CAPÍTULO 5

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Os dias que se seguiram ao acidente foram lentos e conturbados. Rafael ficou em coma após a cirurgia e, mesmo os médicos dizendo que o quadro dele era estável, não havia como saber quando, ou se, ele iria acordar. Após três dias na UTI, foi transferido para a enfermaria. Não havia mais nada a ser feito, a não ser esperar.

Caio vivenciou um momento que nunca pensou que passaria na vida. Dividido entre a alegria de descobrir seu amor e o medo de perdê-lo. Durante esses dias rezou bastante para que Rafael sobrevivesse e voltasse para ele. Pensou bastante também em como seria de agora em diante. Já tinha se decidido a não contar para Rafael sobre seus sentimentos, mas às vezes se pegava sonhando como seria abrir o jogo. Será que Rafael o amava também? Será que, para ele, Caio não passava de um bom amigo? Será que entenderia seus sentimentos ou será que os rejeitaria? Caio quase torrou todos os seus neurônios de tanto pensar nisso.

Era verdade que nunca achou que Rafael não fosse hétero. Mas ele também achava o mesmo de si e, ainda assim, agora percebeu ser gay. Mas Rafael já se apaixonou, diferente dele. Já amou uma garota e sofreu muito por ela, isso Caio sabia como ninguém. Então ele não poderia ser gay. Mas poderia ser bi... Caio resolveu empurrar esses pensamentos para o fundo de sua mente. Não adiantaria nada ficar se fazendo essas perguntas se ele já havia decidido ser só amigo de Rafael, como sempre foi.

E para completar seu desespero a sombra da morte pairava sobre eles. Quando estava no hospital com Rafael quase conseguia senti-la, espreitando, esperando o momento certo para roubar Rafael dele. Talvez por isso também que fazia tanta questão de estar o máximo que pudesse com ele, como se o seu amor fosse o único escudo que impediria que as garras da morte agarrassem Rafael.

Já tinha feito todo um esquema de horários para faltar o máximo que podia das aulas sem risco de ser reprovado, para poder revezar com os pais de Rafael no hospital. Muitas vezes ia direto do hospital para a faculdade, ou o inverso, de modo que mal passou em casa durante esses dias. Era cansativo, mas era preciso. Nada no mundo era mais importante para ele do que estar perto de Rafael naquele momento.

Cláudio e Paula também estavam sofrendo muito. Amavam o filho mais do que tudo na vida e só a possibilidade de o perder já era quase insuportável. A princípio não queriam falar para Francisco que o neto estava nessa situação. Temiam por sua saúde, já que era muito apegado a Rafael. Mas no segundo dia resolveram falar. Caio se ofereceu para essa tarefa, pois sabia que nem Carlos, nem Paula conseguiriam. Seu Francisco ficou muito mal, mas agradeceu por não terem escondido isso dele. Pediu para ir ao hospital ver o neto. Caio achou que ele queria se despedir. Talvez por ser mais velho e já ter perdido pessoas amadas, tivesse um controle maior diante dessa situação.

Laura estava arrasada também, para ela Rafael sempre foi como um filho, e Caio sabia, mesmo que ela não dissesse, que lá no fundo ela imaginava que poderia ser Caio no lugar dele e isso a fazia sofrer mais. Amanda havia ficado muito abalada. Lembrou do sonho que teve no dia do acidente e tinha certeza de que havia sido uma premonição. Achava que se tivesse sabido interpretar o sonho talvez pudesse ter evitado. Caio lhe falou que não havia nada que ela pudesse ter feito. Não era culpa dela, não era culpa de ninguém, exceto do motorista do carro que avançou o sinal e bateu neles, fugindo sem ao menos prestar socorro.

Lili ajudava Caio no que podia, lhe passando o conteúdo das aulas que faltava, justificando para os professores sua ausência, e principalmente lhe ouvindo. Ela havia se mostrado ser uma boa amiga. Estava muito preocupada com Rafael, mas também estava preocupada com Caio. Via que o amigo estava sofrendo muito e queria poder arrancar essa dor dele. Claro que Caio omitiu dela os sentimentos que descobrira ter por Rafael, mas, fora isso, falava tudo para ela. Era muito bom poder conversar com alguém além da família, que também estava sofrendo demais.

Apesar de tudo, a cada dia que passava, Caio ficava um pouco mais confiante de que Rafael iria acordar a qualquer momento. Sempre que estava no hospital conversava com ele e dizia que estava ali e que todos o aguardavam de volta. Às vezes lia para ele ou contava alguma coisa que tinha acontecido na faculdade, ou de algum colega da turma de Rafael que perguntou por ele e desejava sua melhora. Sabia que o amigo ouviria onde quer que estivesse e isso o ajudaria a encontrar o caminho de volta. E Caio estaria lá esperando por ele. Ao lado dele. Sempre.


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Gente, que sofrimento. Coitado do Caio. :'(

O capítulo foi curtinho, mas em breve vou postar o próximo. Não perca.

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Beijos de Sam. :*

No teu abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora