Caio acordou meio atordoado e com uma dor de cabeça horrível. Abriu os olhos com dificuldade, a claridade que entrava pela janela parecia feri-los como se alguém tivesse arrastado o sol para bem próximo dele. Vinny estava sentado ao seu lado corrigindo uns trabalhos dos alunos e quando percebeu que Caio havia acordado deixou os papéis de lado.
— Finalmente acordou — disse virando-se para ele.
— Que horas são? — perguntou Caio com uma voz arrastada.
Vinny sorriu.
— Muito tarde.
Caio deitou novamente e levou as mãos à cabeça.
— A minha cabeça parece que vai explodir.
— Não é para menos, você bebeu demais ontem. — Ao dizer isso voltou a pegar os papéis e sua expressão, antes leve, se tornou um pouco sombria. Ou talvez fosse só a imaginação de Caio.
— É, acho que eu exagerei. — Caio ficou olhando Vinny por um momento, enquanto ele voltava a corrigir os trabalhos. Tentou lembrar o que tinha acontecido na noite anterior, mas suas memórias estavam nubladas. Só conseguia lembrar com clareza até o momento que o karaokê havia acabado e só tinham ficado ele, Vinny, Guilherme e Rafael. Depois disso só havia trechos de lembranças confusas e Caio não conseguia diferenciar o que tinha sido realidade e o que tinha sido sonho. — Vinny... o que aconteceu ontem à noite? — Ao ouvir a pergunta Vinícius parou, ainda olhando para o papel em sua mão. — Eu não lembro muito bem o que aconteceu depois do karaokê.
Vinny olhou para ele novamente.
— Do que você lembra?
— Quase nada — disse após pensar um pouco. Olhou para Vinny novamente. — Eu... falei ou fiz algo que não devia?
Vinny ficou parado, olhando para ele sem dizer nada por um instante.
— Você... — Parou, como se pensasse no que dizer. — Você foi exatamente você. — Então começou a juntar os papéis que estavam na cama.
Caio não ficou satisfeito com a resposta que Vinny lhe deu, algo parecia errado e a expressão dele estava meio estranha. Mas achou que talvez fosse só impressão sua, então não insistiu.
— Eu vou sair um instante — disse Vinny, levantando-se da cama. — Se quiser café tem na garrafa. Eu fiz há pouco tempo.
— Onde você vai?
— Ao supermercado, preciso comprar umas coisas. — Então deu um selinho em Caio. — Eu volto logo. — E saiu.
Ainda um pouco confuso e com uma dor de cabeça horrível que o impedia de pensar direito, Caio levantou-se e foi se arrastando até o banheiro, pois sua bexiga parecia prestes a estourar de tão cheia. Em seguida lavou o rosto e se olhou no espelho, seu semblante definitivamente não era dos melhores. Cobriu o rosto com as mãos e sussurrou entre os dedos "O que aconteceu ontem, Caio?". Sentia uma luzinha de alerta dentro da sua mente dizendo que ele havia esquecido algo importante. Mas como não conseguia mesmo lembrar, decidiu ignorar essa luzinha.
Enquanto ia até a cozinha, olhou no celular se havia alguma mensagem. Nada. Estranho, nem Rafael havia falado com ele. Pensou em mandar uma mensagem para ele, mas logo depois desistiu e colocou o celular sobre a mesa enquanto se servia de uma xícara de café. "Abençoado café!", murmurou ao sentir o cheiro do líquido preencher seu olfato.
***
No estacionamento do prédio, Vinny estava dentro do carro com o olhar perdido e um semblante triste. Lembrava novamente de tudo que tinha acontecido na noite anterior. Quando Caio lhe perguntou sobre o que tinha feito, teve vontade de dizer tudo e falar o quanto aquilo o havia magoado. Mas pensou melhor e preferiu não falar nada. Se Caio não lembrava, era bem melhor, também tentaria esquecer. Por que remexer ainda mais esses sentimentos?
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No teu abraço
RomanceCaio e Rafael. Impossível falar de um sem falar do outro. Vizinhos, melhores amigos. Juntos cresceram, brincaram, aprontaram, estudaram e agora entraram na Universidade. E juntos descobriram que o sentimento que tinham um pelo outro era algo mais pr...