As semanas foram passando e Caio não voltou a falar com Rafael sobre o que o que tinha acontecido, nem sobre a máscara, nem sobre o que Rafael havia confessado. Era como se aquilo nunca tivesse acontecido. Pelo menos na superfície, porque dentro deles aquele assunto ficou se repetindo e girando num redemoinho sem fim. Sozinho com seus pensamentos Caio ruminava tudo aquilo, pensando na conversa que teve com Lili, pensando em seus sentimentos e no dia em que não poderia mais fugir disso e teria que fazer sua escolha. O peso daqueles sentimentos confusos o esmagava. Mas enquanto ele pudesse fugir deles, enquanto ele pudesse fingir que não estava dividido, ele o faria.
Agora ele estava sentado no banco do carro, olhando para a paisagem do lado de fora da janela e ouvindo a música que tocava no rádio, enquanto Vinny ao seu lado dirigia, concentrado no caminho a sua frente, cantarolando a música e batucando levemente os dedos no volante. Eles estavam a caminho de Lagoinha, passariam o fim de semana lá, pois no domingo seria o casamento do irmão do Vinny.
Então Caio olhou para ele e manteve o olhar. Pensou no quanto tinha sorte de ter conhecido Vinny, no quanto ele era uma pessoa maravilhosa. Vinny chegou na sua vida como um raio de sol depois de uma tempestade, derretendo o gelo que tinha se instalado em seu coração, trazendo de volta a primavera. Caio tinha finalmente aprendido a amar de novo. Por que Rafael tinha que voltar e bagunçar tudo isso? Por que ele tinha que ser tão encantador? Por que Rafael mexia tanto com ele? Mas ele não queria pensar em Rafael agora. Não ali. Não com Vinny. Aquela viagem era deles dois e apenas deles dois, não havia espaço para Rafael.
Vinny percebeu o olhar de Caio fixo nele e o olhou de volta sorrindo. Aquele sorriso que Caio adorava, aqueles olhos da cor do mar que o inundava de sentimentos bons.
— Está com medo de conhecer minha família?
— Não. — Depois riu. — Só um pouco.
— Eles vão adorar você. Não tem como não adorar.
Caio apenas sorriu e voltou a olhar a estrada.
***
Chegaram em Lagoinha no fim da tarde. A casa dos pais do Vinny era bem grande, cercada de alpendres e localizada em um terreno amplo, com coqueiros e flores. O céu pintado de laranja e púrpura dava ao ambiente uma combinação fabulosa, parecia até uma pintura. Caio se demorou um tempo contemplando essa paisagem. Quando entraram na casa, encontraram todos reunidos na sala, conversando.
— Que bom que vocês chegaram, demoraram tanto — disse uma mulher de meia idade, com cabelos claros e olhos da mesma cor dos olhos de Vinny. Ela levantou e foi ao encontro deles, dando um abraço em cada um.
Caio estava meio confuso, mas imaginou que essa fosse a mãe do Vinny. Após abraça-lo, a mulher deu uma boa olhada nele, o deixando meio constrangido.
— Então esse é o Caio? — Olhou para Vinny. — Bonito, muito bonito, você tem bom gosto. Puxou a mim.
Vinny riu alto e Caio deu um sorriso envergonhado, sentindo o rosto corar.
— Caio, essa é a minha mãe, Noely. Não estranha, ninguém nessa família é normal.
— Nenhuma é.
Noely riu. Vinny pegou a mão de Caio e se aproximou de onde estavam os outros e começou a apresenta-los.
— Esse aqui é o meu pai, Genaro. — Apontou para um senhor de cabelos grisalhos, que levantou e apertou a mão de Caio. — Esses dois são meu irmão, Pedro Vítor, e a esposa dele, Elaine. Essa coisinha pequenininha — apontou para uma criança de uns cinco anos que estava sentada olhando atentamente para eles com grandes olhos castanhos — é o filho deles, Eduardo.
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No teu abraço
RomanceCaio e Rafael. Impossível falar de um sem falar do outro. Vizinhos, melhores amigos. Juntos cresceram, brincaram, aprontaram, estudaram e agora entraram na Universidade. E juntos descobriram que o sentimento que tinham um pelo outro era algo mais pr...