#53 - De volta ao lar

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— Então é real, você está indo embora...

Viu Camila sair sem uniforme do escritório de seus pais. O rapaz ainda usava pijama de frio, tinha acabado de acordar na quinta feira pela manhã quando soube por Ally que sua amiga de infância estaria voltando para a cidade que sempre foi seu lar.

— E ainda dizem que as notícias correm rápido em cidades pequenas. — Camila sorriu. — Sim Troy, estou indo para casa. Hora de voltar pro meu lugar de origem e trabalhar com o que eu verdadeiramente sou apaixonada.

— Sempre soube que você foi feita pro campo assim como as o as estrelas foram feitas para o céu. É o que lembrava quando eu pensava em você. O sol escaldante, os cavalos, as águas naturais…

— Bom saber que você pensava em mim, Troy Ogletree. O que sua esposa tem a dizer sobre isso? — Ambos riram da brincadeira.

— Brincadeiras de lado, sempre pensei em você com muito carinho. Quando era mais novo até achei que gostava de você, porém vi que era um sentimento de amizade e gratidão por tudo o que você me ensinou naquelas terras.

— Você era um niño da cidade grande totalmente amedrontado com tudo o que a zona rural proporcionava. Eu me divertia vendo você com medo das galinhas.

— Como daquela vez que você jogou milho nos bolsos da minha calça para que o galinheiro inteiro corresse atrás de mim? — Camila ria, se lembrando como era o diabo em sua infância. — Ria mesmo, aquilo não foi nada divertido.

— Oh, foi sim. Só não mais do que quando eu coloquei um cavalo pra te dar uma carreira. Isso sim, foi espetacular. Meu grande triunfo do matriarcado começou aos nove anos de idade.

— Eu quase morri de medo aquele dia. — Se fechasse os olhos, ainda conseguia se lembrar da sensação desesperadora que era ser perseguido por um animal de grande porte.

— Peguei! — o menino Troy encostou as mãos no ombro da jovem Camila, que se virou irritada em sua direção. — Está com você agora, Camila.

— Não, não está. Eu inventei a brincadeira, então as regras são minhas! O pique é infinitamente seu. Você nunca pode me pegar.

Isso não é justo, Camila. — protesta aos gritos, irritado.

Vai protestar na plantação de milho então, junto dos espantalhos, você bem que parece um com esse cabelo de espiga. — ela também gritou.

Eu vou mesmo! — devolveu o grito mais uma vez. — Eles conseguem ser mais justos que você.

A pequena Estrabao enfurecida com o amigo que não seguia as regras que ela havia criado, levou dois dedos à boca, assoviando e fazendo o cavalo do pai galopar em sua direção e relinchar. Troy arregalou os olhos e deu dois passos para trás, com o rosto pálido de medo.

— Melhor você correr, ou eu te taco tanto esterco que vai nascer batatas no seu nariz.

Amedrontado com a ameaça fora da realidade, o inocente Troy correu para longe e Camila deu duas batidinhas no enorme animal da raça warmblood holandês. O cavalo entendeu o recado e correu em direção ao menino. Troy percebeu que estava sendo seguido, então começou a esquentar a garganta gritando desesperadamente por seu pai, enquanto Camila gargalhava e se divertia rolando no chão de grama da enorme arena de treino.

Papai!!! Paaaaai, eu vou morrer, me ajuda. Não quero virar comida de cavalo.

Quanto mais ele gritava de desespero, mais Camila levava a mão no estômago pela dor causada por suas risadas.

The Farm At SunriseOnde histórias criam vida. Descubra agora