A Estrada

Bruce Fring

Um grande silêncio tomava conta do local e apenas se ouvia o forte vento do lado de fora na velha casa no estado do Kansas. Já era mais de dez horas da noite e todos olhavam com expectativa e medo para Bruce Fring que andava pelos cômodos da casa e olhava minuciosamente cada local e com uma das mãos parecia tentar capitar alguma presença. A casa era imensa e ainda faltavam alguns quartos no segundo andar.

-Fiquem tranquilos e apenas observem, pois ele sabe o que está fazendo. – dizia Lucius para a família assustada que seguia cada passo de Fring.

-Senhor Roger, acho que já vi tudo, vamos descer e conversar. - disse Bruce Fring para o dono da casa.

- O que viu senhor Fring? Existem realmente fantasmas nessa casa?- perguntava Roger seriamente com uma voz tensa depois que desceram e foram até a sala. Do seu lado sua esposa e seus filhos estavam sentados e tinham uma expressão de medo e cansaço em seus rostos. 

-Existem alguns fantasmas aqui senhor Roger, mas fique tranquilo. Posso limpar sua casa sem dificuldades. São espíritos que estão perdidos e apenas precisam de orientação para seguir seu caminho em uma nova jornada.. Posso fazer isso ainda essa noite se o senhor permitir. – dizia calmamente Fring para Roger, sua esposa Gillian e as duas crianças Mary e Adam que olhavam admirados para o médium que se mantinha calmo e agia naturalmente com muita confiança no que fazia. 

-Pode começar senhor Bruce Fring. Quanto mais rápido esse pesadelo acabar, melhor para todos nós. - dizia Roger olhando para sua esposa que concordava com um aceno.

-Apenas peço para que se retirem da casa. Talvez não demore muito, então não se preocupem que vocês não precisarão dormir fora. 

-Tudo bem senhor Fring, vamos sair e deixar o senhor fazer o seu trabalho. Vamos crianças. – disse Gillian saindo com seu esposo e chamando seus filhos.

Bruce Fring era um homem negro de 51 anos e um pouco magro.Lucius tinha 21 anos, era um pouco gordo, transpirava pela testa mostrando um pouco de ansiedade, mas logo se acalmava ao ver seu mestre em ação. Depois que a família saiu, Bruce Fring sentou se no sofá e olhou em volta e pós as duas mãos na frente dos olhos e abaixou a cabeça mostrando sinal de cansaço. Lucius se aproximou com certa preocupação.

-Está tudo bem senhor. Parece que não se sente bem?

-Está tudo bem Lucius. Os anos chegam e apesar de trazer experiência, o corpo não acompanha a mente. Apenas senti algo que me incomodou um pouco.

-Mas disse que eram apenas espíritos perdidos. Eles geralmente não causam problemas para o senhor.

-Não me refiro a eles e nem a esse local. Sinto algo nefasto longe daqui, mas é tão forte que mesmo a distância não impede de sentir as estranhas vibrações e está cada vez mais forte. Mas agora temos que resolver esse problema e não posso me distrair.

Bruce Fring subiu as escadas e seguiu rapidamente para um dos quartos sendo seguido por seu assistente Lucius.

Bruce subiu pelo corredor, parou e ficou olhando por um tempo no final do corredor. Lucius parou e olhou para Fring que permanecia parado, olhando com uma expressão estranha como se estivesse com pena do que via. Lucius olhava e nada via e ficava imaginando o que Bruce Fring via e como era a sensação de estar em contato com o outro lado.

-É uma sensação fantástica e assustadora ao mesmo tempo, mas se eu pudesse escolher, não ia querer ter esse dom Lucius. – dizia Fring para Lucius que deu um leve sorriso.

-Pelo menos o dom de ler pensamentos você ia querer manter Fring. Se eu pudesse fazer isso, teria evitado muitos problemas no passado. – dizia Lucius  que às vezes esquecia que Fring  podia ler os pensamentos da maioria das pessoas. Fring parou e olhou para Lucius por um tempo e balançou a cabeça negativamente.