CAPÍTULO 32

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As férias tinham passado voando. As festas de fim de ano foram bem mais ou menos. Além de ainda estar um pouco triste por causa de Rafael, Caio ainda estava pensativo sobre o seu pai e a carta e tudo que havia acontecido. Mesmo com todos os esforços de Amanda para tentar alegrá-lo, ele passou praticamente as férias inteiras dentro de casa, comendo e dormindo como um gato. Mas até que não foi tão ruim, comer e dormir sempre esteve entre as atividades preferidas de Caio. Além disso ele pôde colocar algumas séries em dia e ler alguns livros da sua lista de leitura gigante. Tudo o que fosse para ocupar sua cabeça e evitar pensar nas coisas que o deixariam triste.

Ainda assim era inevitável lembrar de Rafael, já que todas essas coisas eles sempre faziam juntos desde... sempre. Então Caio lembrava dele em cada detalhe do seu dia, mas a cada dia essas lembranças doíam um pouco menos. Agora ele se sentia bem melhor. Aos poucos ia juntando os pedacinhos do seu coração quebrado e concertando. Podia demorar um pouco, mas sabia que um dia estaria bem de novo.

Um fato que estava ajudando bastante era que eles não se viram mais desde a calourada da Bio, o que era muito bom, pois como dizia o ditado "O que os olhos não veem o coração não sente". Às vezes ele se pegava pensando se Rafael sentia sua falta assim também. Imaginava que sim, mas no fim isso não fazia nenhuma diferença. Talvez fosse mais fácil para ele, talvez não, mas Caio não queria pensar mais nisso.

Janeiro havia acabado e fevereiro chegou trazendo de volta as aulas. Faltava pouco mais de uma semana para estar de volta ao PICI e enfrentar o quinto semestre da faculdade, e com uma novidade: o Estágio I, sua primeira experiência com sala de aula. Caio estava empolgado e com medo, mas acima de tudo ansioso para começar.

Outra novidade que esse início de ano trouxe foi a aprovação da Amanda na UFC. Ela começaria o curso de Design de Moda e estava empolgadíssima. Caio estava muito feliz pela irmã, que começava uma nova fase de sua vida, e também porque teria mais alguém para lhe fazer companhia nos longos dias pelo campus. Por falar em companhia, não via a hora de reencontrar Lili. Tinham se visto somente uma vez, no início de janeiro, e ele havia contado toda a história com seu pai. Desde então só se falaram pelo celular.

Caio agora estava em frente à janela da sala olhando a chuva que caía lá fora.

— Espero que passe logo, detesto sair com chuva.

— E você vai para onde mesmo? — perguntou Amanda, que estava sentada no sofá.

— PICI. Preciso resolver umas coisas na coordenação do curso, uns documentos pro estágio.

— Ah, que horas tu precisa estar lá?

— Fecha as 17 horas, então eu preciso estar lá antes disso. — Voltou para o sofá e pegou o celular para olhar a hora, mas o que lhe chamou mais atenção foi a data. — Hoje é aniversário do Rafa.

— Ah, é mesmo! Eu nem estava me lembrando. Vou ligar pra ele daqui a pouco ou então vou lá. — Olhou para Caio e viu que ele continuava encarando o celular. — Você vai ligar pra ele ou mandar uma mensagem? Alguma coisa?

— Não. É melhor não. — Então guardou o celular no bolso novamente. Depois de um tempo levantou. — Eu vou indo. Com chuva ou sem chuva eu preciso estar no PICI antes que feche tudo lá.

***

A noite já tinha começado há muito tempo quando Caio chegou em casa. Depois de comer alguma coisa pela cozinha e tomar um banho, foi para o quarto. Deitou na cama e se enrolou todo no lençol. A noite estava fria, parecia que ia chover novamente. Tinha sido uma noite bem interessante e ele estava animado pelo que tinha acontecido no PICI. Pegou o celular para ligar para a Lili e contar tudo, mas quando ligou a tela viu uma notificação do Facebook, lembrando que era aniversário do Rafael.

No teu abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora