29. Me faz duvidar

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Uma blusa branca de linho.

Seria pedir demais?

Não dava pra entender como um guarda-roupas podia sumir com uma peça de roupa dessa maneira. Era tão surreal, que o jovem que agora possuía cabelos vermelhos num tom bastante vivo, acabou desistindo de procurar a peça.

Não queria vestir uma roupa qualquer — ele nunca gostaria disso —, mas também não passaria o resto da manhã procurando a tal blusa.

Acabou decidindo usar uma camisa preta, pra combinar com seu péssimo humor, mas uma calça vermelha, seguindo a vibe dos cabelos.

Era ainda menos compreensível a forma irritada como Taehyung fez tudo naquela manhã de sábado. Já levantou da cama sentindo que poderia tropeçar num fio, cair de cara no chão, quebrar o nariz, ir parar no hospital, pegar uma infecção hospitalar e morrer antes do dia findar.

Estava de péssimo humor. Queria socar uma parede.

Mas será que ódio é um sentimento transmissível?

Essa acabou sendo a única explicação plausível, visto que, quando desceu a escada pequena de sua casa, viu como Seokjin revirava furiosamente uns papéis na estante da sala. Não havia nada no lugar e a bagunça estava instalada até mesmo no visual cansado do Kim mais velho.

— Taehyung, você mexeu nas minhas coisas?! — Foi a primeira coisa que Jin disse ao ver o filho parado no último degrau, surpreso ao ver aquela zona.

Tae suspirou.

Não podia acreditar que iria começar o dia assim.

— Não, appa. O senhor sabe que não mexo nas coisas do seu trabalho. — Já explicou num tom cansado, achando que o outro iria insistir em lhe acusar e não aceitaria aquela resposta.

— Que porra! Onde eu enfiei essa droga desse documento?! — Jin esbravejava, batendo na própria testa várias vezes. — Que inferno!

E dessa vez, sua irritação não parecia cômica como de costume. Era bem realista e intensa. Tanto que o mais novo ficou um tanto assustado, descendo pouco a pouco o restante dos poucos degraus e passando ardilosamente pelos cantos das paredes da sala até conseguir se aproximar do balcão da cozinha.

Taehyung se preocupou e ficou abismado por dois motivos: Seokjin raramente xingava e ao invés de acusar o filho — já que estava chateado com o mesmo —, apenas continuou procurando.

Com as sobrancelhas mais unidas que nunca, Tae pensou em ajudar, mas temeu acabar piorando a situação. Além de que, quando intencionou dar um passo em direção ao mais velho, ouviu a outra voz.

Achei!! — Namjoon apareceu na escada, se pendurando no corrimão e esticando o outro braço. Estava segurando um envelope grande e marrom, que carregava uma quantidade média de papéis dentro.

— AI, GRAÇAS AOS DEUSES!! — Seokjin gritou e saiu apressado, tomando o envelope das mãos do marido para verificar o conteúdo, enfiando a mão ali dentro.

— Estava embaixo do nosso álbum de casamento. — Contou Namjoon, descendo para ir ao encontro do mais velho novamente.

Os olhos de Jin brilharam.

Taehyung já estava encostado ao balcão da cozinha, observando toda a cena à distância.

— Que burro eu sou! Devo ter colocado o álbum em cima do documento ontem, quando peguei pra olhar nossas fotos. — Comentou distraidamente, encarando o envelope como se fosse a coisa mais linda que já viu na vida.

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