26. Alertas previsíveis

558 73 82
                                    

Sexta-feira.

Finalmente o renomado dia estava amanhecendo.

Em sua cama, Seokjin ainda estava acordado. Namjoon, ao seu lado, fingia dormir. Taehyung sonhava que tachinhas de fixar telas estavam lhe perseguindo numa pista de gelatina.

Hoseok dormia tranquilamente, sem sonhos, ao passo que apertava com força o seu Tata de pelúcia. Taemin, ocupando o mesmo quarto, tinha um pesadelo difícil, envolvendo cantos escuros e poças d'água. Enquanto Yoongi, ressonava, dormindo pesado como se tivesse ficado quinze dias sem descansar.

Jimin levantou para ir ao banheiro, imaginando se Jungkook estava dormindo tão mal quanto ele, que a cada hora despertava de seu sono leve. No entanto, o Jeon apenas se conformava em ter somente uma blusa antiga do Park — que ele roubou sorrateiramente num dia qualquer — para lhe fazer companhia no sono tranquilo.

A rua estava em silêncio.

Nada acontecia, ao mesmo tempo em que acontecia tudo.

O sol estava subindo devagar, espalhando aquele calorzinho gostoso depois de uma madrugada excepcionalmente fria.

Naquele bairro, apenas uma mulher possuía um galo, então somente ela pôde escutá-lo cantar bem cedinho, quando tudo ainda estava silencioso.

No asilo ali perto, alguns idosos começaram a se levantar, por conta do costume enraizado de acordar cedo. Um deles imaginou se o "jovem de cabelos de fogo" iria aparecer de novo algum dia.

Quando o relógio marcou sete da manhã, os despertadores de Taemin, Seokjin, Taehyung e Huang Lin soaram ao mesmo tempo.

Este último se levantou praguejando pela dor no pescoço, afinal dormiu todo torto e acordou no susto, já pensando no que iria preparar para comerem naquela manhã. Seu avô havia comido panquecas no dia anterior, então o jovem gostaria de preparar algo diferente dessa vez. Gostava muito de agradá-lo.

Ele pegou a escova de dentes e, enquanto fazia esse trabalho cotidiano, foi pegando uma vasilha e enchendo-a com água. Seu avô gostava de café coado no coador tradicional. Nada de cafeteiras. E Lin gostava de respeitar essa preferência.

O garoto ficava pensando se fazia o suficiente para cuidar do mais velho e sempre sorria ao se lembrar de como ele costumava lhe defender dos outros. O defendeu até mesmo de seus pais, que quiseram lhe mandar pra estudar fora. O idoso havia discutido feio, brigando com o próprio filho e por isso, acabou trazendo o neto para morar consigo, apoiando-o, visto que o Huang mais novo não queria ir embora de jeito nenhum.

Era um amorzinho, o senhor de cabelos brancos. Mas o que tinha de amor, tinha de ranzinza. Lin riu ao pensar nisso.

O homem sempre reclamava muito sobre tudo, mesmo assim, no fim dos dias, agradecia ao Pai por tudo e dormia sossegado, sabendo que tinha um netinho bom, que iria estar sempre ali por ele.

Um estaria pelo outro.

E Lin estava seguro disso.

Assim como Taehyung, no fim daquela rua, estava convencido de que podia contar com Seokjin, mas não naquele dia.

— Não vai nem responder meu bom dia?!

— Ó, hoje eu não tô bom não, Taehyung! Melhor não tentar a sorte! — Jin avisou, pondo mais sal no caldo verde que tinha começado a fazer.

Quando estava nervoso, gostava de cozinhar. Era como um tipo de terapia.

— Appa, mas o que você tem?

— Vontade de dar nessa sua cara, garoto! Sai já da minha cozinha! — Lançou um olhar sério, ainda que não muito bravo.

Tae murchou as orelhas e foi se sentar no sofá, mexendo no celular, enquanto esperava o café da manhã ficar pronto.

Innocence | VhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora