Acordo contra minha vontade, o interfone não parava de tocar, me levanto e vou ver quem é acordo na marra assim que descubro ser o resto dos móveis que comprei para o quarto do Enzo, abro a portaria e deixo a porta do apartamento aberta. Os homens da loja não têm delicadeza nenhuma e fazem um barulho horrível, me desculpo mentalmente com os vizinhos, especialmente os de baixo, Sábado de manhã acordar com esse barulho todo não é de Deus.
Fico parada na sala guiando onde deixar cada coisa, quando ouço uma voz familiar dando bom dia aos caras e um sorriso acaba surgindo no meu rosto, incrível como só a presença dela consegue melhorar meu humor. Não olho em sua direção, fico atenta aos caras para não quebrarem nada, sei que ela está me olhando e vindo em minha direção, sinto uma expectativa em descobrir como irá me cumprimentar.
- Bom dia – Ela diz me fazendo virar e dar um sorriso que dizia desculpa ao vê-la com o dedo no ouvido assim que uma caixa chegou ao chão sem cuidado nenhum, juro que se tiver qualquer arranhão ou parte quebrada desses moveis a transportadora irá sofrer sérias consequências.
Não sabia se dava um abraço ou beijo na bochecha, não sabia como cumprimentar a minha vizinha então optei por ficar parada e com mais um barulho olhei na direção do quarto, já era a última caixa. Fui ver como eles tinham colocado tudo e coloquei a mão na testa analisando a falta de organização. Uma caixa em cima da outra, grandes em cima de pequenas, umas meio inclinadas, que transportadora de lixo. Pelo menos tinha acabado.
- Nunca mais compro nessa loja, não com essa transportadora pelo menos. – Disse em voz alta.
- É muito difícil achar transportadoras boas, acredite, sofri muito com isso. – Ela disse se aproximando e olhando o quarto que se encontrava cheio de caixas.
- Quarto do Enzo – Expliquei, e ela rapidamente consentiu lembrando de que ele iria morar comigo. Ele ia morar comigo! Cacete como vou fazer se tiver que ir pra NY de novo? Será que Gizelly olharia ele? Ele precisa? Droga como fui esquecer disso.
- Que foi? – Volta a realidade com o toque de Gizelly em meu ombro e penso rápido numa desculpa.
- Pensando em como organizar isso tudo. – Ela estreita os olhos e decido acrescentar. – Os meninos tinham ficado de ajudar, vou mandar uma mensagem pra Bia e pra Mari falando que tudo já chegou. – Saio dali rápido e não tenho certeza se ela acreditou que esse era o problema na minha cabeça mas acredito que ela não iria perguntar de novo.
Sigo para sala, onde deixei meu celular e mando mensagem por que não eram nem 9 horas da manhã, se não fossem os móveis eu ainda estaria dormindo.
- Já tomou café? – Ela surge no corredor e percebo que não havia tomado nada, sacudo a cabeça em negação – Quer tomar café lá em casa? – Ela pergunta casualmente e eu não consigo esconder o sorriso de idiota que deve estar na minha cara.
- Adoraria, vou só tomar um banho antes, tudo bem?
- Claro, vou indo então arrumar as coisas. – Ela diz saindo e juro que vi um sorriso no rosto dela também. O nervosismo que sinto perto dela chega a berar o ridículo pra minha idade mas não consigo evitar.
Corro pro banho sorrindo que nem criança, e agradecendo por não ter afastado ela com a mudança de humor ontem, parece que ela está querendo mesmo se reaproximar mas queria tanto que ela chegasse e falasse logo o que ela quer, estou focada em recuperar a amizade e se uma coisa levar a outra não serei eu a reclamar.
Saio com roupa de ficar em casa mesmo, afinal estou apenas indo tomar café na casa da vizinha, vou de short e camiseta mesmo, fecho minha porta atrás de mim e dou umas leves batidas no 301 rapidamente seguidas por um entre vindo lá de dentro, abri a porta devagar e como já esperado era um apartamento igual ao meu porém com os lado invertidos, logo assim que entrei vi a cozinha direita, onde Gizelly estava pegando uma jarra de Suco na geladeira.
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Reconstruindo o AMOR
FanficMarcela Mc Gowan, dona de uma das mais badaladas galerias de Nova York, se vê pela primeira vez em anos perdida. Ao receber uma ligação de sua mãe avisando que seu pai faleceu, a artista se vê obrigada a voltar ao Brasil não só pelo enterro mas pela...