Na manhã seguinte, Caio foi em casa tomar banho, trocar de roupa e pegar algumas coisas. Rafael ficou sozinho no quarto com seus pensamentos até que alguém bateu na porta.
— Entra — disse Rafael sentando na cama.
A porta se abriu. Era seu pai.
Carlos entrou e sentou na cama também.
— Oi, Rafa. Como você está?
— Melhor. Eu vou ficar bem.
Carlos levou a mão ao rosto do filho e o afagou.
— Você está tão machucado... Me dói o coração te ver assim. Não era isso que eu queria para você.
Rafael baixou a vista.
— Pai, se você veio aqui para brigar de novo...
— Não, eu não vou brigar. Eu só queria ver como você estava e aproveitei agora que o Caio saiu. — Respirou fundo. — Eu fico triste, sabe, porque eu sei, e você também, que é isso que espera vocês no futuro. Vocês escolheram essa vida e infelizmente essa é a consequência. O mundo lá fora é cruel, Rafael.
Rafael não disse nada.
— Eu queria muito que você voltasse a ser aquele garoto de antes... Olha para mim, filho. — Rafael levantou o rosto e olhou para o pai. — Você acha que vale a pena? Todo esse ódio, todo esse sofrimento. Vale a pena tudo isso? Você poderia ter uma vida normal se quisesse.
— Eu amo o Caio, pai. — E ao dizer isso seus olhos encheram de lágrimas.
— Eu sei, você já me disse isso. Mas você é jovem, esses amores loucos de adolescência passam rápido. Será que vale a pena jogar fora sua vida por causa dele? Pensa nisso. — Então levantou e saiu do quarto.
Rafael deitou novamente. Depois de um tempo Caio chegou.
— Voltei. — Deixou a bolsa na cadeira e sentou na cama. — O que foi, amor? Que cara é essa?
— O pai veio aqui ver como eu estava.
— Vocês brigaram de novo?
— Não, ele só veio conversar, estava preocupado.
— Que bom. Então por que você está triste?
— Eu não estou triste, só estou pensando.
— Pensando em quê?
— Nada especial. Agora vem deitar aqui comigo.
***
Nos dias seguintes, Caio percebeu que Rafael continuava quieto e pensativo, até um pouco triste. Não sabia se era por causa do que havia acontecido, ou pela conversa que teve com o pai (conversa essa que ele nunca disse exatamente como foi), ou se havia algo mais ocupando seus pensamentos, algo que Caio não sabia o que era e tinha um pouco de medo de saber.
A certeza é que havia alguma coisa o incomodando, Caio percebia isso, mesmo que ele continuasse carinhoso e presente como antes. Muitas vezes insistiu perguntando o que era, mas Rafael sempre respondia que não havia nada e então mudava de assunto. Caio decidiu então não perguntar mais. Talvez ele precisasse de tempo para processar o que havia acontecido e Caio respeitaria isso.
A única coisa boa que o incidente do aniversário trouxe foi que agora Caio frequentava a casa de Rafael novamente. Paula e Francisco o tratavam super bem, como sempre, mas Carlos era outra história. Nunca chegou a ofendê-lo ou tratá-lo mal, mas Caio conseguia sentir no seu olhar todo o desagrado por sua presença. Esperava que um dia Carlos pudesse aceitá-los de verdade, não por ele, mas por Rafael, que, Caio sabia, sofria muito com essa situação.
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No teu abraço
RomanceCaio e Rafael. Impossível falar de um sem falar do outro. Vizinhos, melhores amigos. Juntos cresceram, brincaram, aprontaram, estudaram e agora entraram na Universidade. E juntos descobriram que o sentimento que tinham um pelo outro era algo mais pr...