CAPÍTULO 42

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Caio acordou cedo, pois não queria se atrasar para o estágio. Tomou banho, se arrumou e foi tomar café da manhã. Encontrou Amanda na cozinha.

— Bom dia — disse, sentando ao lado dela.

— Bom dia. Você falou com o Rafa ontem?

— Falei.

— Como ele está? Não o vi desde sábado.

— Mais ou menos. Ontem ele estava bem triste porque a Carol foi embora e sozinho tudo fica mais difícil, não é? A gente ficou conversando até tarde, até ele praticamente desmaiar de sono.

— Então vocês voltaram a ser amigos?

— Acho que sim — disse sorrindo.

— Que bom, não aguentava mais ver o Timão e o Pumba separados.

Caio riu.

Estava terminando o café da manhã quando ouviu um barulho de buzina e foi verificar quem era. Rafael estava parado em frente sua casa.

Rafael, apoiando a moto parada com uma perna de cada lado, segurando o capacete na mão, sorrindo para ele. Aquela cena fez Caio se transportar para anos antes, quando eles dois estavam bem e não faziam ideia de tudo que aconteceria entre eles, uma época em que aquela cena se repetia todas as manhãs. Piscou os olhos algumas vezes para ter certeza de que ele estava realmente ali.

— Você vai para o estágio hoje, não é? — perguntou Rafael, enquanto Caio se aproximava. — Então eu pensei que nós poderíamos ir juntos, já que vamos para o mesmo lugar.

— Ah, é... mas não precisa, Rafa, eu vou de ônibus.

— Não. Não faz sentido você ir de ônibus tendo uma vaga aqui na moto para você. Eu insisto. — E fez um olhar de cachorrinho que Caio sempre achou irresistível.

Caio riu e desviou do olhar dele.

— Está bem, então. Eu vou só pegar minha bolsa e já volto.

Durante todo o caminho, Caio foi tomado pelo sentimento de familiaridade que tudo aquilo carregava. O cheiro, a voz, o corpo a sua frente, tudo era o mesmo que ele lembrava, mas ao mesmo tempo era tudo estranho. As lembranças estavam ali vívidas e ao mesmo tempo parecia que havia sido em outra vida que eles eram assim tão próximos.

— Eu pensei que você ainda fosse ficar em casa hoje — disse Caio enquanto entravam na escola.

— Não, seria pior. Se eu ficasse em casa eu passaria o dia todo lembrando dele e chorando. É melhor eu voltar para a minha rotina e fazer as coisas normalmente, assim eu consigo me distrair. E eu tenho certeza que era isso que meu avô queria. Ele não ia querer que eu ficasse sofrendo, ele ia querer que eu seguisse a vida, ia querer que eu fosse forte. — Respirou fundo. — Então eu vou tentar ser forte por ele.

— Eu imagino que não tenha sido nada fácil esses últimos dias. Mas você é forte.

— Você é o único que acha isso.

— Eu tenho certeza.

Nesse momento Vinny apareceu diante deles. Após abraçar Caio, olhou para Rafael.

— Oi, Rafael — disse apertando a mão dele. — Eu sinto muito pelo seu avô. O Caio me falou o que aconteceu.

— Obrigado.

Então olhou para Caio novamente.

— Eu queria te mostrar uma coisa, você tem tempo agora?

— Tenho. Ainda faltam meia hora para a aula começar. — Olhou para Rafael. — A gente se fala depois. — E se afastou com Vinny.

No teu abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora