novo era um problema que não gostaria de confrontar, não agora quando estava tão decidida a me dedicar aos estudos.
Vestida apropriadamente para o ambiente escolar com uma calça cintura alta e um moletom que carregava as siglas da universidade, a quase loira parou na minha frente.
- Você é Matsuno, Harumi, certo? Prazer, meu nome é Yamanaka, Sarah!
Na cultura japonesa, o recomendado é chamar alguém por seu sobrenome quando não são íntimas
- Bom, sim...mas como você sabe?- perguntei meio sem graça.
- Ah! Sou a encarregada de te guiar e vou ser sua colega de quarto também.- ela sorriu novamente.
- Nesse caso, prazer em conhecê-la Yamanaka, pra onde vamos primeiro?
- Agora que já te dei meu nome, como pede o protocolo- fez careta- Pode me chamar de Sarah.- afirmou e eu sorri em resposta.
- Que tal começarmos deixando essas malas no quarto?- observou a carga em minhas mãos- Você trouxe pouca bagagem, eu quase embalei meu quarto inteiro quando eu vim.
- Ótima ideia, trouxe pouca coisa mas, elas estão começando a pesar.- reclamei e ela me ofereceu auxílio, pegando uma das minhas malas.
A insegurança que antes atormentava com a ideia de lidar com a solidão que uma cidade grande como Tokyo causaria logo foi derrubada, Sarah sem dúvidas se tornaria uma companhia divertida.
- Para a sua sorte, o nosso quarto é no térreo.- Sarah informou e eu suspirei em alívio.
Estávamos deixando a entrada e nos direcionando para os dormitórios quando de repente, minha atenção foi roubada. Ouvi um alto latido vindo na direção oposta e logo me virei para checar.
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Consequências || Kiba x Oc
Fiksi PenggemarCompletando sua 18ª primavera, Harumi Matsuno ingressa na mais prestigiada universidade de Tokyo para cursar jornalismo e se muda para a movimentada capital. Estava determinada a deixar seu trágico passado amoroso para trás durante o curso até seus...