A Estrada

Abraham Parte 2

Abraham olhava a Morte indo em sua direção e erguendo sua foice. Ele sabia que levar as duas crianças para o passado poderia atrair aquela punição para si, mas não se arrependia. E tudo que Abraham queria agora era realizar a promessa para Abigail e salvar seus dois filhos.

-Ainda acha que pode escapar do seu destino? - dizia a Morte que caminhava lentamente na direção de Abraham que apenas a olhava.

-Sei que não posso escapar, mas apenas quero terminar o que comecei. - disse o anjo e então usando a força que restava, bate suas asas lançando todo o seu poder contra a Morte que é envolvida por uma intensa luz. Abraham então voa com toda sua velocidade na direção de um corredor do tempo que abria em sua frente e poderia ser sua fuga. Em um último esforço, o anjo tentava voltar para 1987 e encontrar Jade que tinha ficado sozinha. Ao chegar no corredor, o anjo podia ver mais um portal se abrindo e agora era sua chance de achar Jade e a colocar em um lugar seguro, mas de repente, o portal se fecha. Esse era o fim, imaginava o anjo.

-Você não desiste. Mas agora acabou. - disse a Morte que estava atrás dele caminhando lentamente em sua direção.

-Você não entende. Aquele demônio não pode encontrar nenhuma daquelas crianças. Se isso acontecer, será o fim. - disse Abraham se virando para a Morte.

-Não existe fim e sim um novo ciclo que se repete. Você já vez a sua parte. - dizia a Morte erguendo a mão na direção do anjo.

-Eu tenho que proteger aquelas crianças. Se eu morrer, o demônio vai os encontrar e tudo se repetirá. - disse o anjo.

-Já pensou que se essas crianças tivessem ficado em seu tempo, nada disso teria acontecido? - dizia a Morte para Abraham que o olhava com uma expressão sem esperança.

-Eles morreriam no futuro. Eu os salvei. Não podia deixar as crianças naquele mundo. Eles não sobreviveriam. - dizia Abraham.

-Eles morreriam, mais milhões seriam salvos e o demônio não teria como abrir os portais e causar toda a destruição.

-Então tudo isso foi culpa minha? - dizia o anjo que agora parecia confuso.

-Não se culpe. Você apenas seguiu o que achou que era o certo. Mas você foi apenas uma das causas que levarão o futuro desse mundo a ser coberto de trevas. Terá muito tempo para pensar sobre isso agora. - disse a Morte quando Abraham não entendia. Ele achava que seria morto. Porém, com um movimento de sua mão, a Morte não tirou sua vida, mas sim sua graça. Então Abraham perde os sentidos e cai. Uma queda que parecia não ter fim e suas forças se esgotavam a cada segundo.

Um tempo depois, Abraham abre os olhos e se vê caido em um campo. Alguns metros a frente, podia ver uma pequena estrada. Ele se levanta e olha a sua volta. Agora ele podia sentir tudo a sua volta. O cheiro do mato, o vento atingindo seu rosto e uma dor forte em seu corpo por causa da queda. As cores agora podiam chegar aos seus olhos. Esse era o mundo que os anjos não conseguiam enxergar, mas agora como um humano, Abraham podia ver e sentir.

-Então isso é ser um humano. - dizia Abraham surpreso e depois corria na direção da estrada. Ele não tinha ideia onde estava e nem se era o mesmo ano, então correu na direção de um carro que se aproximava e pediu carona. Era um Plymouth Cranbook. Logo Abraham percebeu que tinha voltando no tempo e estaria provavelmente na década de cinquenta. O motorista parou e Abraham se aproximou do homem. As roupas do motorista deixaram ainda mais evidente que a Morte, além de tirar sua graça, tinha o jogado em alguma parte do passado.

-Você parece perdido rapaz. Para onde vai? - disse o motorista para Abraham que entrava no carro.

-Poderia me dizer que lugar é esse? - dizia Abraham olhando para a estrada onde podia ver uma grande cidade surgindo no horizonte.