XVIII - Destino e livre arbítrio

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Muitas culturas, correntes filosóficas e religiões creem que existe uma ordem universal, cósmica ou até mesmo divina, que rege nossas vidas e ações para um momento inevitável, ao qual estamos destinados. Segundo essa visão estamos fadados a cumprir o nosso destino.

Destino e  livre arbítrio sempre coexistem nas atividades humanas. O Infalível estabelece a Vida Universal. O homem falível traça os roteiros da vida que lhe é própria. Nada acontece sem a permissão de Deus, pois foi Ele quem estabeleceu todas as leis que regem o universo. Perguntai, então, por que fez tal lei, e não outra! Dando ao Espírito a liberdade de escolher,

Deus lhe deixa toda a responsabilidade de seus atos e de suas consequências. Nada entrava o seu futuro; o caminho do bem, como o do mal, lhe estão abertos. Se vier a sucumbir, resta-lhe o consolo de que nem tudo se acabou para ele e que Deus, em sua bondade, deixa-o livre para recomeçar o que foi malfeito.

Além disso, é preciso distinguir o que é obra da vontade de Deus do que é obra da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus; tivestes, porém, o desejo de vos expordes a ele, porque nele vistes um meio de progredirdes, e Deus o permitiu.  Isoladamente, cada um tem no planeta o mapa das suas lutas e dos seus serviços. O berço de todo homem é o princípio de um labirinto de tentações e de dores, inerentes à própria vida na Esfera terrestre, labirinto por ele mesmo traçado e que necessita palmilhar com intrepidez moral.

Portanto, qualquer alma tem o seu destino traçado sob o ponto de vista do trabalho e do sofrimento, e, sem paradoxos, tem de combater com o seu próprio destino, porque o homem não nasceu para ser vencido; todo labora para dominar a matéria e triunfar dos seus impulsos inferiores. Os acontecimentos da vida são a consequência da escolha e estão em relação com a posição social da existência. Se o Espírito deve renascer em condição servil, o meio no qual se achar criará os acontecimentos muito diversos dos que se lhe apresentariam se tivesse de ser rico e poderoso.

Mas, seja qual for essa condição, conserva ele o livre-arbítrio em todos os atos de sua vontade, e não será fatalmente arrastado a fazer isto ou aquilo, nem a sofrer este ou aquele acidente. Pelo gênero de luta escolhido, tem ele possibilidade de ser levado a certos atos ou encontrar certos obstáculos, mas não está dito que isto devesse acontecer infalivelmente, ou que não o possa evitar por sua prudência e por sua vontade. É para isso que Deus lhe dá a capacidade de raciocínio.

Dá-se o mesmo que se fosse um homem que, para chegar a um objetivo, tivesse três caminhos à escolha: pela montanha, pela planície ou pelo mar. No primeiro, a possibilidade de encontrar pedras e precipícios; na segunda pântanos; na terceira, tempestades.

Mas não está dito que será esmagado por uma pedra, que se atolará no brejo ou que naufragará aqui e não ali. A própria escolha do caminho não é fatal, no sentido absoluto do vocábulo: por instinto o homem tomará aquele no qual deverá encontrar a prova escolhida. Se tiver que lutar contra as ondas, seu instinto não o levará a tomar o caminho das montanhas.

Conforme o gênero de provas escolhido pelo Espírito, acha-se o homem exposto a certas vicissitudes. Em consequência dessas mesmas vicissitudes, é ele submetido a arrastamentos aos quais deve subtrair-se. Aquele que comete um crime não é fatalmente levado a cometê-lo: escolheu um caminho de luta que a isso pode excitá-lo; se ceder à tentação, é pela fraqueza de sua vontade. Assim, o livre-arbítrio existe para o Espírito no estado errante, na escolha que faz das provas a que deve submeter-se, e existe na condição de encarnado nos atos da vida corpórea. Só o instante da morte é fatal: porque o gênero de morte é ainda uma consequência da natureza das provas escolhidas.

Destino equivale a um potencia superior que parece regular de modo fatal os acontecimentos da vida humana. Fatal nos lembra fatalidade – inevitável Para a Doutrina Espírita não há destino, não há predestinação, não há sorte ou azar. O futuro é construído todos os dias. Já aprendemos que o universo é regido por leis. Leis perfeitas e justas. E todas as vezes que confrontamos essas leis, sofremos inevitáveis consequências. Assim a nossa principal meta é aprender essas leis e fazer com que as mesmas operem a nosso favor. Aprender e praticar. Não existe portanto uma força superior regulando os acontecimentos da vida humana. Estamos acostumados a burocracia onde pedidos são deferidos ou indeferidos.

A tendência do ser humano é transferir responsabilidades, escudar-se no destino. Eu nasci sem sorte... Deus quer assim... Quando entenderemos que reencarnar é ter a oportunidade p/ crescer ? E Que os fatos que nos acontecem são o reflexo daquilo que escolhemos. A evolução é o fundamento da vida e ocorre pela aquisição de conhecimentos em sentido amplo: técnico, afetivo, emocional, moral, filosófico, científico, religioso. O espírito adquire conhecimentos novos através das experiências, vivências e convivências acumuladas ao longo de sucessivas situações pelas quais passa.

 Livre-arbítrio é a ação do espírito no limite de seu conhecimento, e responsável na medida de seu entendimento. As influências sobre o livre-arbítrio são em primeiro lugar relativas ao conhecimento alcançado. Quanto maior o domínio sobre um segmento de conhecimento, tanto maior será o entendimento e a responsabilidade sobre as decisões. As decisões tomadas por uma pessoa, no exercício de seu livre-arbítrio, podem alterar, potencializar ou limitar o exercício do livre-arbítrio de outras pessoas.

Por vezes, sentimo-nos infelizes porque imaginamos ser os nossos os maiores problemas do mundo. Enfatizamos sobremaneira tudo o que acontece de difícil na vida, enxergando os problemas como males insuperáveis, em vez de visualizá-los como desafios a serem superados.
Deus, que é Pai de Amor e Bondade, nunca se esquece de nenhum de seus filhos. Se tivermos um pouco mais de fé, confiando na assistência providencial de amigos espirituais e daqueles que, do nosso lado, na condição de familiares, parentes e colegas, nos acompanham na trajetória evolutiva, a caminhada será menos árdua.
Mas, é indispensável reconhecer que cada um deve fazer a sua parte. Cabe ao homem agir conscientemente, procurando pautar as suas atitudes nas lições evangélicas que estimulam a prática do bem, com a constante presença da oração e da vigilância, para que não se deixe arrastar pelas tendências negativas e inferiores.

A felicidade ou infelicidade depende das escolhas que fazemos na vida. Em decorrência do uso do livre-arbítrio, podemos acertar fazendo as melhores escolhas, ou errar, optando pelos caminhos tortuosos que acarretarão sofrimento.
Quando nos reconhecemos responsáveis pelo nosso próprio destino, assumimos uma postura de maturidade que facilita a caminhada, livre de amarras absolutamente dispensáveis. A liberdade de escolha é a grande dádiva que o Criador nos ofertou. Ao mesmo tempo, é também o fator complicador quando nos decidimos pelas opções equivocadas, e mais complicado ainda, quando insistimos no erro, que apenas gera insatisfação e sofrimento.
Entretanto, seja pelo amor ou pela dor, seguiremos com mais ou menos rapidez em direção ao futuro de paz íntima e integração com o Criador, destino do qual nenhum de nós pode fugir.

A vida nos incita a que no lugar de nos revoltarmos, de fugirmos, devemos buscar a sensatez, a prudência, o amadurecimento. Fazer a pergunta fundamental: qual a lição? Se não aprendermos a lição provavelmente teremos que repetir a experiência. Se as ocorrências que classificamos como ruins continuam acontecendo nas nossas vidas isso significa que não aprendemos a lição. A s aflições da vida na Terra são remédios para a alma. Assim podemos concluir: a sua vida também está nas suas mãos. Faça o melhor que puder por ela.




Senhor Exu Pinga FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora