XXXI - Plano final

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Na taverna da cidade, encontrei diversas  pessoas que queriam o mesmo que eu, mas sentia que eu precisava ir devagar e ver os perigos que a nível de grande números de pessoas traria para todos os envolvidos, temia por traição, aqueles que queriam justiça por cada um que foi perdido pelas mãos daqueles homens que roubavam e matavam. Desta vez, não queria fazer da minha forma, mas faria de outra forma, arrumaria tudo para que aquele povo ficasse livre. Então antes de agir pedi que fôssemos de maneira bem cuidadosa, sem sermos negligentes. Os ânimos dos homens e de algumas mulheres que tinham perdido seus maridos eram altíssimas. Tudo foi planejado, e executaríamos a meia noite.

Adentramos a floresta, todos armados da maneira que mais convinha, de acordo com o manejo de cada um. Preferi  executar parte de reconhecer cada um, queria ver quem eram, para ter certeza que eles faziam parte daquele grupo que tentávamos derrubar. Plano executado,  partimos para a casa que eles moravam, e para nossa surpresa não encontramos ninguém do grupo. Então começamos as buscas em todos os cômodos, porões e sótão, e o que encontramos nos colocou diante daquilo que mais temíamos. Ali era sim lugar de prostituição, esconderijo e de muita maldade. Encontramos algumas jovens, alias bem meninas ainda, que moravam na região,  conhecidas, em estado lastimável, e claro o que não poderia faltar, crianças de varias idades.

Então diante de tanta crueldade, sentei-me e contei sobre os antros que há anos eu e algumas pessoas  lutavam, junto de entidades de variados países para desbancar esses grupos. Colocamos guardas do próprio povo do vilarejo no local e que quem quer que fosse do grupo ou que em menor menção fosse suspeito seriam presos, e depois tomariam as medidas que a população local destinaria a eles, e mais alguns dias, conforme iam chegando ,um a um, foram sendo presos nos calabouços que eles mesmos improvisaram para outras pessoas, agora eram usados pelos próprios mandantes. Todos julgados pelos moradores, e sendo condenados a morte. Depois que vi tudo organizado, me despedi e parti, queria ir para minha casa, fui escoltado ate a cidade mais próxima, onde contratei alguns homens e segui para Andaluzia, minha ultima morada. 

Precisava procurar meus amigos de luta, queria contar sobre Dorothea e o que tinha acontecido desde meu ultimo dia juntos, dos meus companheiros de luta. Pedi que todos fossem avisados da minha chegada e que precisava encontra-los, mandei um emissário com o aviso. E no dia combinado estava eu a espera de todos, em uma taberna de um grande amigo desde minha infância. As horas passavam e nada de ninguém chegar, estranhava a demora, e alguma coisa me acendeu a antena da desconfiança, tinha sido descoberto?  De novo uma armadilha? E não demorou muito para que a taberna fosse cercada, meu amigo de infância escondido dentro do forno tremia feito vara verde, ele nunca foi muito corajoso. Então restava apenas eu, já que a taverna estava vazia por causa do adiantamento da hora. Corri pelas escadas e subi no telhado que dava para um morro alto nos fundos e por ali escapei. De onde eu me escondi, podia ver pessoas circulando de um lado ao outro, fiquei aliviado de ver que não encontraram meu amigo e logo deixaram o local em duas carruagens.

Depois de um tempo, me certificando que não voltariam, entrei para dar apoio ao meu amigo covarde, o qual dormia feito um anjo. Tomei uma caneca de conhaque e sai pelos fundos, peguei meu cavalo, e fui esgueirando as construções dos fundos ate pegar a trilha pela floresta  a qual me levaria ate minha moradia. O que teria acontecido com meu mensageiro? Para descobrir, segui ate onde as damas da noite se escondiam na floresta, e fui recepcionado por uma senhora bem idosa, que  pediu que eu esperasse do lado de fora da porta, na cobertura, pois a chuva havia começado. Passado alguns minutos, veio em minha direção três mulheres, as quais eu já conhecia.

-Boa noite Conde, o que o traz ate nossa casa esta hora?

-Então não receberam minha carta ontem? Meu emissário não chegou ate aqui?

-Não recebi nada, inclusive quero muito falar com o senhor, descobrimos coisas novas, que o deixará bem.

-Ontem mandei um emissário ate aqui, queria encontrar com todos na taverna, as senhoras não foram e acabou por ser uma cilada, eles estão a nossa frente. E contou sobre tudo que lhe aconteceu desde o dia que ele foi embora da ultima missão. Haras olhava e ouvia com atenção.

-Conde, pelo que estou a notar em tudo que lhe aconteceu, eles querem vingança, o jogo virou, todos nós corremos riscos de circular por ai, precisamos dar um tempo, sumir  sem deixar vestígios. Não vou por ninguém em perigo neste momento. Vamos nos retirar de qualquer missão. Quanto a Dorothéa, descobrimos onde mora, mas o momento requer retirada.

-Me conte, quero fazê-la pagar por tudo.

-Jamais lhe contarei, entre, ficará conosco, ate  percebemos que tudo acalmou, aqui ninguém virá nos procurar estamos seguros. Contrariado entrei, queria falar algo, mas ela me deixou e seguiu escada acima. Os dias corriam tranquilos, passei a assistir palestras dadas por elas para as damas... Aprendi de onde vinha tanta calma naquelas mulheres sofridas, e como elas se mantinham com amor, diante de tanta dor que passavam. Todo dia era enviado alguém disfarçado para circular na cidade, os vilarejos,  para ver se tinha ou não movimentos suspeitos na região, e como tudo estava bem, fui libertado para poder seguir minha vida na minha casa, não que a estadia tinha sido horrível, mas lá eu era o único homem e não me sentia a vontade diante de tantas mulheres poderosas. Elas eram gentis, e graciosas, pareciam irmãs umas das outras.

Minha vida voltava ao normal, tentava a todo custo não ir ate a cidade, ou andar vagando sem objetivo, pois todos sabiam que o grupo queria a nós. Programamos que nos reuniríamos para irmos atrás deles novamente, tudo foi planejado durante minha estadia na sociedade, começaríamos com Dorothéa. Haras descobriu que a família de Dorothea era muito rica, fortuna esta, construída encima de prostituição, pedofilia. Os irmãos  eram os gestores da fortuna, e os que mantinham as casas de prostíbulos, fazia a parte de aliciar meninas e mulheres com a promessa de vida melhor, ou dar dinheiro para família, enquanto trabalhavam se prostituindo. As pessoas que por ali passavam tinham a perversão que quisesse, desde meninas virgem ate crianças.

A fachada da vergonha, era escondida atrás de  minas de carvão que lavava o dinheiro sujo das regiões da Europa. Eles comandavam com alguns cafetões, que faziam das jovens rebeldes um inferno e que algumas chegavam a pagar com a morte, por não querer atender aos caprichos medonhos dos homens pervertidos que usufruíam desses lugares, regados a sexo, bebidas... Com todo o conhecimento, e a paciência bem extrapolada dentro de mim,  sentia a vontade de por fogo em todos eles, com mais pressa que exigia a situação. E mesmo contra a gosto de Haras, a Dama da Noite, armei meu esquema de galões e galões de querosene,  foram sendo espalhados pela floresta e lugares mais escondidos, e fomos em busca de todos. Queria cada um para mim, e ela Dorothea, seria a mais importante. Me preparei, revi os planos, e nosso grupo se pôs a esperar o momento exato para exterminar os mandões de toda maldade humana. O que eu não colocava no plano, era que algo podia dar errado...


Senhor Exu Pinga FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora