9 - Peças Infernais

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Leticia
           — Depois daquela noite confesso que fiquei com meu rosto queimando quando observava meu marido porque a sensação da língua dele entre minhas pernas conseguia aquecer mais do que o fogo que queimava na nossa lareira todas as noites,não conseguia ficar mais à sós ao menos para falarmos de sentimentos ou algo que rolava e que naquela altura sabia que estava rolando e Deus como posso fugir da única pessoa que não consigo escapar?
Maria:– Está ouvindo!?
Leticia:– Como?
          — E no café da manhã não foi diferente já que apesar de continuar dormindo ao seu lado mantinha a escuridão e o silêncio como principais aliados e Enzo parecia entender o recado já que não falava uma única palavra mas ao contrário do esperado ficava alisando algumas mechas do meu cabelo em seus dedos e sussurrando frases inteiras em italiano cara!Devia ser um jeito de provocação já que não fazia tanto tempo que me dava aula sobre a língua dele,poxa!Estava tremendamente excitada em pensar que poderia fazer aquilo novamente.
Maria:– Você está com uma cara de pensativa bem foda!
Leticia:– Maria!
Maria:– Que foi?
Leticia:– Deixa minha filha comer seu café em paz?
           — Ela faz um sinal de paz e amor
com o dedo indicador e o médio.
Lorenzo:–"Ragazze!"Comam logo essa comida porque iremos daqui à pouco e a sua vó"caro"realmente não gosta de atrasados.
Maria:– Tudo bem vovô!
          — Seu Lorenzo junto da dona Carlota tem sido os melhores avós coruja que minha filha poderia ter mas agora parecia que o tempo todo ela queria os acompanhar e estava ficando um pouco sem graça com isso já que poderia incomodar de alguma forma.
Leticia:– Juro seu Lorenzo se minha filha lhe der muito trabalho é só falar.
Lorenzo:– Por favor Leticia!Como pode falar esse tipo de coisa!?
           — Ele parece que ficou magoado com o que disse mas não falei esse tipo de coisa por maldade ou querendo atingi-lo de alguma maneira apenas que Nina gostava de ser uma fofa quando queria a atenção das pessoas, ela parecia ter uma fofura e charme próprios que à deixavam realmente irresistível para alguém não amá-la.
Maria:– Tenho certeza vô que Leticia não falou isso para ofender o senhor não é amiga?
            — Como sempre podia contar com a compreensão da garota que aos poucos chegou e se tornou a única pessoa que não me achava uma chata completa.
Leticia:– Sim com certeza!
            — Seu Lorenzo deu o sorriso mais feliz que vi desde que cheguei naquele lugar e mesmo tendo diversas rugas ao redor do seu olhar aqueles olhos azuis claros eram uma beleza genuína que Enzo erdou,porra!Diferente do neto o avô tinha uma vasta cabeleira branca e um porte atlético que devia ser pelo fato de trabalhar na fazenda com seus tomates,naquela manhã tinha me convidado à ir junto da Nina e em seguida descobri que Maria também iria junto.
Maria:– Toma o resto do seu café com leite querida que logo sairemos com o vovô Lorenzo!
Leticia:– Essa fala não devia ser minha?
            — Apesar de sorrir Maria fica um pouco sem graça.
Leticia:– Desculpa estou com os nervos à flor da pele ultimamente,não é certo descontar em ninguém.
Nina:– Não mesmo!
Leticia:– Obrigado por me apoiar!
Maria:– Nem esquenta com isso além do mais estou treinando.
Leticia:– Como assim?
Maria:– Quando meu filho chegar à esse mundo quero ser a mãe do ano!
Leticia:– Ambiciosa você em?
            — Ela coça a cabeça sem jeito mas ainda alegre como se tivéssemos contando piada uma para outra.
Lorenzo:– Vocês terminam aí que vou preparar o carro tudo bem?
Leticia:– Certo.
            — Depois que bebo o último gole de leite acabo de limpar Nina que à essa altura já estava lambuzada de bolo de chocolate.
Leticia:– Filha você é uma formiguinha  mesmo!
Nina:– Florzinha!
Leticia:– Tudo bem!
            — Subo minhas mãos para o alto como sinal de rendição já que ela não gostava nenhum pouco de ser chamada de outro personagem que não fosse sua menina poderosa favorita e ao olhar para o lado vejo Maria com várias migalhas nas bochechas tateando a mesa atrás do guardanapo.
Leticia:– Será possível?
Maria:– O que?
            — Quando coloco Nina no chão passo a vez para Maria e começo à limpar seu rosto com um pano de prato branco.
Maria:– Por que está rindo?
Leticia:– Nada mesmo!
Maria:– Fale logo!
Leticia:– É que você é tão infantil quanto minha filha.
Maria:– Muito obrigado!
Leticia:– John é um cara de muita sorte!
Maria:– Meu irmão também é!
           — Ao acabar pego Nina pela mão e com o outro braço começo à caminhar com Maria até o carro.
Leticia:– Para.
Maria:– O que eu disse de errado?
Leticia:– Você sabe porque eu me casei com seu irmão né?
Maria:– Corta o drama!
Leticia:– Mas é verdade!O Enzo é bom demais comigo e não quero abusar.
           — Sei o quanto deve ter sido difícil ter me ajudado e até propôr casamento para uma completa desconhecida apenas pela bondade do seu coração talvez?É claro que já tinha  feito sexo oral em mim, droga!Foi muito bom!Mas estou grávida o que significa resolver as coisas que poderiam estar me incomodando como dormir do meu lado e até relaxar.
Maria:– Você se calou de repente.
           — Deus!Ainda bem que Maria é cega e com certeza vou pro inferno por ter este tipo de pensamento mas se pudesse enxergar o quanto estou vermelha com certeza tiraria uma com a minha cara.
Maria:– Você deve ter ficado sem jeito não foi?
Leticia:– Do que está falando!?Não fiz nada com ele e não pode provar!
Maria:– Deus vocês devem ter feito!
Leticia:– Maria!
           — Há poucos metros do carro vermelho escuro do seu Lorenzo vejo minha filha chamá-lo de vovô e correr para seus braços.
Maria:– Você está ferrada amiga!
Leticia:– É nem me fale!
Maria:– Está se apaixonando pelo seu marido.
Leticia:– Eu pensando em resolver esse rolo com a Nina e você pensando em romance!?
Maria:– Desculpa mas sou uma romântica incurável!
Lourenzo:‐"Le signore"podemos ir?
Maria:– O senhor é mesmo um amor vovô!
           — Levava pelo menos uns trinta minutos até chegarmos na feira que tinha próximo da fazenda onde os principais fazendeiros trocavam e compravam frutas e verduras sendo as principais uvas por causa do delicioso vinho que era fabricado pelos vizinhos e tomates que seu Lorenzo e dona Carlota tinham onde fabricavam aquele molho que Nina já tinha ficado fã de carteirinha.
Maria:– Isso finalmente!
Leticia:– Quanta animação!
Maria:– Sou uma ótima trabalhadora!
Leticia:– Posso ajudar em alguma coisa seu Lorenzo?
           — Ele retirava os diversos caixotes com frutas variadas e tinha mais algumas nos fundos.
Lorenzo:‐ Nenhuma das duas vai carregar peso ouviram?
Maria:– Mas seu Lorenzo sou mega forte!
Leticia:– Especialmente o peso da língua dela!
Maria:– Ei!
Leticia:– Digo mais se ela carregar os pesos só com a língua talvez não demore tanto!
           — Arranco uma gargalhada grave dele e uma possível promessa de briga da Maria.
Maria:– Para sua sorte não vou brigar já que sua filha está aqui!
Leticia:– Certo.
           — Então Nina corre para os braços de dona Carlota rindo e se divertindo pela maneira como a senhora apresentava as diversas mercadorias para minha pequena florzinha,era grave!Me pergunto se quando a hora chegasse e tivéssemos que ir embora o que isso poderia causar em Nina?
Maria:– Leticia!
Leticia:– Desculpa!O que foi?
Maria:– Você parece que não estava me ouvindo!
Leticia:– Porque não estava mesmo!
Maria:– Sua chata!
Lorenzo:– Muito bem quero vocês duas ajudando a Carlota com os fregueses.
Leticia:– Senhor Lorenzo!Ainda estou aprendendo à falar italiano!
Maria:– Não se preucupe estou aqui e vou te dar uma força!
Carlota:– Além do mais vamos ajudá-la!Não é querida!?
Nina:– Sim!
           — Antes de responder escuto mensagem chegando e provavelmente devia ser dele perguntando onde estaria mas não é que eu esteja fugindo apenas que não queria ficar sozinha com ele.
      "— SAI COME RENDERE TRISTE UN RAGAZZO,VERO?"
          — Comecei à rir das suas palavras em outra língua mas tinha que dar o braço à torcer e admitir que sabia como ser criativo apesar de não entender tanta coisa do que falava.
         " — Não acha que está pegando pesado?"
         — Enviei esperando uma resposta que foi interrompida por Maria que me pediu ajuda em colocar os potes de vidro sobre a mesa de madeira onde tinham diversas geléias feitas por Dona Carlota que adorava fazer e me disse que iria me ensinar quando lhe contei que Nina tinha adorado a geléia de framboesa.
Leticia:– Não posso mais conversar com ninguém não?
Maria:– Não quando estamos trabalhando.
Leticia:– Boa moça em?
Maria:– Agradeço o elogio.
           — Ambas sorrimos e acabamos por colocar todos os frascos em linha reta com o preço na frente quando escuto outra mensagem.
Maria:– Para de namorar garota!
Leticia:– Já vou!
        " — Gostaria mesmo que você pegasse pesado comigo na cama."
Leticia:– Nossa!
         — Não tinha aprendido tanto nas aulas ainda mas alguns cumprimentos já grudavam em minha mente e aí enviei.
             "— BUONGIORNO ENZO."
           - Não tive uma resposta e acabei voltando ao trabalho mas o que me fez parar e soltar o celular no chão foi aquele rosto em meio aquelas pessoas me observando do outro lado de uma banca de vinhos que eram vendidos estava o pai de Nina.
        

Pelas tuas Aparências (Série IMPERFEIÇÕES)                                Onde histórias criam vida. Descubra agora