Às vezes, o sentimento chega por vias improváveis
Nunca esperamos o apego por ações louváveis
Roçando uma fissura que parece assassina
O perigo é da doçura que, se embolando em nuvens, contamina.
=^.^=
As línguas se enroscaram em sintonia e, de repente, pareceu que estavam transando de novo.
Não era um beijo calmo ou discreto; o que Taehyung classificou como prazeroso e incômodo, concomitantemente. Como tomar seu sorvete favorito com certa gula e sentir o frio congelar seu cérebro, mas ainda assim querer continuar tomando.
Mas no caso, era quente.
O Kim sentiu-se febril com todo o conjunto de toques que experimentavam. Fosse pelas mãos espalhando carícias pelos rostos ou pelas bocas se arrastando uma na outra. Os corpos estavam unidos e a mente do maior ficava nublada sempre que estava excitado. Ao que parecia, J-Hope retirava sua trava mental em relação a limites com seus affairs. Essa foi a constatação inicial da manhã.
Foi difícil fazer seu corpo parar de exigir que levasse o garoto meigo e sensual pra longe de olhares e o fodesse com força em algum canto da escola. Mesmo assim, Taehyung era um cara forte e inteligente que não se enxergava permitindo que seu cérebro perdesse pro seu pau. Por isso, sentindo-se no meio de uma nuvem alucinógena pesada, ele se forçou a sair do transe.
Como um ímã em sua tentativa praticamente inútil de se afastar voluntariamente de sua parte complementar, ele se empurrou pra longe mais do que empurrou o Jung.
Desamparado e sem forças, o Kim olhou em volta e sentiu-se aliviado porque o corredor estava praticamente vazio.
Passou a mão em sua boca, limpando algo que não podia ser visto. Não havia sujeira. Ele queria se livrar da sensação de necessidade, como se ao passar mão, pudesse cortar o fio que o conectava na boca do ruivo, mas queria também ignorar o sentimento de frustração por interromper aquilo. E nem de longe se comparava ao que sentiu quando J-Hope interrompeu seus amassos no quartinho das vassouras alguns dias antes.
Era muito pior.
Era pior porque via-se sentindo tudo aquilo que lhe era como areia movediça: quanto mais se movia, mais afundava.
E porra, era tão macio… Seria bom afundar naquele espaço. Ao mesmo tempo em que sua parte racional o acusava, dizendo que estava óbvio o quanto iria sufocar.
Uma metafórica morte iminente.
Mesmo assim, Taehyung se obrigou a dar o segundo sorriso falso desde que conhecera J-Hope, então disse:
— Acho que esse era o bom dia certo, hum?
Seu jeito galanteador de sempre alimentou-se das bochechas coradas do outro, da postura afetada e expectante. Todos os sinais de que continuava tão entregue.
Um cenário que mudou bruscamente quando nenhuma resposta veio, então buscando algo nos olhos alheios, Taehyung notou que o rapaz que devia estar lhe olhando hipnotizado, mirava a parede atrás de si e uma batalha parecia estar acontecendo ali, nas íris misteriosas e cheias de pequenas nuances brilhantes.
Surpreso, o Kim escutou o tom da voz alheia:
— Acho que sim, hyung. — Foi o que ele respondeu, sem muita certeza, porém mostrando um sorrisinho mal contido, perdido em seus próprios pensamentos.
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Innocence | Vhope
Fanfiction[Concluída] Sou como você. Não sei de muita coisa sobre a vida. Tampouco sei sobre ele, a mais excepcional personalidade que já tive o prazer de descobrir: o infantilista que sabia muito mais que o suposto cara mais experiente da escola. •Juventude...