CAPÍTULO 20

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Na manhã seguinte, Rafael acordou cedo e ficou deitado repassando na mente tudo que havia acontecido na noite anterior. Lembrou das palavras de Carlos e do quanto elas lhe doeram. Ainda sentia o peso da rejeição do pai lhe esmagando. Mas lembrou também do avô e se sentiu mais uma vez grato pelo que ele havia feito por ele, o defendendo. Também pensou em Caio e esse pensamento o fez sorrir. Caio era como uma luz que tornava seu mundo mais colorido, e somente o amor que sentia por ele o fazia suportar aquela situação. Então levantou e foi para a cozinha tomar café da manhã, onde encontrou sua mãe.

— Como você está se sentindo, Rafa?

— Eu estou bem — disse para tranquilizar a mãe, mas na verdade não se sentia muito diferente da noite anterior. Havia dormido pouco e estava exausto. Só pensava em encontrar logo com Caio e abraçá-lo para poder se sentir melhor. — Onde está o pai?

— Ele estava aqui agora a pouco.

— Ele falou alguma coisa sobre ontem?

— Não. Só perguntou se você estava em casa, depois não falou mais nada. — Sentou de frente para ele. — Meu filho, não fica assim tão triste. Ele vai parar com isso, você vai ver — disse segurando a mão de Rafael sobre a mesa.

Rafael colocou a outra mão sobre a dela e sorriu. Sabia que não seria tão simples assim, mas não queria mais falar sobre isso. Lembrava dos olhos do pai sobre ele, a repulsa que eles passavam o havia ferido profundamente. Carlos sempre dizia ter orgulho dele, seu único filho, e para Rafael foi muito dolorido ouvir o pai dizer que sentia nojo dele, que ele era uma decepção. Então decidiu jogar esses pensamentos para longe.

Após o café da manhã voltou para o quarto e se arrumou para encontrar Caio. Ao passar pela sala viu o pai sentado no sofá. Carlos olhou para o filho com o mesmo olhar de desprezo da noite anterior em seguida virou o rosto. Rafael saiu sentindo um peso esmagar seu coração.

Chegou na casa de Caio e foi recebido com um beijo, mesmo com Amanda e Laura presentes. Depois da surpresa inicial, Rafael percebeu que a conversa lá deveria ter sido bem diferente.

— Bom dia, Rafa — disse Laura com um sorriso. — O Caio me falou sobre vocês ontem. Eu espero que você cuide bem do meu filho, confio em você.

Rafael sorriu e abraçou Caio.

— Não se preocupe, eu vou cuidar muito bem.

— Como foi com seus pais? — perguntou Laura.

— É... foi horrível. Mas eu vou ficar bem.

Em seguida foram para o quarto, onde Rafael contou tudo para Caio. Falou de toda a conversa, do tapa, das palavras do pai, do seu avô o defendendo. Chorou e colocou tudo para fora, enquanto Caio o ouvia e enxugava suas lágrimas. Apesar de tudo se sentia feliz por ter Caio ao lado dele.

— Vai ficar tudo bem, amor. Eu estou com você e eu estarei com você sempre. Vamos passar por isso juntos.

Rafael estava deitado com a cabeça no peito de Caio.

— Eu sou uma pessoa de muita sorte por ter você, Caio. E eu acredito em você, acredito que vai ficar tudo bem. Está doendo agora, mas com o tempo vai melhorar.

Continuaram deitados assim por um bom tempo, até que foram chamados para almoçar. Rafael passou o dia todo com Caio e quando a noite chegou sabia que precisava voltar para casa, precisava encarar a realidade. Caio o convidou para dormir lá, mas Rafael recusou.

— Tem certeza? Você pode ficar aqui quanto tempo quiser.

— Tenho. É melhor eu ir para casa, não quero dar mais motivos para o pai ficar com raiva.

No teu abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora