CAPÍTULO 13

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Rafael sempre achou que viagens eram ótimas para se pensar na vida. A paisagem passando pela janela, acompanhada de uma boa música. O cenário perfeito para devanear. E ali no carro, enquanto viajava para a casa do seu tio, pensava em tudo que havia acontecido nas últimas semanas.

Desde que Caio o beijou e falou que estava apaixonado por ele, sua cabeça se tornou um turbilhão de pensamentos e sentimentos conflituosos. Primeiro veio o choque, não só pelo beijo que Caio lhe deu, mas pelo fato de ter gostado. Em seguida veio a dúvida. Será que ele sentia o mesmo que Caio? Será que aquele sentimento tão forte que sempre achou ser apenas amizade, era algo mais? Quando Caio lhe disse como havia percebido estar apaixonado, essas dúvidas se intensificaram, então Rafael decidiu simplesmente negar para si mesmo e para Caio que poderia sentir o mesmo.

Foi quando veio a raiva e a vontade de fugir. Rafael não queria sentir essas coisas por Caio, ele queria que eles voltassem a ser como eram antes, sem saber que havia algo mais. Era tão mais fácil, ele não teria que pensar sobre esses sentimentos, ele não teria que aceitar que se sentia atraído por um homem. Após ver que não conseguiria esquecer se continuasse perto de Caio, decidiu se afastar.

Mas falhou mais uma vez. Mesmo sem ver Caio, aquele sentimento não o abandonava. Ele sempre esteve ali, e agora que tinha sido percebido, não desistiria de martelar na cabeça de Rafael até que ele aceitasse a verdade. Mas Rafael não queria aceitar a verdade, ela era muito difícil, muito dolorosa. Então continuou lutando contra seu coração.

Quando pensou que já estava vencendo essa guerra, foi falar com Caio. Então todos os sentimentos vieram à tona novamente e ele se entregou ao desejo de ter Caio em seus braços outra vez, de beijar sua boca, de sentir seu corpo próximo ao dele.

Agora estava inutilmente tentando organizar seus pensamentos outra vez.

***

Quando chegaram, foram recebidos por Fábio, tio de Rafael, sua esposa, Lívia, e sua filha, Carol. Ao avistar Rafael, Fabio abriu ainda mais o sorriso.

— Olha só quem resolveu visitar a gente de novo. – abraçou o sobrinho. – Você está enorme. Eles crescem tão rápido.

— É verdade, eu passo um ano sem ver a Carol e olha o quanto essa menina cresceu. – disse Carlos.

Nessa hora Rafael viu a prima um pouco mais atrás, com seus longos cabelos castanhos cacheados. Realmente ela havia mudado muito desde a última vez que a viu. Foi até ela.

— Carol, há quanto tempo! Como você está diferente.

— Você também, Rafa. – disse abraçando o primo. – Já faz o quê? Quatro anos! Nossa! Eu soube que você está fazendo faculdade. De quê?

— Geografia.

— Não era você que queria fazer Biologia?

— Não, era o Caio. Ele que sempre quis fazer Biologia.

— É verdade. Aliás, como está o Caio? Vocês ainda continuam muito amigos?

— Sim. E ele está bem, está fazendo Biologia, aliás.

— Que bom. Por que ele não veio também?

— Ah... é porque ele estava muito ocupado, não podia vir.

— Rafa, vem aqui. – disse Fábio. – Deixa a gente te ver melhor.

Rafael se aproximou dos outros.

— Repara só, Lívia. Ele não tem nada a ver com o Carlos, para começar ele é bonito. Só puxou a mãe.

Todos riram.

No teu abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora