XIV - Ressentir-se

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Existem coisas e situações em nossas vidas que são inevitáveis e que desencadeiam emoções que também são inevitáveis ao ser humano no seu atual estágio evolutivo.

Quem pode dizer que não guarda ou que nunca guardou ressentimento ou mágoa de alguém? Isso porque nós ainda não conseguimos deixar de nos magoar, de sentir, de sofrer quando algo, que não gostamos ou aceitamos, nos é feito ou para alguém. Mesmo sabendo que não vale a pena nutrirmos esses sentimentos, nós ainda os temos.

As religiões pregam perdoar sempre, oferecer a outra face, muito lindo, mas ainda não era assim que eu me sentia, a nossa realidade, não somos santos. Estamos falando de nós, simples espíritos encarnados ainda à caminho da evolução, e mesmo para quem está desencarnado é difícil...

O ressentimento é um estado de descontentamento com alguma coisa que aconteceu e que nos sensibilizou negativamente. O problema surge, quando no outro dia, recordamos todo o ocorrido e aquela sensação ruim volta ao nosso peito. Revivemos o episódio na nossa mente e, consequentemente, voltamos a sentir a mesma dor. Se não buscarmos uma solução adequada através do diálogo e da compreensão do fato e até do perdão, uma energia muito negativa ficará represada dentro de nós e causará muitos estragos na nossa parte física, mental e espiritual. A própria palavra ressentimento já diz tudo, voltar ao mesmo sentimento, voltar a sentir. Ficar remoendo. Ressentimento é uma âncora que nos impede de ir a outros mares, contemplar a beleza de novas paisagens, de ser livre pois o ressentido é um preso que não vive mais as alegrias do presente nem as expectativas venturosas do futuro.

Realmente é um sentimento que nos machuca e nos prende como uma âncora. Tanto faz que o problema seja de ordem social, amorosa, profissional, todos acabam tendo sobre nós o mesmo efeito. Shakespeare dizia que o ressentimento é como se você bebesse um veneno para que o outro morresse. É você que está sendo envenenado com essa emoção tão negativa.

E nós perguntamos: Como sair dessa cilada? Se você ainda não consegue perdoar, dê ao outro o direito de ser como é: desonesto, idiota, sem caráter, infiel, mentiroso, tudo aquilo que você achar que ele é, mas não se contamine. Se você não consegue quebrar o vínculo pela emoção, quebre pela razão. Quantas vezes já brigamos, na nossa mente, com essas pessoas. O nosso desejo é até de agredi-las fisicamente, dar uma surra mesmo. O que acontece quando você se entrega a esses sentimentos? Você vai buscar lá nos subterrâneos da sua alma toda a energia negativa da sua imperfeição e a traz para fora, até a superfície da sua alma. Ela vai ficar ao seu redor, como um escudo, afastando qualquer energia positiva, até que ela seja reciclada. E como é reciclada? Quando a quebramos na sua fonte e a substituímos por energias positivas. Substituindo esse padrão de pensamento de raiva e revolta por outros de compreensão e entendimento.

As pessoas que estão morrendo ficam muito presas e angustiadas aos seus ressentimentos e culpas, não conseguem se libertar das pessoas que lhes fizeram mal e daquelas a quem tivessem feito mal... Ponha para fora toda a raiva e toda mágoa, admita que sente isso e depois trabalhe a forma de se livrar dessa emoção. Quanto tempo perdemos ligados às pessoas que nos fizeram algum mal. Perdemos o sono, sentimos angústia, ansiosos, raiva, enfim, não conseguimos relaxar. Acabamos perdendo o controle com pessoas e coisas que nada tem a ver com o nosso ressentimento, a nossa mágoa.

O se libertar exige um exercício contínuo. Um bom exercício é preparar uma lista das pessoas que nos trazem algum tipo de aversão, antipatia ou medo, e tentar identificar a causa desses sentimentos. Pela nossa saúde devemos aprender a lidar com esse sentimento pois dependendo da frequência dessa emoção, muita energia negativa ficará encarcerada no nosso organismo, causando a diminuição da nossa imunidade e causando-nos muitas doenças.

Senhor Exu Pinga FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora