- Por que será que estou com a sensação de que fiz merda ou vou entrar em encrenca? - Resmungo ao entrar na sala que até alguns dias atrás pertencia ao meu pai.
- Talvez por que você fazia muita merda e era sempre chamada aqui pra levar esporro - Vejo Mariana se levantando da cadeira rindo e vindo em minha direção.
- Mas é muita lembrança ruim, num lugar só gente. - Digo olhando cada centímetro da sala, que não mudou nadinha. - Está tudo igual.
- Bem, Marcelo não era muito a favor de mudanças.
- Sei bem. - Vou até a janela e vejo um pessoal sentado conversando. - Não mudou nada. - Digo me referindo aos alunos. - Então - Vou em direção a uma das cadeira disponíveis a mesa. - Qual o plano?
- Não sei. - Mariana responde indo até a outra cadeira, de frente pra mim. - Honestamente não sei, nunca assumi isso aqui, era sempre Marcelo e minha... - Ela faz uma pausa e sei de quem estava falando. - madrasta.
- Falando nela, que tal me atualizar? - Ela nega com a cabeça mas cede.
- Não que esteja merecendo mas... - Ela levantou e foi até a janela, se inclinando sobre a mesma olhando pra mim, mas não nos meus olhos. - Tentando resumir, ela e Marcelo estavam em uma fase ruim, eles nunca me falavam sobre o que mas dava pra ver. Como não morava com eles e nem era la muito chegada, ficava de fora. Mas uns meses atrás, Marcelo vinha ficando mais gentil, sei lá - Ela tentava procurar por palavras e eu tentava acreditar no que ela estava falando. - Eu sei que ele começou a me ligar, queria marcar café, conversa da escola... - Ela olhou nos meus olhos por um segundo - Se eu fosse paranoica ia jurar que ele sabia que ia morrer, ainda teve o lance de ele cismar que queria fazer um testamento.
- Realmente, são coisas bem estranhas.
- Mas a coisa ficou feia mesmo quando, ela descobriu pelo Guilherme que não tinha ficado com nada. - Nessa hora arregalo meus olhos em surpresa.
- Como assim?
- Guilherme disse que ele foi bem específico em não deixar nada pra minha madrasta, ela surtou. - Mariana gesticulava tentando explicar o que estava falando.
- Mas isso não faz sentido, eles era casados certo? Ela tem direito as coisas, 50% não é isso? - levanto e começo a andar, preciso me movimentar.
- Não com um testamento, tendo todos os bens detalhados e o que fazer com cada um, não precisa nem ser familiar. - Provavelmente ela já perguntou pro Guilherme sobre essas coisas.
- E o Guilherme não sabe dizer o que o Marcelo estava pensando?
- Não, ele disse que Marcelo era bem decidido e não explicava nada, mas Guilherme disse que Marcelo estava bem ciente do que estava fazendo.
- O que a Malu fez depois de surtar?
- Sumiu
- Oi?
- Depois que me encontrei com você da leitura do testamento, me encontrei com ela a noite pra contar, Marcela, nunca vi minha madrasta daquela forma. - Eu tento dar um sorriso amigável mas ela não compra - Sei que ela não era flor pra se cheirar, mas era minha segunda mãe, já não a ouvia mais e nem precisava mais dela, mas ainda sim era minha segunda mãe. - Ela olhava pra cima como que procurando por apoio e eu fiquei quieta. - Não consigo simplesmente me desligar das pessoas - Essa foi diretamente pra mim, só não doeu mais pois sei que ela não tem ideia do que passei, do que Marcelo fez, o que me fez sair daqui. E agora não adiantava falar disso, tinham outras coisas na frente. - Acredita que ela ainda disse que ia ser diretora só que estaria no meu nome apenas.
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Reconstruindo o AMOR
FanficMarcela Mc Gowan, dona de uma das mais badaladas galerias de Nova York, se vê pela primeira vez em anos perdida. Ao receber uma ligação de sua mãe avisando que seu pai faleceu, a artista se vê obrigada a voltar ao Brasil não só pelo enterro mas pela...