CAPÍTULO 45

2.4K 270 101
                                    


Rafael passou na casa de Caio às sete da noite e o encontrou pronto. Percebeu que ele havia chorado, mas preferiu não perguntar nada a respeito, pois suspeitava que, mesmo que perguntasse, ele não falaria. Então foram para o ginásio da escola onde aconteceria o Arraiá.

O ginásio era uma quadra grande e coberta, com arquibancadas nas laterais, e bastante aberto, o que fazia com que fosse bem ventilado. Haviam várias barracas nas laterais vendendo comidas típicas, além de "barraca do beijo", "cadeia" e outras brincadeiras comuns em festas juninas.

Enquanto entravam na quadra, Rafael decidiu quebrar o silêncio que havia entre eles desde que saíram de casa.

— O Vinny não vem?

— Não — respondeu Caio, evitando o olhar do amigo ao falar. — Ele não estava se sentindo muito bem.

— Ahh... Mas aconteceu alguma coisa? — Caio respondeu apenas com um balançar de cabeça. Rafael não conseguiu decifrar se esse gesto significava "Não aconteceu nada" ou "Não quero falar sobre isso". De qualquer forma, resolveu mudar de assunto. — Não fica triste, eu te faço companhia. Vamos comer alguma coisa!

Foram para perto das barracas e encontraram uma mesa vaga onde puderam sentar.

— O que você quer comer? É só pedir que eu trago — disse Rafael, todo sorridente e empolgado.

Caio riu, se sentindo um pouco mais animado por isso.

— E é assim? É só eu pedir? — perguntou Caio ainda sorrindo. — Você vai pagar? Porque se você for pagar, eu vou aproveitar para comer bem muito, me afogar em comida. Você sabe que eu adoro comer e ainda mais essas comidas de Arraiá...

— Calma, que você vai é me falir assim, minha bolsa só sai no começo do mês — disse rindo.

— Está bem. Pois eu quero uma pamonha. E milho assado. Por enquanto.

— Ok. Pamonha e milho assado saindo.

Rafael saiu e foi comprar a comida. Caio ficou olhando ele de longe. Vestia uma calça jeans, uma camisa de botão quadriculada e um chapéu de palha na cabeça. Com a barba que agora usava estava perfeitamente caracterizado para a ocasião, pensou Caio, que também não parava de imaginar como ele conseguia ficar tão lindo vestindo qualquer coisa.

Depois de um tempo, Rafael voltou equilibrando nas mãos tudo que havia comprado e sentou ao lado de Caio. Enquanto comiam e conversavam, Caio foi aos poucos esquecendo da conversa que tivera com Vinny mais cedo e o quanto aquilo havia mexido com ele. Foi se distraindo e se entregando ao momento. Foi se rendendo ao encanto do sorriso de Rafael, da sua presença reconfortante. Sempre foi assim, não conseguia evitar. Rafael tinha o dom de mexer com ele de tal forma que ele esquecia todo o resto. Conseguia fazê-lo sorrir em qualquer ocasião.

Depois decidiram andar um pouco, passando pelas barracas, parando em algumas para participar de brincadeira, ou apenas para comer um pouco mais. Alguns estudantes passavam por eles e os cumprimentavam, outros paravam para conversar um pouco e logo depois seguiam adiante. Quando a apresentação da Quadrilha foi anunciada, eles se aproximaram para ver melhor.

A Quadrilha era feita pelos próprios estudantes da escola, e eles estavam indo muito bem. As roupas, maquiagens, as cores, tudo estava lindo. E a dança estava espetacular. Como manda a tradição, na apresentação da Quadrilha teve também um casamento matuto. Eles riram muito durante a encenação. Mas Rafael ria não apenas pela apresentação, ria também porque se sentia muito feliz. Não conseguia evitar ter uma certa satisfação por Vinny não estar lá. Assim Caio poderia só dele a noite inteira. Ter Caio perto dele, ver seu sorriso lindo... Era quase bom demais para ser verdade.

No teu abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora