CAPÍTULO 62

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Caio não quis encontrar o pai em sua própria casa, então pediu que Eduardo escolhesse um lugar. Na tarde do dia seguinte, ele e Rafael foram ao local marcado e encontraram uma casa de muro fechado e portão preto. Na frente do portão estava Eduardo. Não foi difícil para Caio reconhecê-lo, afinal a semelhança entre eles era assustadora. Era quase como se Caio visse num espelho sua imagem do futuro. Desceram da moto e foram até ele.

― Caio... Você está tão... grande ― disse Eduardo, que parecia bastante nervoso.

― Claro, eu não tenho mais dois anos ― disse Caio. — As coisas mudam quando se passa vinte anos longe, sabia?

Eduardo baixou os olhos e não disse nada. Caio estava com o rosto sério e aparentemente calmo, mas a verdade é que por dentro se sentia prestes a explodir. Ele queria gritar com Eduardo, queria chorar, queria ir embora dali, mas ao mesmo tempo queria ouvi-lo. Naquele momento, ele era uma confusão de sentimentos. Rafael deve ter percebido, pois segurou sua mão de forma gentil e lhe deu um sorriso que dizia "Vai ficar tudo bem".

Caio percebeu Eduardo olhando curioso para Rafael, então falou:

― Ah, esse é o Rafael. Meu namorado.

Rafael olhou espantado para Caio. Namorado?

Eduardo também parecia surpreso.

— Namorado? — disse ele. — Eu não sabia que você...

— Que sou gay, assim como você? Parece que tem muita coisa que você não sabe ao meu respeito.

— Então... a Laura te falou.

— Já faz um tempo.

— Claro... — Então olhou para Rafael. — Você não seria o filho da Paula e do Carlos, né?

— Sim, sou — respondeu Rafael.

Eduardo sorriu.

— Eu lembro de você. Como estão seus pais?

— Estão bem.

― Lembro que vocês costumavam brincar juntos... ― Caio limpou a garganta, interrompendo Eduardo. ― Ah, vamos entrar, por favor.

Passaram por um pequeno jardim e chegaram a uma sala não muito grande, mas bem bonita.

— De quem é essa casa? — perguntou Caio olhando ao redor.

— É minha — respondeu Eduardo. — Sentem.

— Eu não sabia que você tinha uma casa em Fortaleza — disse Caio.

— Eu comprei há pouco tempo, quando resolvemos voltar pro Ceará.

Caio e Rafael se sentaram em um sofá e Eduardo no outro.

Na mesinha ao lado do sofá, Caio viu uma foto de Eduardo com um homem muito bonito, de cabelos negros ondulados e pele escura. Parecia ter a mesma idade do seu pai.

Percebendo que ele olhava atentamente para a foto, Eduardo falou:

— Esse é o Ulisses, o meu... meu marido. — Caio não disse nada. Depois de um instante Eduardo voltou a falar: — A Laura me disse que você se formou em Ciências Biológicas.

— É isso mesmo.

— Legal. Eu pensava em fazer o curso de História, eu sempre adorei história. Mas acabei sendo contador, que não tem nada a ver — disse rindo. Caio também deu uma leve risada. — Quem sempre gostou de biologia foi sua mãe. Nasceu para a enfermagem. Uma mulher maravilhosa a Laura.

No teu abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora