#05 - Guerra fria

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Boa noite minhas potrancas selvagens. 

Digo, leitoras lindas e cheirosas <3

Primeiro dia do ano e vim trazer um capítulo fresquinho procês. Qualquer erro eu arrumo depois, tô com preguiça.

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Os pés descalços de Camila tocaram o chão amadeirado de sua varanda. Ainda era cedo. Quatro e meia da manhã e o sol começava a dar sinais de que logo rasgaria o céu entregando sua luz e calor a todos. A mulher tinha uma xícara de café preto e forte nas mãos e contemplava o horizonte a sua frente. Cavalos soltos, gado andando, algumas galinhas correndo livre pela grama que precisaria se aparada logo. Respirou fundo sentindo o ar puro renovar seus pulmões que se enchiam e alimentavam de forma profunda toda saudade em que seu coração se transbordava.

— Filha, olhe! — Sinu apontou para o céu atraindo a atenção da pequena Camila. — O sol está nascendo.

— Como é possível? Ainda está noite.

— Não está, só parece. São quatro e meia da manhã... sabe que isso pode servir de grande lição para você?

— Para mim? Por quê?

— Você disse que está noite apenas porque ainda está escuro. Veja, quando você crescer muitos momentos irão parecer escuros, sem saída, sem luz. Quando de repente, lá do alto vai te iluminar fazendo tudo brilhar novamente.

— E se não brilhar?

— Nenhuma escuridão é para sempre. E por mais demorada que seja, ainda podemos contar com a luz da lua que agora, se você observar, compartilha o céu com sol. E se despede, para mais tarde estar aqui de volta.

— Eles voltam a se encontrar pela tarde também.

— Você é uma garota bem observadora. Acho que merece saber de uma coisa.

— O que?

— Sente-se aqui. — puxou a menina para seu colo na rede que balançava na varanda. — Lembra o que você tem me pedido há um tempo? Chegou a hora de receber.

— Do que está falando, mamãe?

— Me dê sua mão. — a menina o fez. Sinu perdeu-se em lembranças de quando aquela mãozinha era menor, mais gordinha e vivia pegando em tudo o que encontrava pela frente. Agora era momento de reviver tudo isso. — Você está perdendo seu local de filha única nessa família, mas está ganhando uma amiga para vida inteira.

— Você está grávida? — a criança riu emocionada. — De verdade mesmo?

— Eu estou. — levou a mão da menina a sua barriga de poucas semanas. — Há muito pela frente, minha filha. Nove meses, mas tem uma vida aqui que você vai amar, cuidar e compartilhar momentos únicos. Ela será sua única companheira quando seu pai e eu não estivermos mais presentes para cuidarmos de você.

— Como sabe que é "ela"? Digo, você nem tem barriga ainda, deve ser tão pequeno...

— Eu sinto a mesma coisa quando soube que estava grávida de você. É uma menina, meu coração de mãe não falha.

— Vou ter uma irmãzinha.

— Você vai. E quero que me prometa sempre cuidar dela. Você é o exemplo, a pessoa na qual ela vai ter como referência. E se algo acontecer a mim ou a seu pai, ela vai precisar de você o dobro, sim? Acha que pode assumir essa responsabilidade fraterna?

The Farm At SunriseOnde histórias criam vida. Descubra agora