Demoro um tempinho para lembrar como andar e me mover, quando ouço Mariana se despedindo de Marcela, corro para o sofá e volto a me deitar como se nada tivesse acontecido. Fecho os olhos e tento acalmar minha respiração, a porta se abre bem devagar e mais devagar ainda se fecha, ouço Mariana sussurrar para porta não fazer barulho e consigo ouvir seus passos se aproximando. O sofá afunda ao meu lado e sinto suas mãos em meus cabelos.
- Gi - Mariana chama baixinho. - ou. - Ela mexe nos meus ombros e abro os olhos bem devagar, fingindo dificuldade. - Tenho que ir, melhor ir para cama. - Ela me dá um sorriso, e me levanto me espreguiçando falsamente mas acho que ela comprou a ideia, não é como se fosse passar pela cabeça dela que eu estava ouvindo a conversa dela e de sua irmã.
- Tudo bem. - Digo a abraçando. - Obrigada pela companhia e pela conversa.
- Até parece que não viria né Gi, estarei sempre aqui, agora vai dormir e tenta organizar esses sentimentos ai, amanhã tenho hora marcada com uns pais, mas só depois do almoço até por que pela hora, não vou acordar tão cedo.
- Vai lá amiga. - A sigo até a porta e nos despedimos, pego meu celular para olhar a minha agenda e agradeço pela minha manhã também estar livre, bem livre de ter que ver alguém, mas preciso terminar uns projetos e enviar, mas não precisa ser tão cedo.
Vou à cozinha pegar um copo d'água e a voz da Marcela falando que me amava e que ficaria aqui para sempre ecoando na minha mente. Ficar pensando nela e nos meus sentimentos na hora de dormir, já tinha se tornado normal para mim, o que eu sinto por ela? O que eu sinto por ela? A pergunta se repete na minha cabeça várias vezes e acabo dormindo sem ter uma resposta concreta.
Acordo um pouco mais leve, rapidamente os eventos da noite anterior voltam a minha mente e demoro mais que o normal para sair da cama, mas com muito esforço decido que preciso voltar a minha vida, Marcela está ali ao lado e como ela mesmo disso, não precisamos resolver isso hoje, temos tempo, tenho que pensar mas não posso deixar de viver minha vida. Depois de devidamente limpa e alimentada vou para o escritório que tenho no outro quarto e começo a trabalhar nos projetos em aberto. Conforme vou trabalhando minha mente vai se organizando, e vou deixando as confusões de lado, focando apenas nos projetos.
Vejo que Mariana mandou umas mensagens pra verificar se estava tudo bem e a tranquilizo, digo que estou trabalhando, vejo o nome de Gabriel logo em baixo e lembro que ele não sabe que descobri o motivo da Marcela ter ido embora, penso por uns minutos e logo mando mensagem perguntando se estaria livre para um almoço ou lanche, teria que passar no escritório a tarde.
Não demora muito para ele responder que estava muito ocupado hoje mas que amanhã teria a tarde livre. Volto minha atenção para a tela do computador e tento me deixar levar pelo trabalho.
--------- Marcela POV -------
- Carol, está tudo bem, não tem problema, me escuta. - Tento acalmar minha assistente que acabou de saber de um vazamento e que não teria tempo de retocar as paredes, teria tempo de resolver o encanamento mas não as paredes. Mas eu já conseguia ver como daria para tentar colocar as obras de artes cobrindo ou camuflando as partes das paredes que foram afetadas, tento explicar tudo e ela fica me mandando fotos.
Depois de horas no skype ela está mais calma mas repete como queria que eu estivesse lá, mas reforço que está tudo bem e que não posso e não vou voltar tão cedo, repito que confio nela e me despeço.
Já estávamos no meio da semana, alguns dias depois que Gizelly descobriu tudo e ainda não voltou a falar comigo, vou dar o tempo que ela precisar, mas até que o ano letivo acabe e eu tenha algo para fazer na escola, preciso arrumar alguma ocupação, já tinha combinado de jantar com as meninas aqui perto, mas não aguentava mais ficar vendo TV.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reconstruindo o AMOR
FanficMarcela Mc Gowan, dona de uma das mais badaladas galerias de Nova York, se vê pela primeira vez em anos perdida. Ao receber uma ligação de sua mãe avisando que seu pai faleceu, a artista se vê obrigada a voltar ao Brasil não só pelo enterro mas pela...