#27 - Mudanças

4.2K 406 252
                                    

Bom dia, amores!

⚠ Esse capítulo pode conter gatilho para algumas pessoas.

Boa leitura

.
.
.

— O que está fazendo aqui?

A voz repentina tirou o rapaz loiro de seu afazer. Assustado, olhou para trás encontrando a velha amiga de infância com uma vassoura de feno na mão.

Troy colocou o pano que usava para limpar o cavalo no ombro e se sentou no banquinho de madeira improvisado.

— Trabalhando. — Camila juntou as sobrancelhas. Aquela frase não combinava o com rapaz. — Digo, cuidando da égua.

A mulher deu um riso baixo, quase seco e se pôs a varrer os fenos de trigo que estavam espalhados pelo chão. Troy respirava ofegante, como se a pouco tivesse chegado de uma corrida intensa pós maratona. O grande quadrúpede vencia o homem sem ao menos tentar. 

— É estranho te ver fazendo serviços que geralmente eu faço. Isso é medo de ser deserdado?

As bochechas do rapaz coraram como as maçãs que davam no pé próximo a sua casa.

—  Na verdade, nada do que eu faça vai impedir que isso aconteça… Eu acho. 

— Bom, é a vida que você escolheu. — Camila parou e apoiou as mãos no cabo da vassoura. — Se sente preparado para largar o luxo? Viver como o simples homem do campo? Essas mãos de médico aí pode esquecer. Se trocar o estetoscópio pela pá o que vai te restar são apenas alguns calos.

— Eu escolhi o bisturi, mas obrigada pelo aviso.

— Disponha.

Camila se virou, voltando ao seu serviço. 

— Desde que minha prima foi embora eu não falo com ela… Vocês mantiveram algum contato?

Fazia algumas semanas que Camila mantinha sua mente o mais ocupada possível. Era parar por alguns segundos que a lembrança de Lauren vinha com força bruta a sua mente. Lembrava da textura da pele dela, do seu cheiro, dos variáveis tons de verde que seus olhos ficavam ao longo do dia. O cheiro de frutas frescas que ela carregava no cabelo.

Muitos quilômetros as separavam agora. Mais do que a mexicana sequer podia imaginar, no entanto parecia que o laço vermelho que as unia era forte. Bom, ao menos assim pensava. O horário da noite era o que mais sentia Lauren pensando nela, imaginando estar com ela. E desejava com todas as forças ter ao menos mais cinco minutos, isso era o bastante. Cinco minutos para se perder naqueles lábios rosados e matar um pouco do que estava matando-a por dentro.

A maldita saudade.

— Não. — resposta curta, um tanto ríspida mas muito dolorosa.

— Pensei que iam manter algum meio de contato por mensagens, eu não sei…

— Não gosto de celular. Não sei mexer. Não entendo e também não tenho paciência. O que eu ganhei do meu pai tá pegando poeira dentro da minha gaveta de calcinha.

— Seria uma boa hora para começar a usar. — Troy jogou. — Aposto que Laumi ficaria muito feliz.

Laumi? — estranhou.

— Eu a chamo assim desde pequeno. Lauren Michelle. — Camila percebeu o trocadilho. — Ela deve estar sentindo sua falta agora… veja a foto de contato dela… — exibiu a tela do aparelho.

— É apenas um estúpido boneco cinza.

— Eu sei. Isso quer dizer que ela está triste.

Camila ergueu as sobrancelhas. Se ele não completasse a incógnita que soltou, ela não entenderia.

The Farm At SunriseOnde histórias criam vida. Descubra agora