43. Sol do dia

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O ar estava seco quando a noite caiu e Taehyung sentia uma leve dor de cabeça.

Pensou em desmarcar o compromisso com os amigos, mas seria uma droga se tirassem notas ruins porque não os ajudou. Sabia que Hope estaria lá e poderia dar conta, mas gostaria de fazer o que prometeu, portanto tomou um analgésico, pegou cadernos e livros, então saiu do quarto com destino à casa dos Park.

— Vocês já ouviram falar que estudar mais cedo é mais produtivo? — Seokjin questionava ao filho, que apenas avisou sobre o que iria fazer.

— Foi ideia do Jimin hyung. — Justificou com um dar de ombros, jogando a culpa no melhor amigo.

Jin suspirou. Ele jamais ficava contra Jimin, pois o rapazinho dificilmente agia errado.

— Vá, mas se ficar tarde é melhor que durma lá. Aconteceram umas coisas no bairro essa semana, então não quero vocês três ou o vizinho novo andando por aí. Pode ser perigoso. Quase morri de preocupação no dia do tal show na praça.

— Tinha um adulto com a gente. — Retrucou sem muito ânimo ou paciência para explicar demais. Também não sabia se Yoongi era bem a figura de adulto que seus pais considerariam confiável. O Min parecia demasiadamente jovem e desleixado, apesar de reservado.

— Um adulto que não conheço, portanto não confio totalmente. — Apontou o mais velho, mas não queria atrapalhar os estudos do filho. — De qualquer forma, só me obedeça e se ficar tarde, fique por lá, mas envie uma mensagem pra eu saber que não foi morto no caminho.

— Sim, appa... — Concordou apático e suspirou enfadado.

Saindo de casa, Tae olhou em direção à janela que dava ligeira visão para o quarto dos pais e viu que a lâmpada estava acesa. Namjoon estava lá.

Franziu as sobrancelhas porque pensou que o outro só chegaria por volta da hora do jantar. Era estranho.

Andou no curto caminho de placas de concreto em meio à grama que levava até a calçada, então seguiu o percurso até a casa de Jimin no modo automático, visto que já o tinha feito inúmeras vezes. Por outro lado, não queria pensar no porquê Namjoon estava no quarto, quando era suposto que estivesse ajudando a fazer o jantar ou apenas aguardando. Isso não era como uma obrigação e sim um costume da família.

Mas refletir sobre o assunto faria o Kim chafurdar na lama da melancolia e aquele não era mais um sentimento que ele queria para si.

Observando com mais atenção a rua pouco movimentada e suas construções, começou a pensar que devia se sentir grato pela casa que tinha, pois a maioria das habitações afastadas do centro de Seul eram bem menores que a sua e os jovens de sua idade não possuíam um quarto com banheiro só para si.

Como era comum, sua cabeça mudou completamente de faixa e a próxima foi o diretor MinHo, que esteve ausente da escola. Após seu retorno, ainda não tinham conversado, por isso o Kim se perguntava se algo ruim tinha acontecido para que o homem tivesse tomado chá de sumiço.

E mudando outra vez os rumos, questionou-se sobre Hope; se ainda estava em casa ou se já tinha sido recebido carinhosamente pela mãe de Jimin. Até mesmo Taemin teve espaço em sua cabeça, então ele pensou se o mais velho ficaria bem sozinho, mas recordou-se de que não estaria só, já que àquela hora Yoongi provavelmente estaria em casa. Ainda refletiu sobre a relação dos dois e se realmente tinham alguma coisa além da amizade. De qualquer maneira, formavam um casal muito divertido e belo.

Notou que as fachadas dos bares e lojas de comida nas ruas vizinhas ainda estavam bonitas pela pintura recente, já que foram reformadas há poucos meses, no fim do ano anterior. Se lembrou do aniversário e de como estava feliz com os amigos e os pais, sem brigas e complicações, mas Jungkook e Jimin ainda eram apenas amigos e Hope ainda não morava em Seul. As coisas mudaram muito desde então.

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