Capítulo 12 - Pensamentos confusos

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Não é preciso ser um gênio do sono, pra saber que não dormi nada, minha cabeça estava a mil por hora sem sinal de que ia parar. Já tentei diversas posições para dormir, já levantei e voltei a deitar, já vi TV, já tentei ler pra dar sono, e agora desisti de tentar e estou aqui sentada na varanda tomando um suco de maracujá pra ver se acalma meus pensamentos, creio que chá seria melhor opção mas não tenho chá, nada de álcool então foi suco mesmo. 

Olho pra lua e é inevitável não lembrar de todas as vezes que fazia isso com Gizelly, fosse na rua, na varanda de um de nossos apartamentos, era algo que nós duas apreciávamos. Será que ela ainda se acalma ao olhar para lua? Olho o relógio na parede da sala, 4 da manhã já, e nada de dormir, marquei de encontrar Mariana e Gizelly na escola as 10h. E aí me pergunto, como, como que irei olhar Gizelly, olhar pra ela se tornou algo tão absurdo dentro de mim que não sei nem explicar.

Fico feliz, preocupada, triste, curiosa, intrigada, atraída.... É muita coisa que uma só pessoa me causa, mas não estou surpresa, pois se trata dela, a única pessoa que já deixei entrar pelas minhas barreiras, a única que me fez querer tentar o felizes para sempre. Tento analisar a situação que aconteceu algumas horas atrás, se ela me beijou é por que ainda sente algo por mim? Se for, só bêbada mesmo para fazer algo, duvido que em sã consciência ela faria o que fez.

Não importa o quanto eu saiba que ela estava bêbada, como queria ter continuado aquele beijo, tantos anos sem e se possível me afeta mais ainda. Me inclino pra frente e levanto me apoiando na sacada da varanda e olhando a rua deserta de madrugada, a escola fechada quieta. Adoro a paz da noite, tudo parece mais calmo mais fresco, como se respirar fosse mais fácil. Olho pro céu, pra lua, pra rua, pro relógio e continuo sem sono. Sei que não adianta ligar para ninguém, talvez Carol mas ela não tem ideia do meu passado, não estou a fim de explicar tudo, vou ter que aguentar até de manhã. 

Decido voltar pra cama tentar fechar os olhos mais uma vez, mas sempre que fecho parece que meu corpo ganha a habilidade de voltar no tempo, por que parece que Gizelly está ali, e sinto tudo que senti durante o beijo, a pele arrepiar, o coração acelerar, a respiração ficar desregulada e sinto a necessidade de abrir os olhos para lembrar que ela não está ali, inferno não vou dormir nem um minuto hoje.

(...)

Olho minha olheiras no espelho pela noite de 2 horas dormidas, não sou fã de maquiagem mas não quero perguntas da Mariana, e nem preciso que Gizelly saiba como fiquei, isso é se ela lembrar o que aconteceu, pelo que vi, ela bebeu bastante.

Quando já acho que pareço uma pessoa normal e não um zumbi, vou pra escola encontra minha irmã, as coisas estavam melhorando entre a gente, apesar de ainda existir uma certa distancia emocional, conseguíamos ter conversas decentes, desde que não fosse sobre sua melhor amiga e minha vizinha. Aí ela entra em modo de defesa e eu não conseguia nem mais falar. Mas sou grata por Gizelly ter tido ela quando fui embora.

Já são 9:30 mas não me preocupo, chego em 10, e ainda nem ouvi a porta ao lado abrir, por que desde ontem que fico atenta para qualquer barulho no apartamento ao lado. Qualquer sinal que possa me dizer o que está acontecendo lá, nunca quis tanto que uma parede fosse invisível.

Tomo café com calma e saio trancando a porta atrás de mim, perco alguns minutos olhando a porta do 301, chego a levantar a mão para bater mas dou pra trás e sigo para o elevador. Aperto  botão de descer e não demora muito para ele chegar, entro e aperto o térreo, a porta está quase fechando quando ouço passos corridos, sem pensar coloco a mão pra fora pra impedir as portas de fecharem de vez, elas abrem novamente e minha vizinha entra olhando pra baixo agradecendo no automático, até que percebe que sou eu e nossos olhos se cruzam.

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