Jade Parte 2

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Era uma tarde quente em 1998 no deserto do Novo México enquanto Brian dirigia um Jeep Grand Cherokee branco pela rota 491 indo para à cidade de Bozeman no estado de Montana. Ele conversava com sua esposa Mary sobre a festa de casamento de seus amigos Roger e Julia na cidade de Provo no estado de Utah de onde eles voltavam. A viagem era longa e os dois falavam mal de alguns convidados que estavam na festa enquanto a jovem Jade que tinha onze anos, ouvia as garotas furiosas do L7 tocando Drama no seu walkman no volume máximo.

-Abaixa esse som Jade, vai acabar ficando surda! – reclamava Mary puxando o fone de ouvido de sua filha que olhava para a mãe com desprezo. Jade estava mergulhada no som e por um instante tinha até esquecido que estava em mais uma viagem chata com seus pais. A menina desligou seu walkman, enrolou seu fone e começou a olhar pela janela a imensidão do deserto e olhava para o céu sonhando em ser uma cantora famosa e viajar o mundo inteiro.

-Sonhando alto minha menina? Para onde você foi agora? – perguntava Brian com um brilho no olhar para sua filha pelo retrovisor do carro.

-Estava com minha banda em um programa de televisão em Paris. A gente arrebentou e os franceses ficaram de queixo caído. – dizia a jovem para seu pai que também curtia rock, mas não muito as bandas atuais na época. 

-Você perdeu a melhor fase da música Jade. O rock'n' roll acabou nos anos setenta e hoje só temos músicas descartáveis. Naquela época ainda existia verdade na música, mas hoje, apenas o dinheiro que manda.

-Não seja inocente querido. Você acha que nos anos sessenta ninguém queria ganhar dinheiro. Não tem muita diferença para hoje. O dinheiro sempre mandou nesse meio e todos os outros. – dizia Mary com um sorriso sarcástico para Brian.

-É claro que existia isso, mas naquela época existia magia e os artistas eram incríveis e revolucionaram a música, a moda e o comportamento de uma geração inteira, além de ter um peso político. – dizia Brian.

-Isso não vou discutir, pois vivemos em uma época medíocre da música realmente. – concordava a esposa.

-E infelizmente acho que só vai piorar. – dizia Brian pessimista olhando para o asfalto quente que parecia não ter fim.

-Falta muito para chegarmos em casa? – perguntava a entediada Jade que nem entrava na discussão, pois estava cansada de defender Kurt Cobain e companhia e ver seu pai dizer que aquilo não era rock'n roll e sim lixo de uma geração sem talento e perdida que só pensava em suicídio. Jade e muitos jovens da geração dos anos 90 sabiam que todas aquelas jovens bandas e artistas traziam algo novo e genuíno que mudaria o cenário musical da época e estavam fazendo história. Muitos só com o tempo entenderiam a importância que o movimento grunge teria para a música e cultura pop em geral. 

-Falta pouco mocinha, mais vamos ter que fazer uma parada para abastecer no próximo posto ai aproveitamos e comemos alguma coisa. – dizia Brian.

A família seguia tranquilamente pelo caminho até que de longe uma pessoa podia ser vista por Brian. Era um homem na beira da estrada pedindo carona. O homem tinha um boné preto e usava uma jaqueta e uma calça jeans. Ele fazia um sinal com as mãos.

-Você vai parar querido? – perguntava a esposa.

-Melhor seguirmos em frente. Esse cara parece ser estranho. – disse Brian acelerando e passando direto pelo solitário homem que erguia a mão e depois via passar direto o carro. O homem olhava atentamente com um sorriso para a menina Jade ficou olhando pela janela até o homem desaparecer no horizonte.

-Por que você não parou para aquele homem pai? – perguntava Jade.

-Ele parecia ser um homem perigoso filha. Seu pai fez a coisa certa. – disse Mary.

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