•Polaroid• Vhope

•26•

É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Boa sorte - Vanessa da Mata

Horas antes...

        Letícia encarava a varanda de seu quarto, enquanto se lembrava da noite anterior. Quem Jaebeom acha que era, para pedir satisfações sobre quem ela fica ou deixa de ficar? Chegando e tomando partido como se nada tivesse acontecido... depois do que ele fez?! A brasileira estava a beira de ter um colapso, pensando em como ver ele ainda doía demais nela. As lembranças do tempo que passaram junto ainda mexem com a cabeça e o sentimento da garota, mas mesmo sentindo, ela tenta os impedir com o muro que é as lembranças do que ele fez. Era tudo culpa dele de qualquer forma.

       Se levantou sem nenhum ânimo e entrou no banheiro, notando seus olhos inchados pelo choro e seus cabelos mais rebeldes do que o costume. Na madrugada anterior ela chegou em casa derrotada, jogando as coisas para qualquer lado sem conseguir sequer olhar aonde andava devido as lágrimas que lhe atrapalharam a visão. Se lembra de ter abraçado a almofada com as pernas, se odiando por ter ficado bonita para no final se encontrar com quem ela não deveria. O destino era realmente uma merda.

      Tomou um banho mais longo do que o costume, deitada na banheira enquanto se perguntava o porquê de ainda ficar com tanta raiva de si mesma. "A culpa não era sua, era dele!" Era o que ela repetia quase todos os dias depois do que aconteceu, mas era mesmo verdade? Ela não tinha nenhuma parcela de culpa no que aconteceu? Bem, ela preferia acreditar que não. Mas ele fez tudo que podia para tentar ajudar, e ela se negou, talvez a culpa fosse dela, não é mesmo? Bem, ela não acreditava nisso. Não queria acreditar.

       Mas irritada do que na noite anterior ela saiu vestida do banheiro, pronta para preparar algo pra comer e ver algum filme que a distraia da noite anterior e dos pensamentos que sempre voltavam para o Park. Quando estava pronta para esquentar sua torta viu seu celular vibrando em cima da cama. Respirou fundo e caminhou até a cama, notando um número desconhecido. Pegou o celular e caminhou para a varanda, logo atendendo a ligação. Poderia ser algo importante do hospital, nunca se sabe.

      - Alô? - Letícia disse se sentando na cadeira da varanda e olhando o céu azul entre os prédios. Revirou os olhos quando não ouviu nada além de respiração do outro lado da linha. - Alô? Tem alguém ai? Se não responder eu vou desligar, tenho mais o que fazer. - Disse irritada, pronta para desligar a ligação quando ouviu a voz do outro lado da linha.

      - Continua sem paciência. Não mudou nada então, é bom saber. - Jay disse do outro lado da linha, fazendo a garota prender a respiração e fechar os olhos para não jogar o telefone prédio a baixo. Ele estava louco? Como ainda tinha coragem de ligar para ela? Melhor, como conseguiu o número dela?!

     - Como conseguiu meu número?! Sabe muito bem que é a última pessoa no mundo que eu quero que me ligue. - A brasileira disse irritada. Mas mesmo pensando em desligar na cara do mais velho ainda não tinha forças para fazer isso. Era bom ouvir a voz dele de qualquer forma.

       - Oi para você também, Letícia. Não importa como conseguir. Eu quero conversar com você, não podemos ficar assim. Você sabe disso... quantas vezes eu vou ter que te dizer que eu sinto muito pelo que aconteceu? Mas a culpa não é toda minha. Eu fiz de tudo para que você me deixasse te ajudar. Você sabe muito bem, que eu nunca, na minha vida iria querer que alguma coisa de ruim acontecesse com você ou com sua mãe... — Antes que o Park pudesse dizer algo, e concluir o seu pedido de desculpas e tentar ajudar na situação da brasileira já que ele realmente tinha uma parcela de culpa naquilo tudo. Mas a outra sequer o deixou terminar, sua cabeça estava a mil, só de o ouvir falar sobre sua mãe foi como se sua cabeça doesse e seu corpo todo entrasse em transe pela raiva. Mas raiva de quem? De que?