XXVIII- Traição e Vingança

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Depois da conversa com Haras, me senti melhor, minha cabeça estava mais firme, mas meu coração amava aquela que não merceia meu amor. Os dias passava, semanas e meses, o plano parecia perigoso, teríamos que contratar pessoas perigosas para ajudar no plano, pois a rede é imensa, e percebíamos quanto mais cavávamos mais sujeiras apareciam diante dos nossos olhos. Era degastador.

-Como não conseguiríamos pegar todos, mudamos nosso plano para pegar o que dessem. E assim partimos para uma cidade mais distante do centro onde eles viviam, queríamos fazer de uma maneira que não levantasse suspeita sobre nós. então pegamos uma fazendo afastada, e pedimos que uns homens cassem um enorme buraco de 5 m por 10 metros, essa vala seria a ultima morada de homens cruéis. Enquanto isso muitos deles já estavam sendo prisioneiros no calabouço dessa casa afastada de tudo. Cada dia chegava mais um e aos montes, em celas separadas, um entregava o outro. Quando o irmão de minha amada chegou, meu querido cunhado que eu acreditava ser ele o mandante de tudo, pois eu no primeiro momento de o conheci o detestei, agora podia ter certeza que sim, ele era o chefão da coisa toda, pelo menos na Itália. Queria me vingar. O ato de vingar-se do mal que me fizeram, me transformava em igual ou pior que os malfeitores. A lei do retorno é implacável, mas eu queria me vingar dele, mas tive que me afastar, pois Haras se entrepôs e não queria que eu me manchasse por vingança...

-Vingança não ! É diferente de fazer justiça, você tem seus métodos de punir ele, não sou eu quem vai te limitar, mesmo não concordando, mas você responde pelos seus atos diante da divindade. O que fazemos não é se vingar, é dar liberdade para que sofre com as correntes do desalento ao próximo. Acorde!  A vingança é um sentimento que muitas vezes é movido pelo ódio, que se manifesta no íntimo da pessoa com fortes emoções, por conta, por exemplo, de uma ofensa. Além de ser uma das maneiras de revide, em discussões aceleradas, grosserias, violência. A vingança só desaparecerá da Terra, quando o homem, usando recursos do Evangelho e da prece se esforçar para perdoar. Já que geralmente, o chamador "vingador" carrega dores, das quais só consegue se libertar quando começa a perdoar.

O perdão liberta o agressor e restaura a alegria de viver, e a vingança nada mais é do que o atraso moral o espírito, já que é a manifestação de um coração rancoroso. Tudo começa dentro de nós menos, por isso, as nossas conquistas vão aumentando mesmo que lentamente, a nossa capacidade de perdoar.

Com isso, é importante fazer uma avaliação a diz respeito as nossas condições, por exemplo, diante de uma situação (mesmo aquela atinja fisicamente) analise os sentimentos que estão na alma e ainda, até que ponto eles dominam e até onde é possível esquecer o ocorrido. Caso guardemos por muito tempo esses sentimentos desagradáveis, é preciso pensar positivo, além de redobrar os esforços no perdão. É preciso orar para aqueles que querem o nosso mal, além de sermos sábios e inteligentes. Não vale a pena guardar mágoa ou rancor, ore também pelos seus desafetos. 

O vingador, além de aumentar os débitos com a justiça divina, deixa escapar a oportunidade de se regenerar por meio do perdão ao agressor, pessoa está que terá que se reconciliar um dia.

Aquele que traiu jamais terá a noção exata do buraco gigante que cavou no peito do outro.

Ser traído é ter a confiança roubada pelas costas. É ter a inteligência subestimada e a autoestima picada em minúsculos pedacinhos.

A dor da traição é extremamente complexa, porque quebra os alicerces sobre os quais foi construída a relação. O interior daquele que foi traído jamais voltará a ser igual.

Ser enganado altera a capacidade de interpretar os sentimentos. Ficamos frágeis, confusos, temos dificuldades em discernir o que é real, do que é ilusão destruída.

E dói. Dói por inúmeras razões. Dói porque é desnecessário, dói porque diminui a importância da história partilhada, dói porque não há nada que justifique a quebra de confiança.

A traição é a mais covarde das escolhas. É a opção pelo caminho mais fácil. É arrastar para dentro de um buraco o que deveria ser honrado e ter valor.

No fim das contas o melhor que se pode fazer é deixar que a ferida cicatrize em paz. Seguir em frente e deixar que o outro descubra por si mesmo que havia outra escolha, ele só não foi capaz de fazê-la. E depois disso, depois de ter sido capaz de desenhar um definitivo ponto final nessa história, é necessário projetar para si mesmo um modelo mais saudável de relação, no qual o compromisso seja partilhado, assumido e respeitado por todos os envolvidos.

Porque errar na escolha do parceiro uma vez é humano, persistir na escolha errada é falta de amor próprio. No casamento as pessoas não mudam, elas apenas se revelam! E por isso é tão importante conhecer a pessoa com quem você se casa.

Com tudo que ela me ensinava, eu levava um soco, esse solavanco me tirava do ilusão que eu havia criado para me sentir bem. Um dia recebi  a noticia que Dorothéa estava na cidade, um dos informante me deu a precisão do lugar.  Então nos reunimos, pois não queria que minha vingança se aflorasse , e me deformasse diante dela.  Um grupo se formou e cuidaria dela longe de mim, tudo foi feito e ela feito prisioneira. Achei que seria mais difícil, mas não sei, sentia que ela felicitou a prisão...E  pedi que me deixassem ver ela, e de pronto recebi um não. com a seguinte explicação:

-Não , você pode por tudo a perder, ela não deve sabe saber quem está por trás disso tudo, se ela por ventura escapar pode por todos em perigo. E o senhor será o ultimo que vai confrontar ou fazer algo para ela.

-Mas se ela vai morrer, não tem como nos colocar em perigo. Quero saber o porque , se ela me amou em algum momento.

-Conde, conde... se ela fez o que fez, não importa mais o motivo, continuou com aqueles homens fazendo mau para outras pessoas, crianças, pelo amor a Deus, esquece essa mulher. Baixei minha cabeça e compreendia... que eu devia deixar pra lá, meu coração pedia que eu a salvasse, seria perigoso.

-Haras, vou embora, vou deixar tudo isso com vocês, não sou  bom para terminar isso.

-Está bem, segue viagem com algumas moças que voltarão para Andaluzia, por alguns dias nos encontraremos. Vai meu amigo, em paz.

Sai daquela casa,  varias carruagens, eu ia sozinho com minha cabeça fervendo de memorias do passado, já havia se passado 6 anos e eu ainda mantinha aquele amor fervendo dentro de mim. Resolvi encostar minha cabeça na  carruagem e adormeci.

Quando acordei, não reconhecia o lugar, tudo estava muito escuro, sentia minha cabeça latejar, passei a mão e senti algo úmido, deduzi ser sangue por causa da dor. Não sabia quanto tempo estava naquele lugar, e nem onde era, fiquei lá, e ninguém aparecia. Meu estomago recamava  com fome, e de repente uma portinhola se abre e um prato de sopa de aveia é passado por ela com uma caneca com agua e se fecha novamente. Puxei o prato e comi, sem se importar se estava bom ou não, bebi toda agua e me aconcheguei nas palhas para cavalo que se amontavam no canto e adormeci. Acordei sendo chutado por alguém, um homem muito alto e forte.

-Levante, vamos seu mole, levante. Senti uma leve tontura e meus olhos com o clarão que havia lá fora, se ressentia. Vi uma carroça e ele me fez entrar e se enrolar numa espécie de pano duro que ali estava. Ele então começa a correr com carroça em meio aos pedregulhos que estão soltos na estrada de chão batido.  Não demorou muito ate que a  carroça tombou , levando aquele homem a bater a cabeça e desmaiar. Vi naquele momento a oportunidade de sair dali, mesmo não sabendo onde estava, desatrelei os cavalos, pus um a correr e outro subi encima e comecei minha cavalgada, para bem longe daquele lugar.






Senhor Exu Pinga FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora