Inferno

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O ar estava pesado na estrada e o céu parecia sem vida e estava coberto, mas não por nuvens e sim por poeira e fumaça. Podia se ver alguns focos de incêndios em pontos distantes da estrada. Alguns carros destruídos estavam espalhados por toda parte e parecia ser de muito tempo atrás. Alguns corpos estavam vestidos com uniformes militares bem rasgados e outros tinham roupas civis. Era um cenário de guerra, mas pelo estado dos corpos parecia ser de dois anos ou três anos atrás e muitos só restavam os osso. 

Depois de muito tempo caçando e andando pelo deserto americano, Abigail estava cansada e não via ninguém há duas semanas. E para sua surpresa, jovens bem vestidos em um veículo parecia quase uma miragem. Estava tão cansada que não viu o veículo se aproximando e nem o jovem que tinha descido do carro. Pensou ela que realmente estava ficando velha e seus sentidos estavam falhando ou talvez fosse uma miragem, mas para sua sorte, quando ouviu a voz dele, logo percebeu que não eram ameaça alguma, pois ele não tinha arma e aparentemente as duas moças do carro também não tinham então se tranquilizou e esperou ele se aproximar.

-Como você sabe meu nome garoto? – perguntava Abigail com uma expressão séria, confusa e cansada baixando a arma. Seu rosto estava com algumas rugas e tinha o cabelo cheio de fios brancos. Parecia que tinha envelhecido uns quinze ou vinte anos. Hank não conseguia entender como isso era possível e olhava espantado para a moça.

-Estávamos te procurando e nada de te encontrar. A polícia e até dois agentes do FBI estavam a sua procura. Onde você estava ? – perguntava Hank.

-Polícia e FBI, nossa, fazia tempo que não ouvia falar dessas coisas! – respondeu Abigail rindo. – Aliás, fazia tempo que não via um carro também. Onde conseguiram achar esse e como conseguiram essas roupas novas e limpas? – perguntava Abigail indo em direção ao carro enquanto Amanda e Zelda saiam do carro para ver de perto a estranha mulher que falava com Hank.  Zelda e Amanda logo que saíram do carro e viram de perto o rosto da mulher se impressionaram e não acreditaram que era Abigail. Zelda correu para abraçar a amiga que estranhou a atitude de Zelda e olhava para Amanda que estava com as duas mãos na boca. Zelda chorava ao abraçar Abigail que tinha uma atitude de indiferença e não entendia, até que começou a observar Zelda e sua expressão começou a mudar. – Acho que te conheço de algum lugar. – disse Abigail com a mão na cabeça e depois levando a boca como se tentasse buscar aquela informação a muito perdida.

-É claro que me conhece amiga, somos amigas desde criança, como poderia me esquecer. Parece que não me vê há anos. O que aconteceu com seu cabelo e seu rosto. O que fizeram com você nesses dias? – perguntava Zelda passando as mãos no rosto de Abigail que também começou a tocar o de Zelda.

-Seu nome é... – pensou por uns segundos e finalmente disse. – Zelda minha amiga e irmã, meu Deus, você ainda está viva! – dizia admirada e chorando Abigail diante de sua amiga Zelda que também chorava. Amanda ficou ao lado de Hank que assistia a cena e tentava entender o que estava acontecendo com Abigail.

-Achei que nunca mais te veria e já estávamos pensando em desistir da viagem. – disse Zelda.

-A viagem, mas é claro, isso foi há muito tempo atrás, nem parece que foi nessa vida. Estávamos indo para o Colorado, mas algo aconteceu... – disse Abigail e de repente seu rosto estampava o medo de algo que há muito tempo tinha esquecido ou simplesmente tinha bloqueado de sua memória.

-Muito tempo atrás? Você fala como se isso tivesse acontecido há muitos anos atrás. – disse Hank com um sorriso se aproximando de Abigail que olhou para ele com desconfiança, mas depois começou a reconhecê-lo e também a Amanda que estava do seu lado.

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