Durante o restante da tarde Louise não conseguia pensar em outra coisa a não no pai, sentiu que aquele havia sido o último encontro, chorou o restante da noite até adormecer, em uma pequena cadeira estofada de frente a janela, o rosto ainda inchado e molhado evidenciava um longo choro, Phyllype ao retornar de madrugada para casa, ficou pesaroso ao ver Louise naquele estado, brigou consigo mesmo, por achar ser o motivo das lagrimas da esposa. Com o máximo de cuidado pegou Louise no colo e colocou a na cama, trocou-se e deitou abraçando o corpo gelado da esposa, que apenas remexeu na cama e se acomodou nos braços de Phyllype.
No dia seguinte Louise acordou sentindo a cabeça pesar e ao mesmo tempo confortável, ao abrir os olhos se assustou com a presença do marido abraçado a ela e seminu, ficou por alguns segundos observando-o dormir calmamente, ele parecia estar confortável, lembrou-se do que o pai havia pedido, pensou em como seria se eles fossem um casal de verdade, imaginou cada toque e cada ação, balançou a cabeça para espantar as imagens que surgiam em sua mente, só então percebeu que estava ofegante e triste, pois ele certamente nunca a veria como mulher. Logo ele começou a despertar e Louise rapidamente fingiu estar adormecida, sentiu ele respirar fundo em seu pescoço e se levantar sem movimentos bruscos, esperou que ele saísse do quarto para se levantar.
Louise passou o restante do dia, no quarto quieta, não tinha animo para ler e muito menos para sair, mesmo que ainda estivesse curiosa para desvendar o mistério do orfanato.
_ Louise?
_ Sim! Respondeu ela saindo de seus pensamentos.
_ O que aconteceu? Estas muito quieta e calada!
_ Só estou pensando em algumas coisas!
_ É poderia eu saber quais coisas são essas?
Louise não queria falar sobre a visita do pai, poderia não segurar o choro e não queria que ele a visse tão fragilizada.
_ Ahh... você já foi ao orfanato da cidade... aquele caindo aos pedaços?
_ Não exatamente, apenas passei por lá algumas vezes, quando voltava de certas noites com os amigos!
_ Ah sim! Posso imaginar de que tipo de noites estas falando!
_ Não, não pode, você não...
_ Tenho que sair. Disse já se levantando e indo em direção a porta.
Precisava se distrair e a melhor maneira de efetuar essa proeza seria indo atrás de alguém que talvez já tenha no orfanato, caminhou até o quarto onde morava o doutor, sabia que era errado, afinal já era tarde ele poderia estar descansando, bateu na porta duas vezes até ela ser aberta por um homem alto e com o sorriso encantador, quando Fernando viu Louise em sua porta ficou surpreso e desconcertado.
_ Boa noite...
_ Boa noite, a senhora está se sentindo mau?
_ Aan, não... quer dizer estou sim eu gostaria de conversar com o senhor sobre outro assunto! Se não for incômodo!
_ Ah sim, claro, gostaria de entrar?
_ Acho melhor darmos um passeio o que acha?
_ Claro, que tolice a minha!
Os passearam pelo hotel e então Louise contou-lhe sobre sua curiosidade em relação ao orfanato e as poucas e assustadoras coisas que viu e ouviu enquanto passava por lá.
_ Sou novo na cidade, contudo já cuidei de algumas crianças, algumas em estados graves, doenças e lesões, no início procurei saber como era o orfanato, cheguei a visitar, porem nunca me deixaram entrar, alguns pacientes me contaram que aquelas crianças viviam nas ruas da cidade, então uma senhora rica e viúva abrigou todas as crianças em sua casa, contudo logo ela faleceu e a casa ficou sobre o comando de sua irmã mais nova, que ficou com toda herança, ela queria librar-se das crianças, mas não pode, pois no testamento dizia que ela só ficaria com a herança se cuidasse dos órfãos...porem ela não soube administrar a fortuna da irmã e foi à falência, sobrando apenas a casa, que ainda hoje é o orfanato, como ela não tem dinheiro, obriga as crianças a pedirem dinheiro pelas ruas ou as vende... isso foi o que ouvi, mas não sei ao certo se eres verdade.
Louise ficou indignada
_ Como... porque... ninguém faz nada?
_ As pessoas estão focadas nelas mesma senhora Monreool... por isso não enxergam os problemas dos outros!
_Louise, pode me chamar de Louise.
Louise retornou para o seu quarto enfurecida, com o fato de tamanha falta de compaixão com aquelas crianças, ao entrar no quarto se deparou com seu marido sentado na cama e cabisbaixo, os olhos vermelhos e os cabelos desgrenhados, Louise sentiu o peito arder, no fundo sabia do que se tratava, mas se negava a acreditar.
_ Eu... sinto muito Louise...
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Fadada ao Amor
RomanceSéculo XIX Em uma época, onde o único destino das mulheres era o casamento arranjado, Louise Ockerman sonhava com um futuro diferente, daquele que haviam traçado para ela. Lutar contra o casamento será uma tormenta que ela tentará fugir, mas no cami...