Capítulo 30 - Chega de conversa

1.4K 110 52
                                    




Minha intenção não era correr, até por que na minha cabeça ninguém tinha me visto, mas parece que não foi bem assim, já estando a uma certa distancia da galeria, ouço meu nome ser chamado por uma voz não muito familiar, mas não nova. Resisto ao impulso automático de virar para ver quem me chama e continuo andando, a voz fica mais próxima e quando vejo que não vai a lugar nenhum paro de andar e chego para o lado, para sair do caminho e não ficar parada no meio da calçada.

Vejo Carol se aproximando de mim tentando recuperar o folego, ninguém mandou correr atrás de mim. Ela encosta na parede ao meu lado e faz sinal com a mão para que eu dê um minuto a ela, reviro os olhos, ela só pode estar de brincadeira.

- Acho que começamos da maneira errada. – Ela se endireita e estende a mão pra mim, que fico olhando como se ela fosse uma maluca. – Sou Carol. – Ela abaixa a mão quando vê que não vou me mover. – Desculpa pela confusão de manhã.

- Já passou – Digo me afastando da parede para continuar seguindo.

- Não passou não, se tivesse passado, teria entrado na galeria. – Não vem falar comigo como se me conhecesse não.

- O que você quer, Carol? – Sou curta e grossa, já não estava para muitos amigos, não queria papo, principalmente com estranhos.

- Me desculpar. – Ela diz me seguindo enquanto ando sem rumo, por que vamos ser honestos, não quero ir a lugar nenhum, só estou seguindo um certo fluxo de pessoas aqui esperando que de em algum lugar.

- Já se desculpou, pode voltar. – Não a olho em momento algum, fico olhando fixamente para minha frente, mas ela tem outros planos e me puxa para encara-la. – Me solta! – Puxo meu braço de volta.

- Foi mal. – Ela me solta. – Olha, só estou tentando ajudar uma amiga, toma um café comigo, só isso, depois não falo mais com você pode esquecer que existo sei lá.

Paro por uns segundos e percebo que ela não iria desistir facilmente, e como já não estava lá com muitas forças para combates verbais, acabo me rendendo. Ela me guia até uma cafeteria na mesma rua em que estávamos, porém um pouco antes. Já percebo que ela conhece o pessoal daqui quando sai cumprimentando todos que estão do outro lado do balcão e vai até uma daquelas cabines de forma natural. Não demora muito para sermos atendidas, não peço nada, tinha acabado de tomar café antes de ir até a galeria, Carol não discute e pede um café para ela.

- Gizelly né? – Ela me olha e fico encarando como, sério? Você tava berrando meu nome na rua e eu parei, e tá me perguntando isso? Tá bem, talvez minha paciência estivesse mais curta que o normal. – Eu sei que a Marcela já explicou que não aconteceu nada, espero que tenha acreditado nela.

- Já acreditei sim, se não tivesse, quando você ficou surpresa por ela gostar de mulheres teria me feito acreditar. – Digo olhando para janela e ao redor, sinto que ela está me analisando e não consigo a encarar.

- Então por que está aqui e não lá com ela? – Ela me pergunta como se não entendesse, e realmente não entende, não sei nem se eu entendo.

- Não é da sua conta.

- Realmente, o que você faz não é da minha conta, mas a felicidade da minha amiga é. – Pela primeira vez ela consegue minha atenção total.

- Ela está muito bem, trabalhando e feliz. Acabei de ver. – Digo e não sei por que estou dando satisfação.

- Como? – Solto o ar e reviro os olhos.

- Acabei de ver ela lá feliz trabalhando com o que ama, ela está bem.

Reconstruindo o AMOR Onde histórias criam vida. Descubra agora