VII - Joana

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 Depois de cinco anos vivendo na África do sul, resolvi voltar, mas agora era hora de passear e ver gente em festas, onde eram regadas a bebidas caras, roupas caras e mulheres lindas. Durante a viagem de navio, lembrei de Joana, aquela mulher misteriosa que vi em uma das noites. Lembrava dela e podia sentir seu perfume refinado chique, e caro.

Voltava sozinho para a Inglaterra, Benjamin havia resolvido ficar, seu pai andava doente, e não queria se ausentar, temendo a morte do genitor e rei, o que deu apoio. Se o pai morresse ele seria coroado rei, e todos queriam ele no poder, devido aos graves problemas que sua gente vinha passando e com muitos sumindo.

Resolvi que não iria para minha casa, me hospedei em um hotel no centro da cidade de Londres, onde seria mais fácil ter segurança, já que meu escudeiro tinha ficado tão longe. Me informei onde teria um baile e de pronto me preparei para o mesmo. Fui até a loja do meu alfaiate e escolhi alguns cortes, e casacos novos. A festa seria no sábado, então eu teria cinco dias para comprar alguma roupa de emergência para ir. Pedi no balcão do hotel, que fosse indicado algum alfaiate rápido e com presteza e elegância pudesse me vestir, já que o meu demoraria duas semanas para entregar os cortes que havia acabado de escolher. E após uma hora, o alfaiate foi até meu quarto e ali mediu e em dois dois trazia um maravilhoso terno completo e um casaco do qual fiquei maravilhado. Aproveitei e escolhi outros, pois havia gostado do corte do tal alfaiate.

A noite do baile chegou, e eu me dirigi até o local, por volta da meia noite. Quando adentrei o ambiente, pude ver do outro lado do salão aquela mulher que havia me encantado numa noite há vários anos, agora mais magra, parecia meia alongada com seu vestido prata, e como um colar simples no pescoço fino. Me aproximei e pude sentir o aroma sensual do seu perfume, ela conversava com um grande amigo meu.

-Com licença a todos. Boa noite! Olhando para ela.

-Boa noite, seja bem vindo Conde! Nós dois começamos conversar e ela ali me encarando com um leve sorriso de satisfação nos lábios.

-E a senhorita, o que faz? Me atrevi a perguntar.

-Eu, nada, apenas circulo por aí para enfeitar os salões os olhares de vocês homens.

-Gostei de ver, sabe seu valor.

-Sim, sei, muito cedo me ensinaram.

-Se pudesse me contar, fiquei curioso.

- Quem sabe um dia, se tiver oportunidade.

-Claro que terá, se depender de mim a qualquer momento.

-Está bem, vamos ali naquela saleta, para poder conversar com mais tranquilidade. Despedimos do meu amigo e lá fomos nós em busca da História da gentil moça.

-Então, Senhorita Joana, pode contar que estou curioso.

-Está bem, mas vou logo dizendo, que se eu o entediar peça para que eu pare.

-Acredito que vai ser difícil eu ficar entediado com algo que vai me contar.

-O senhor é muito gentil, fazia tempo que não via alguém tão amável.

-Sou gentil com as pessoas que são gentis comigo, ainda não viram nada.

-Vamos começar então. Mas quero contar primeiro que fiquei presa por dois anos, em uma masmorra, da qual era meu quarto, onde muitos homens faziam comigo o que queria, Hoje não mais. Pois quem se atrever eu mato. Olhei para ela e fiquei pasmo, como uma mulher tão fina, podia ter passado por aquilo.

-Sinto muito por ter passado por isso, às vezes me envergonho da raça humana, e esses vermes ainda vivem?

-Som, todos vivem. Tenho vontade de matar um a um, mas não tenho meios financeiros e movimento de estar em lugares diferentes.

-Podemos conversar sobre isso, posso te ajudar nessa empreitada. Mas me conte essa história. Fiquei a pensar quem estava envolvido nessa História sórdida, será que eu teria coragem de queimar cada um deles? Eu já sentia o cheiro da carne.

-Eu sempre fui muito livre desde muito pequena, mas por ter perdido meus pais muito cedo pelas batalhas, tive que aprender a viver sozinha, e muitas vezes passar fome e frio durante os invernos rigorosos da região da montanha. Abandonei o lugar em carroças e acabei por chegar aqui em Londres onde achei que seria melhor, e foi onde mais sofri. Desde que cheguei aqui, fui sempre vista como perigo que a pobreza vista representava. Muitos me enxotaram como um cão velho e sujo. Passei a viver de comida do lixo de restaurante, e que na madrugada jogavam fora, e foi aos 12 anos que um dia eu estava recolhendo comida na porta dos fundo de um restaurante que esse homem bem vestido se aproximou.

-Menina, veja aqui tem comida, coma, não precisa pegar do lixo. Ele era alto e forte, primeiro senti medo, mas a fome que sentia me fez pegar e comer muito rápido nem sentido o sabor da comida que parecia ser fina, pela embalagem que acabava de jogar no lixo. Ele me olhou nos olhos e acariciou meus cabelos, me esquivei e ele segurou minha cabeça com força, e meu rosto se iluminou, na luz da tocha que mal iluminava aquele sombrio lugar. Me senti presa e isso me apavorou , e tentei me soltar, mas suas mãos que eram a dobro da minha segurava com força.

-Menina, quero que venha comigo, posso te dar tudo que quer, vai ter roupas boas, casa e comida.

-Não, não preciso disso, vivo livre e quero continuar assim. Tentei puxar minha mão, e ele puxou com força e me senti desmaiar. Quando acordei, não sabia quanto tempo estava lá, nem como havia chegado, apenas eu via aquele lugar sem janelas, cama de casal de ferro enorme, cabia umas três pessoas. Olhei ao redor , era mobiliado com poucas coisas, apenas aquelas das quais usamos com mais necessidade. Levantei, ainda meio zonza, percebi que havia me dopado com algo na comida que me ofereciam.

-Grande desgraçado, me tire daqui, quer ir embora, tentando abrir a grande porta com ferrolhos enormes e muito fortes. Gritava e ninguém aparecia. Cansada de tentar me deitei, e foi quando ouvi a porta se abrir, era aquele desgraçado da noite. Avancei pra cima dele e ele me esbofeteou.

-Me deixe ir embora por favor. O que quer de mim.

-Esta noite será sua primeira vez , e será minha princesa e de todos.

-Como assim, o que acontecerá. Ele saiu e chamou alguém ao qual dei pouca importância, e entrou uma senhora bem vestida e que olhou para mim com o olhar baixo.

-Obedecer é melhor, faça como eu. Agora vamos tomar banho e pôr uma roupa bonita, que logo mais receberá visitas, agora antes de mais nada, coma isto que trouxe para você, se fortaleça. Meu nome é Belona. Não sou tua inimiga, apenas cumpro ordem senão serei castigada, peço que entenda e não complique está bem?

-Está bem. Comi tudo que ela trouxe, tinha fome atrasada, e eu não sabia quando teria comida novamente.

Senhor Exu Pinga FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora